1 - Aquecido

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Ele demorou longos segundos, eu bebi quase todo o hidromel, mas logo retornou com um montante de peles e cobertores e jogou ao chão, ao meu lado, escutei ele respirar fundo. Agora vestia uma camisa de linho cru clara, com mangas longas e largas, calças do mesmo tecido, com os pés descalços sob o chão de madeira.
Dei a ele o copo-chifre vazio e ele levou até a mesa, em seguida voltou. Me levantei ajudando-o a forrar o chão, pensei que iríamos dormir cada um no seu canto, mas não, ele fez um único colchão de pele.

— Pode descansar, eu... Ficarei de olho.

— Ora, você disse que não estava aflito.

— Não estou. O quê? Quer que eu me deite com você, parece que está mudando de ideia rápido...

Fiquei abruptamente sem graça e envergonhado, não foi o que quis dizer.
Não o respondi, tirei as botas, elas estavam matando meus pés, eu nunca iria me acostumar com aquela espécie de solado reto que não tinha a curvatura dos pés e causava um desconforto entanto. Tirei a pele dos ombros e me levantei tirando o colete de couro que estava vestindo e pegara emprestado de algum dos homens de Einar.
Ele ficou quieto, fingindo não me ver olhando para a brasa, então tirei a calça ficando somente com o calção de linho e como a camisa de linho era cumprida também, a mesma me cobria quase como uma camisola feminina e folgada.
Joguei o cobertor que outrora estava em meus ombros nos ombros de Einar
Me deitei me enrolando na coberta e aquele montante de peles de animais macias. Devo admitir que a falta de uma amaciante nas cobertas fazia toda a diferenças, não eram fedidas, também não eram cheirosas. Acho que eu estava o olhando muito, e ele que acariciava o próprio ombro deve ter notado de soslaio.

— Não precisa temer, não farei nada com você. — disse ele passivelmente.

— Sei que não fará — disse

— Como pode ter tanta certeza? Posso fazer a menos que não quer queira — ele completou

E mesmo sem querer eu ri.

— Só estou sem sono.

Deu um leve resmungo e me olhou se virando para mim, observei seus pés, que estavam sem sapatos, eram grandes como suas mãos que estavam repousada em sua coxa ligeiramente com pelos como as costas de suas mãos fortes. As unhas estavam cortadas e isso me impressionava, no fundo Einar tinha certa vaidade e não só isso, o povo daquele tempo tinha uma vaidade inenarrável.
Nos filmes são diferentes retratados como povos sujos, selvagens, mas não. Eram limpos, gostavam escovar os cabelos, de até mesmo educação para as crianças, eram povos com vida comum, como quaisquer outros povos, em suma bem aventureiros, talvez isso que os diferenciava.
Einar soltou os cabelos que estavam presos e os mesmo caíram sob os ombros, a altura real sem tranças ou aparatos presos, e aquilo era outro capricho que combinava com ele, pois esses cabelos estavam sempre bem cuidados, nunca tão sujos, na verdade não me recordo de vê-lo com os cabelos sujos, ele passou as mãos no centro da cabeça tirando os fios que foram em direção ao rosto, os jogando para trás e os fios rebeldes se pariram no meio insistindo em cair sob a lateral dos olho, então esses fios, ondulados e lisos ele colocou atrás da orelha e lá estava outra cicatriz que nunca vi, sua orelha tinha uma profunda marca de pele regenerada.

Se Einar não fosse tão atraente como ele era, eu diria que ele seria um monstro, mas o problema dele é que ele é um tipo: alto, forte, cabelos e barbas cumpridas talvez não aparados corretamente, mas bem-cuidado.
Tentei desviar o olhar, mas o os olhos azuis dele encontraram os meus antes e subitamente nervoso sorri, tentando não o olhar.

— Fale-me do seu reino Futuro?

— O que gostaria de saber? — perguntei

Ele pegou sua adaga que estava próxima e talhou a madeira do chão, cutucando a mesma.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora