Parte 5 - Dísablót

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Semanas se passaram feito um fio lento, e eu estava preocupado tentando juntar moedas de prata o suficiente para convencer o filho do ferreiro Sigurd a forjar mais armas, ele fez uma recusa, falou que faria somente mediante ao pagamento imediato, e eu não teria as moedas para pagá-lo de imediato, então talvez fosse levar muito tempo até conseguir uma boa quantia que ao menos suprisse o valor combinado para que ele aceitasse a proposta de forjar comigo novamente.

Nina e eu estávamos dentro de nossa Choupana, antes dormíamos em cabanas, mas Nina com seus dons persuasivo conseguiu a choupana que fora um presente de Kalef, me pergunto se ele matou alguém que era dono dela outrora. A Choupana de palha e madeira não ficava entorno da residência de Einar, estava montado junto de outras Choupana em uma das áreas mais afastada da vila, onde havia uma sequência de tendas largas, choupanas de palhas e madeira firme e fogueiras feitas na frente das mesmas, um assentamento de escravos, Eric e Astrid geralmente ficavam aqui as vezes conosco, com a chegada do inverno frio era intenso de mais e uma choupana era o suficientemente confortável para todos, menos caso chovesse. Nina estava parada em minha frente, segurava em seus lábios uma agulha de costura com um fio de linho marrom preso, enquanto se mantinha concentrada tentando ajustar o colete de couro preto em cimas da camisa de linho larga.

— Você está mais corpulento, sorte a minha ter colocado essas cordinhas — disse ela um pouco irritada — Se eu perdesse todo esse couro eu ficaria zangada.

— Não seria culpa minha — falei enquanto mordiscava uma maçã.

— Bom, aqui na altura do peito vai ficar um pouco aberto, mas isso porque você ganhou músculos rápido. — Deu uma pausa — Foi difícil conseguir esse couro, foi Kalef quem me deu, é pele de foca... Nenhum escravo anda com pele de foca por aí, mas você, você será diferente...

— Ficou ótimo. Kalef tem te dado muitas coisas né? Couro de foca, tecido velho para uma tenda, choupana usada... — falei num tom malicioso

— É, mas ainda sim são restos, tive que remendar esse tecido velho durante quase uma semana. Eu tenho me distraído muito com costuras e com estudos medicinais, queria tecer lã para você, mas nesse caso não dá, um escravo com roupas de lã seria algo deplorável, digo você soa de mais suja muito rápido as roupas, pelo menos o linho é mais prático e seca rápido nesse tempo ruim e frio.

— Oh, Nina, você é como se fosse minha mãe — ri em seguida olhei para sua barriga que já estava emergindo pelo tecido.

— Pronto, venha Jack Frost, deixe me trançar esses seus cabelos quase brancos feito neve, sente se aqui...

— Brancos estarão os seus logo-logo... — falei e ela riu

— Esse louro aqui é único, iguais o de seu pai né? Me lembro dele.

Me sentei em um caixote, ela se posicionou atrás de mim, os fios estavam cumpridos um pouco abaixo da orelha, ela pegou os fios de uma das laterais fazendo duas tranças pequenas e embutidas na raiz, deixando o restante solto, mas logo amarrou tudo em um pequeno coque. Estávamos nos arrumando pois hoje era o dia de comemorar o fim da caçada, pois inverno chegaria oficialmente em breve (apesar de já estarmos no início do inverno), então haveria comemorações, mesmo que isoladas por todo o vilarejo, e nós escravos estávamos organizando a nossa comemoração de Dísablót. Um pouco antes do cair da noite fora feito um sacrifício a Disir e também a entidades chamada Draugr (que eles temiam), onde mataram cerca de 9 animais como sacrifício no centro do vilarejo, os estriparam e penduraram em estacas de madeira para onde o sol se põe, para que espíritos daqueles que já se foram sejam amansados, esse feito foi efetuado com os membros do vilarejo, mas Nina e eu ao sabermos do show de horrores preferimos não ir, e ainda sim deu para ouvir os gritos dos animais sendo estripados vivos.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora