Próxima Estação...

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Depois de semanas, o fim do meu estágio chegou.

Mesmo sabendo que ele ia acabar cedo ou tarde, ainda não estava preparada para dizer adeus. O que, no final das contas, tinha me provado o quanto eu gostava dessa profissão. Ou seja, esse estágio tinha servido seu propósito de me fazer escolher.

Bloody, como sempre, estava chuvosa conforme eu guardava as últimas peças de roupa dentro da minha mala. Meu segundo despertador do dia tirou momentaneamente minha atenção da luz refletida pelas gotículas de água.

Me debruçando sobre a cama, desliguei o alarme com um suspiro. 4h30 da manhã. Eu realmente não era uma pessoa que gostava de acordar cedo, mas para minha tristeza, os trens de Bloody saiam apenas as 6h da manhã. 

Meus olhos passaram sob a barra de notificações, retendo poucas informações. Previsão do tempo, notificações de redes sociais, alguns emails de spam... Apenas uma teve a minha atenção: uma mensagem de Lucas.

Abri na mesma hora, mesmo a mensagem tendo sido mandada a quase 30 minutos atrás, e li com cuidado. "Bom dia, Méli! Tudo pronto para a viagem?"

Meus dedos voaram no teclado, o respondendo de forma rápida. "Bom dia. Quase tudo pronto, só estou acabando de arrumar as malas."

Quando apertei 'enviar' o ícone de Lucas imediatamente apareceu online. Foi apenas contar os segundos que demoraria para ler minha mensagem antes que os três pontinhos sinalizassem que ele estava escrevendo sua resposta.

"Chloe disse que nosso trem sai as 6h, né? Quer carona?"

Meu coração se apertou, e por algum motivo lágrimas estúpidas começaram a arder atrás dos meus olhos. Me afastei do celular por alguns segundos, respirando fundo enquanto olhava para o teto do quarto, antes de voltar minha atenção e escrever a minha resposta.

"Claro :)"

E em menos de 30 minutos, a buzina de Lucas tocou na frente do hotel. Me apressei em fechar a mala e passei os olhos uma última vez pelo quarto, me certificando que não tinha esquecido nada.

Quando cheguei no lobby, e entreguei a chave do meu quarto ao garoto estranho que vi atrás da bancada algumas vezes durante minha estadia. Acho que não é muito fácil achar pessoas dispostas a trabalhar por esses cantos...

Ele me deu um sorriso estranho, bem similar ao que me deu nos dias que estava aqui. E assim como todas as outras vezes, devolvi um sorriso sem dentes - claramente desconfortável - antes de sair do hotel.

A chuva estava mais pesada agora, as gotas gordas caiam na minha cabeça e meus ombros e se arrastavam de maneira preguiçosa por meu corpo. Parecia que Bloody Rise estava se despedindo de mim também.

Outra buzina se soou do carro de Lucas me fazendo olha-lo imediatamente. A janela do passageiro abriu, revelando o cabelo platinado do meu irmão mais velho. Meus olhos custaram a focar no banco do passageiro, a chuva deixando minha visão borrada, até que pudesse ver Maria atrás do volante. Ela apenas acenou com a cabeça para mim, antes de voltar a focar na rua com um certo desinteresse.

- Melhor entrar logo, sorella. Ou vai ficar enxarcada. - Lucas disse como comprimento.

A porta se abriu por dentro, revelando Chloe sentada atrás de Maria. Ela disse um "Bom dia!" muito entusiasmado para alguém que acordou as 4h da manhã, mas me convidou para entrar e sentar do lado dela.

Com certa dificuldade, encaixei minha mala no assento do meio, e entrei logo em seguida. Mal tive a oportunidade de fechar a porta quando Maria pisou fundo no acelerador, ignorando completamente as ruas molhadas de chuva, e nos pôs em direção à estação.

A Verdadeira História de Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora