2 - Noite

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Quase todas as vezes na qual eu ia dormir eu pensava com seria minha volta para casa se eu não tivesse sido transportado para o passado, com seria o abraço de minha mãe, os beijos doces de Davidson, o carinho de meu pai, os olhares orgulhosos de todo o mundo sobre nós.

Me desperto quando a noite chega, o ruim de dormir em cabanas e choupanas é que a mudança brusca de temperatura é notável, não que a mudança do clima tenha me despertado, na verdade esse meu despertar estava relacionado a Ana, mas quero ressaltar que esse problema com a temperatura era algo muito incomodativo, eu não sabia que o norte podia ser tão frio a ponto de a pele arder. Ana deu leve batidinhas em minha face me fazendo abrir os olhos embaçados, embora fosse apenas um cochilo o sono fora pesado, a olhei de modo atónito e confuso, ela deu um sorriso.

— Levante, vamos, vamos comemorar e celebrar a vida antes da batalha que logo virá, sairemos ao amanhecer, mas hoje temos uma noite toda de hidromel de graça na Taberna.

— Não, obrigado — resmunguei sonolento. — Pegue mais uma manta para mim, estou com frio.

Fechei os olhos me virando na rede, houve segundos de silêncio, já estava quase retomando ao cochilo quando um copo de água fria fora me lançado no rosto, me levantei abruptamente assustado. Ana me olha segurando o copo de madeira.

— Vamos logo, se vista com algo menos... Menos linho cru.

— O que quer? Não tenho roupas... — falei irritado secando o rosto com a mão

— Então vamos logo.

Disse ela logo saindo, a segui em seu encalço, não importa aquela roupa estava limpa. Eu não queria ir, porém sabia o quão Ana era irritante e insistente.

— Nina?

— Está com Kalef, acha que eles são um casal?

— Eu não sei, as vezes sim, por hora não.

Ela riu gostando da resposta em seguida seguimos para o centro do vilarejo, a taberna de longe já estava lotada, de novo a cena que já estava por se tornar comum de homens e mulheres selvagens reunidos, alguns com face pintada, outros encardidos de fuligem de carvão, alguns gritando com seus vozeirões, outros já dormiam nas cadeiras ou nos montes de feno, a noite mal havia chegado a celebração antes da guerra parecia ter começado mais cedo do que esperado. Ana entrou se misturando com os guerreiros, ela agia feito eles rosnando os dentes gritando e rugindo para alguns que rugiam de volta. Em seguida ela notou Arne, e um rosnou para o outro mostrando os dentes, em seguida um abraço de urso, ele até mesmo a ergueu em seus braços fortes rindo, usava um elmo na cabeça na qual ela batucou. Após aquele cumprimento bravio ela me olhou, eu estava parado apenas analisando o ambiente e ela e Arne vieram a meu encontro.

— Você?! — disse ele em espanto — você veio!

— Já se conhecem? — indagou Ana.

— O encontrei hoje cedo — disse.

— Arne, ele quer ir a batalha o que acha?

— Um escravo guerreiro? Vai sangrar feito um bezerro em um sacrifício aos deuses, mas vai viver — respondeu Arne tocando em meu ombro com um sorriso.

— É o que acha é? — indaguei.

— É o que vejo, mas antes deve pedir ao seu mestre — ele indicou Einar que estava parado mais ao longe ponderando-me — Mas antes vamos ver com quantos hidromel você andará com os ventos soprado dos gigantes.

Dei um riso suave olhando para Einar. Ele estava vestido com sua capa de urso nos ombros, presa na altura dos peito com um broche brilhoso e descamisado naquele frio danado, seu rosto estava com uma tintura preta na região dos olhos, como uma máscara que destacava seus belos olhos azuis, em seu peitoral também havia uma tintura, essa vermelha e talvez fosse até mesmo sangue que se seguia em formato de um X entre os pelos eriçados de seu peitoral, como se houvesse um alvo e este alvo fosse seu próprio coração. Seus machados Randgríðr e Randgrid, estavam nas costas, presos por uma liga de couro que cruzava seu ombro e seu peito. Na calça de couro preto, na região das cinturas duas machadinhas menores, e na bainha uma adaga, ele assim como os outros homens estavam vestidos para a batalha, e partiriam ao amanhecer, minha única chance de ir estava ali, mas me contentei em bebericar hidromel com Arne antes, precisava de um pouco de coragem.
Assim fizemos, sentamos eu, Arne, Ana que me apresentou seu treinador Basim, que não tinha lá uma afeição muito boa, além de uma cicatriz profunda que cruzava a pele de seu rosto carregava uma expressão carrancuda, mas no final das constas era um homem simpático, e Arne roubou bons risos dele, na verdade de todos nós. Logo sobrou apenas eu e Arne com suas piadas, Einar hora ou outra estava ponderando-me com olhares vigilantes como se estivesse incomodado, e eu bobo nem nada estava ficando satisfeito de vê-lo se incomodar.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora