A agitação de César era visível. Seu semblante refletia a luta interna entre os diferentes papéis que ele desempenhava: o pai amoroso e protetor, mas também o homem preocupado com as expectativas da sociedade e sua própria moralidade. Helena observava silenciosamente, compreendendo a tormenta que afligia seu marido. Ela sabia onde a questão chegaria e estava acostumada, sabia exatamente como orientar os jovens, pois, vivenciava isso diariamente no colégio.
Conhecendo bem o marido, ela sabia que era um momento delicado, que exigia sensibilidade e paciência. Com um gesto tranquilo, ela se aproximou de César e o segurou pela mão, buscando acalmá-lo. Com todo seu charme, ela deu uma piscadinha e o direcionou para seu quarto.
No quarto, Helena fechou suavemente a porta, criando um ambiente de privacidade. Ela olhou nos olhos de César, buscando confortá-lo com seu olhar acolhedor. César parecia tenso, com a mente ainda atormentada pela inesperada pergunta de Marcinha. Helena pousou uma mão sobre o ombro dele, transmitindo-lhe apoio e compreensão.
Helena: Querido, você está bem?
César assentiu, mas seus olhos traíam sua agitação interior.
Helena: Sei que foi uma pergunta inesperada, mas precisamos conversar sobre isso. Você está pronto?
César respirou fundo, buscando acalmar os pensamentos tumultuados em sua mente.
César: Sim, estou pronto. O que me deixa nervoso é saber o que tem por detrás da pergunta dela.
Helena: Como assim?
César: Ora, Helena. Não se faça de boba... Tenho certeza que a Marcinha está pensando ou querendo transar.
Ele foi direto e Helena sentiu o peso das palavras proferidas por ele. Sabia que, embora difícil, essa conversa era necessária. Marcinha já era crescida, e eles precisavam estar prontos para apoiá-la e guiá-la.
Helena: César, eu entendo sua preocupação. Mas não podemos deixar que o medo nos paralise. Temos que ser fortes e enfrentar essa situação juntos.
César: Eu não gostaria que ela soubesse oque houve conosco?
Ela entendeu perfeitamente o que ele não disse. Sabia o que estava passando na cabeça dele.
Helena: Seu passado não define quem você é agora. Você mudou, evoluiu. E como pai, está comprometido em proteger e orientar nossos filhos da melhor maneira possível.
César: Não sei o que pensar... O que dizer.
Helena: César, eu entendo o seu medo. Eu também me preocupo, mas precisamos estar ao lado dela. Precisamos criar um ambiente em que ela se sinta segura para falar sobre essas coisas conosco, sem medo de julgamento ou repreensão. E não podemos esquecer que a Márcia já tem dezoito anos.
César: Eu sei, Helena, mas... é difícil. Quando penso na Marcinha, ainda vejo aquela menininha que segurava a minha mão para atravessar a rua. Saber que ela está crescendo, que está começando a pensar nessas coisas... é assustador.
Helena: Hahahaha. Soltou uma gargalhada contagiante, alta e prolongada. Parece que estou vendo o meu pai... quando eu perdi minha virgindade, ele quase me matou.
César: Não foi bem assim...
Helena: Foi sim, senhor. Você não estava lá para ver... Lembro-me dele me colocar de castigo por um mês, não queria ver você pintado de ouro na frente dele.
César: Nossa, faz tanto tempo... Disse nostálgico.
Helena: Faz sim, porém eu me lembro como se fosse ontem. Foi um dos momentos mais lindos da minha vida. Foi ali, naquela casa em Ipanema, que eu soube que te amava.
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A Família
FanfictionO grande reencontro de Helena e César após 15 anos separados renderam diversos sentimentos, e após muita luta e determinação, ambos conseguem cicatrizar as feridas abertas e se entregar para o verdadeiro amor, que por muitas vezes parecia estar ador...