1 - Prologo

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Não pretendo escrever aqui a respeito somente de mim ou do meu passado, digo isso por que, o meu eu está preso ao real-passado, embora seja relevante em alguns aspectos esse eu já vivenciou um pouco do mundo já conhecido, já descoberto e já avançado. Meus estudos, minhas viagens, meus conhecimentos sobre outros planetas pouco importam, pois agora lhes relato a respeito desse planeta, o mesmo planeta antes de tudo, antes até mesmo de minha existência, ou da nossa... Isso vai depender em que ano você está lendo isso. Caso esteja no mesmo período que eu, devo admitir que caso eu não esteja morto estarei ainda aqui, exatamente onde me encontro sentado em quarto a luz de vela no território que futuramente virá a ser a Inglaterra.
Pode-se até mesmo transparecer que isso pareça um pedido de ajuda, mas não se iluda, estou bem e feliz, ansioso para voltar à Escandinávia. Creio que a essa altura eu nem pense tanto no meu passado, que também é o meu futuro, e sobre o futuro que também virou meu passado o mantenho no passado. Os relatos descritos falarão a respeito do hoje, do agora, não de minha viagem à Marte, não sobre a tecnologia ou naves espaciais e sim tudo o que se ausenta disso, tudo o que havia antes disso. Sobre mim como dito pouco importa, sobre o ontem? Pouco importa. Vamos falar do hoje...

PROLOGO

A animosidade tomava conta do ambiente de modo contagiante, voltar para casa era algo que mesmo que não falassem constantemente era um sentimento de felicidade inevitável. A nave estava viajando com um pequeno grupo de astronautas, aquela tripulação viajou durante 446 dias, e foi um sucesso de longe, o mais distante, já feito pela humanidade era um marco para possíveis futuras viagens intergalácticas.

Nina está sentada, mexe constantemente nas unhas tentando conter sua ansiedade, ela estava um pouco assustada, todos estão, a decolagem do planeta vermelho rumo a terra não fora muito tranquila e quase que não estaríamos aqui, mas isso foi há quase 440 dias atrás e mesmo assim todos pareciam reflexivos sobre o que poderia ter dado errado. Felizes, porém ainda assustados com a aventura do improvável, que também se tornara agora provável.
Me sento ao seu lado com um leve sorriso estampado na face e seguro sua mão agitando-a.

— Está pensativa de mais — falei mordendo os dentes num sorriso.

— Ah Zach, você não sabe o quanto quero chegar logo em casa ver meus filhos... Sentir o cheirinho deles. — Ela ajeitou os pequenos fios dos cabelos curtos e pretos atrás da orelha, eu quem cortei seu cabelo a última vez. — Só de pensar que quase ficamos presos em Marte

— Ah, mas o pior já foi. — Falei tranquilizando-a

— Estarei tranquila quando estivermos em solo terrestre — disse ela se levantando e em seguida bagunçou meus cabelos — e você, como se sente? Como se sente sabendo ser o garoto mais novo a realizar uma viagem para um planeta diferente?

— Mais novo e latino — disse Wes entrando na sala pequena onde estávamos — Imagine o país de onde sua mãe vem, devem estar ensandecidos, fazendo um verdadeiro... Como é nome daquela festa?

Carnaval. — Falei ajeitando os cabelos discretamente.

— Isso! Um carnaval, só para você. Garoto prodígio. — Ele deu uma pausa — Por onde anda Ana e o senhor Mckoi?

Se pegando em algum canto da nave, supus.
Ana Versalhes e Willian Mckoi estavam exalando uma certa intimidade que fingíamos não ver. Para ambos pareciam estar vivenciando uma lua de mel às escuras da tripulação, como se ninguém soubesse, ao invés de uma missão a Marte. Ninguém ali dentro concordava com aquele caso amoroso, mas todos consentiam para evitar conflitos.
Wes era o mais velho da turma de aventureiros astronautas, e também um grande amigo de meu pai, ele foi o leque de oportunidades e incentivos para eu estar onde estou. Quando mais novo eu fui de fato um garoto prodígio, ou ainda sou? Me pergunto. Comecei a andar aos oito meses, com um ano eu já sabia falar, aprendi a ler com três, tudo muito rápido, tudo muito antes, logo meu pai me colocou em uma escola de crianças superdotadas de Londres, tive sucesso na escola, em campeonatos de matemática, xadrez, até que finalmente decidi que queria saber além da vida na terra e Wes foi o grande incentivo, lembro bem que quando esse meu lado despertou foi após o meu aniversário de 12 anos em que ganhei um telescópio de Wes, aquele se tornou meu presente favorito.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora