29• Sobre O que Ama

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Ana gostava de pensar que era um espírito livre. Coisa de artista, claro. Mas ela dizia que não se apegava a nada, que ela se adaptava a tudo.

Mas não era verdade.

Sua mãe a conhecia o suficiente para aquilo.

A conhecia a ponto de - com pesar - a declarar como ela era refém do amor.

Logo Ana, que nem sabia como identificá-lo de verdade.

Mas ela era refém mesmo. Só conseguia pintar o que amava.

Ela amava flores.

Então sempre as pintava.

Amava paisagens.

Sempre as pintava.

Amava seus pais.

Tinha várias quadros deles em casa.

Amava seu cabelo.

O retratava o tempo todo, as mechas longas e largas, a cor negra e vibrante.

Ela amava Kate.

E a loira se gabava por ter seu retrato em tela.

E aí ela estava ali, no estúdio, tarde da noite, sentada no chão, em volta a tintas de óleo.

Seus olhos ficaram marejados no instante em que terminou, seu coração apertou de uma forma que nunca havia feito antes e suas mãos chegaram a tremer enquanto ela levava uma delas ao peito, perdendo o ar.

Quando a primeira lágrima caiu sua visão ficou embaçada, mas ainda assim tudo era tão nítido.

O cabelo, o formato do rosto... os olhos. Os olhos que ela reconheceria em meio a um milhão de outros.

Ana se ajeitou, abraçando os joelhos, deixando o pincel cair ao chão sem se importar. Seu lugar feliz e de paz, seu lugar de tranquilidade, quando sua mente estava vazia e seu coração batendo devagar... de repente se remetia a Christian.

Ela não se importou com as lagrimas nao parando de cair e o nó em sua garganta sufocando, porque havia algo mais importante acontecendo em si do que aquilo: tudo havia mudado.

Ela havia feito a única coisa que ela sabia que Christian não perdoaria, fez a unica coisa que uma submissa jamais deveria fazer.

Ana havia se apaixonado.

Era maravilhoso, incrível, o sentimento em seu coração e sua mente se tornando um só e lhe dando um significado tão bonito, finalmente sendo entendido e compreendido. Mas também era extremamente sufocante, porque a consequência seria catastrófica. Ela não poderia experimentar aquele amor. Sabia que não seria permitida vivê-lo.

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