O som alto da música ecoava ao longe mostrando que a festa seguia a todo vapor, mesmo se aproximando do fim. E com isso, ninguém havia notado a falta dos dois. Enquanto César dirigia segurava o tempo todo a mão esquerda dela e, ás vezes levava a até a sua boca para beijá-la. Queria através de gestos simples que ela soubesse que ele estava com ela, em tudo e para tudo. A dor que Helena sentia era sufocante, ás lágrimas excessivas em seus olhos lhe impedindo de enxergar melhor a movimentação pelas ruas, mas quando ela percebeu que estavam próximos a praia ela se agitou.
Helena: Para aqui...
César: Mas aqui tá escuro, meu amor.
Helena: Só um pouquinho, preciso respirar... Estou me sentindo sufocada.
Mesmo ela não querendo ir para a casa naquele momento, César estava fazendo o caminho que os levava para a mansão, já se aproximava da meia noite quando ela pediu para parar. Ele dirigia próximo a orla da praia, assim que parou o veículo, Helena tirou o cinto e desceu o deixando para trás.
César: Espere Helena, é muito perigoso. Ele gritou, mas foi em vão. Ela continuava a caminhar.
Helena tirou as sandálias e afundou os pés na areia fofa e fresca. A praia estava escura sendo iluminada apenas pelas luzes dos postes próximos dali e da lua cheia que brilhava no alto do céu. Sentia a brisa bater contra seu rosto, fazendo seus cabelos voarem.
César vinha logo atrás segurando os sapatos nas mãos. Alcançou Helena e andando ombro a ombro ele entrelaçou os dedos nos dela enquanto caminhavam na beira da praia de mãos dadas. O vento cantava em seus ouvidos, e o mar batia incansavelmente na costa, seu som límpido aos ouvidos pareciam um mantra de paz e calmaria a quem soubesse ouvir e sentir. Era quase palpável em suas mãos como um colete salva vidas em meio a um naufrágio.
A lua brilhava majestosa e elegante, chegava a ser tão radiante quanto a estrela, o sol. Era belo de se ver tudo parecia inundar a visão de Helena que já não mais chorava. A luz reluzente nas águas agitadas do amplo mar em sua frente parecia mágica, podia sentir a eletricidade pura correndo e brincando enquanto formigava e tocava a pele desnuda dos pés delicados. Caminharam molhando os pés na água gélida, gostosa para aquela noite quente de estrelas e céu limpo. Outrora seus pés pisavam em conchas ou pedrinhas, era como pequenos beliscos vividos. Helena suspirou, exausta dos últimos acontecimentos e de suas próprias confusões, enquanto César apenas a observava em silêncio acompanhando cada movimento feito por ela.
Ela avista uma pedra logo à frente e andando em passos largos, ela puxa César pela mão. Assim que alcançou o rochedo, sentou-se na grande massa de rocha escura e fixou o olhar para a imensidão preta e líquida que se movia agitada, a maré agora alta. Queria se tornar mar, queria saber entender e resolver todos os problemas que insistentemente lhe confrontavam diariamente. Desejava voltar ao passado e fazer tudo diferente, mas se questionava internamente, talvez se tivesse sido diferente não estaria hoje com seu grande amor e com seus dois tesouros dentro de seu ventre, não seria mãe do Lucas, ou talvez não seria hoje quem é, todo sofrimento foi fundamental para o crescimento e amadurecimento necessário para enfrentar todos os obstáculos e surpresas impostas pelo destino, algo dentro dela gritava dizendo que os dias eram exaustivos, porém belos e esperançosos. César que estava em pé ao seu lado, se sentou e passou o braço por cima do ombro abraçando-a. Contemplando a mesma vista que ela, ele passou a alisar o braço de Helena numa forma carinhosa demonstrando todo seu afeto, amor e cuidado. Ficaram mais um tempo observando e sentindo tudo ao redor. Sentindo o vento, o mar, a lua, sentindo todas as sensações que lhes eram permitidos naquele momento.
Helena: Posso te pedir uma coisa? Ela pediu virando a cabeça para o lado dele, e o olhou com os olhos vermelhos, cheios de lágrimas.
César: O que você quiser, minha vida. Sorriu terno, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
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A Família
FanfictionO grande reencontro de Helena e César após 15 anos separados renderam diversos sentimentos, e após muita luta e determinação, ambos conseguem cicatrizar as feridas abertas e se entregar para o verdadeiro amor, que por muitas vezes parecia estar ador...