1 - A Ceia

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Nina parou ao meu lado me dando um leve esbarrão.

— Seu namorado daria um bom historiador, seu pai iria amar ele.

— Meu pai iria amar tudo aqui — falei a olhando.

Ela segurava a bandeja de alumínio com o seu tal Pudim coberto por um pano para que não caísse nada em cima. Ergui as sobrancelhas um tanto surpreso.

— Vou entregar para as crianças, acredito que não vai dar para todo mundo, mas... Bom tem bastante comida quem comer comeu... — riu.

Nina passou entregando um pedaço a cada um, ela embrulhou o pudim em trouxinhas de folhas verdinhas, o seu pudim parecia com uma textura diferente, mais endurecido, porém macio e a cor parecia semelhante. Ela foi entregando cautelosamente enquanto Einar contava a história, em seguida entregou um pedaço ao Einar, algumas mamães e outros homens quiseram também, mas não todos, por fim sobrou.
Einar provou, na verdade devorou rápido o pedaço.

— ... E Odim se lembrou que estava faminto depois da batalha, comeu o melhor prato que já havia visto em todos os tempos — Einar disse segurando um mísero pedacinho de pudim no ar, espetou o mesmo na ponta da adaga — Feito por uma bela dama, ele devorou tudo — Abocanhou e de boca cheia olhou para as crianças de olhos arregalados que riram. — E vocês também parecem famintos... já para mesa!

Ergueu os braços no ar como se fosse um monstro e rangeu os dentes. As crianças se levantaram rapidamente correndo para mesa, e aos risos todos se dispersaram rumo aos assentos, outros ao som que começara a tocar dançando pelo salão.

Em todas as vezes na qual vi algo com o contexto dos povos escandinavos, eles sempre eram narrados como pessoas que usavam elmos de chifres na cabeça e couro nas roupas, mas na verdade não, eles eram bem comuns, embora o couro fosse usual e as vezes eles se fantasiassem de animais usando chifres de cervo em chapéus para correr atrás das crianças, aquilo que descrevam no cinema não era uma verdade absoluta.

Aqui a moda maior do que espadas e machado era a lã, e peles animais nos ombros. Einar está vestido de uma maneira diferente, e até me surpreendi com a vestimenta refinada.

Ele usa uma roupa de mangas longas e largas de lã branca, e por cima da mesma uma camisa de mangas curtas de lã na mesma qualidade, por cima um colete branco talvez feito de lã, eu não sei, mas com um bordado impecável. Um bordado dourado com molduras adornadas, como o de um rei inglês e não duvido que esse traje tenha sido de um. Além disso uma coroa circular na cabeça, como se fosse um anel grande e largo, mas com quadrados sutis e emoldurada, os cabelos estão soltos e limpos caídos na altura dos ombros e a barba levemente aparada e escovada, ele tirou a parte de baixo de sua barba que antes amarrava com uma liga e uma pequena trança de dois gomos, a barba parece mais rente em seu rosto bonito, usa calças marrons e a mesma bota de pele animal, com uma certa felpuda pelagem clara nos tornozelos, além disso está sem seu cinto de utilidades onde prende as machadinhas na cintura mas ainda sim usa uma espécie de bainha onde colocou sua adaga, nos ombros uma capa de pele animal, felpudo, o leve alaranjado de alguma raposa, que combina com o bordado dourado e a calça amarronzada. Seus dedos que repousam nos braços do trono de madeira e estão com anéis, vários um em cada dedo, e não consigo não imaginar que isso não venha de ilhas saqueadas pelos seus povos, ou talvez eu esteja o julgando mal, afinal tudo o que sei é tudo o que vi no futuro, mas não o que presenciei aqui, e muita das coisas que dizem no futuro estão enganados e acredito que isso que me fez ter tanta dificuldade no início. Agora reparando bem, não só em sua roupa como na de grande maioria eles são comuns, com um estilo próprio, cabelos barbas grandes, mas são vaidosos nas entrelinhas, gostam de escovar os cabelos, as barbas e fazer coisas como pintar o rosto até mesmo as mulheres usam maquiagem tão qual como alguns homens para que fiquem ainda mais “bonitos” se é o que buscam. Mas esse capricho não é algo comum entre todos muitos aqui não gostam de pintar os olhos ou o rosto.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora