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Dado instante água começou a entrar na cabine, inundando nossos pés, o que se era estranho uma vez que a boia era para nos deixar à deriva dentro daquele Modulo Terrestre.

— Isso não era para acontecer — disse Wes confuso.

— Talvez a boia não tenha funcionado — sugeriu Willian

— Vai por mim — resmunguei me levantando — Se não tivesse funcionado estaríamos no fundo da água.

Ou será que estamos?

— Droga! — disse Wes observando o painel de controle — Nada está funcionando, GPS, o painel nada, mas a boia está acionada e parece que não vai funcionar por muito tempo... Vamos ter que sair.

— Sair?! — exclamou Ana — É loucura, podemos estar no meio do pacifico.

— É isso ou morrer afogado aqui dentro — rebateu Nina.

— Lembrem-se das aulas de nado — murmurou Wes — não foram atoa.

Todos concordamos rapidamente em sair, e não pegar as mochilas com nossos pertences por medo da profundidade da água e também de afundarmos em caso de extrema exaustão, talvez a capsula já estivesse submersa, ou parcialmente submersa, afinal a água adentrava aos poucos. Tiramos nossos trajes pesados, mesmo que estivéssemos no meio do pacifico de certo que já havia aeronaves do lado de fora ou a caminho.
Pendurados ao lado das nossas mochilas marrons havia coletes salva vidas, mas o mais frustrante foi que todos haviam sido rasgados ao meio por conta da placa de metal desgovernada na hora da queda.

— Ah droga — disse Nina ao se dar conta — Tomara que eles não demorem no resgate.

Wes segurou um dos coletes com um olhar lamentável.

— Vamos torcer para termos sorte — falei baixinho.

Wes destravou a porta, todos sabiam que ainda sim, aquela decisão era um enorme risco, pois poderia entrar ainda mais água, um suicídio de certo ou uma única chance de salvação, quando a porta se abriu a água adentrou abundante junto de um clarão dos céus, que me cegou por um instante, mas não fora tanta água como imaginávamos, embora o Modulo estivesse afundando e sendo inundado emergiu, e depois afundou instantaneamente, mas antes saímos um a um pulando na água, estávamos boiando no mar, felizes, mas com olhares preocupantes, a água estava gelada e eu podia jurar um esquecimento de como a água natural da terra era fria. Willian fazia piadinhas sobre ser isca de tubarões, o que não deixava ninguém tranquilo, mas preferíamos rir da situação.
Estávamos num meio azul, as ondas estavam fracas e quase não havia correnteza, ao longe talvez há uns dois quilômetros havia uma encosta. E estranhamente a ausência das naves de resgate me tornou uma preocupação, revelando não ser só minha, mas de todos os outros.

— Conseguem nadar em torno de um quilometro e meio? — apontei a encosta ao longe.

— Melhor do que ser isca — insistiu Willian em sua piada tomando a frente.

Wes parecia não concordar, seus olhos diziam aquilo, mas qual alternativa teria? A capsula já estava completamente afundada, estávamos parados ali há uma 3 minutos, nossos corpos se cansariam e afundaríamos de exaustão, começamos a nadar, eu acompanho o ritmo de Nina e Wes, pois tinha uma certa preocupação com ambos, Wes vivia reclamando de dores nas costas e nas pernas, uma câimbra em alto-mar podia ser fatal, embora ele fosse o melhor instrutor de nado que eu tivera, e Nina acompanhava-nos por também ter uma certa preocupação. Quanto a Willian: ele era um garotão cheio de gás e fôlego, e a Ana tinha bons hábitos com exercícios físicos mesmo que, assim como Nina, já tivessem pouco mais de meia idade, ambos foram os primeiros a chegar na praia de cascalhos escuros e mesmo longe era possível ver os dois brincarem e pularem em solo firme alegremente, agitados correndo felizes, aquilo nos deu um gás de ânimo, sem mais pausas nadamos e nadamos de pressa até chegar em terra firme.

Me deito sob o cascalho fino ao lado de Wes e Nina sentindo a água rasa encostar gelada nas costas através do vai e vem sutil das ondas que banhavam nossos corpos cansados, eu seguia olhando o azul do céu e os condores que giravam e giravam ainda mais alto que as nuvens cinzentas que começavam a se acumular no céu azulado, que saudades que eu estava do planeta terra! Wes deu uma gargalhada alegre e contagiante e Nina também deu sua gargalhada triunfal e por fim eu, eu nem acreditava pisar em solo terrestre, estarmos vivos, mesmo que estivéssemos perdidos o pior já havia passado, a missão foi concluída e um grande sucesso.

Olhei meu relógio de pulso em o mesmo estava parado em dois, dois, dois, (duas horas e vinte e dois) provavelmente agora devia ser três da tarde, tiro o mesmo do pulso dando algumas pancadas para que voltasse a funcionar, e nada. Me levanto cansado do nado, e com forças o suficiente para vibrar mais um pouco a nossa chegada, ajudei Wes a se levantar, em seguida estendi a mão a Nina, era uma praia formada por uma baía rochosa com gramíneas, uma espécie de Fiorde bem amplo, eu já havia visto lugares bélicos do espaço, mas nada é tão bélico quanto ao solo terreno. Will e Ana haviam sumido, olhei a nossa volta ao longe, e nada de ambos aparecerem. Nina questionou o sumiço de ambos, mas Wes e eu demos os ombros. Notei ao longe a sombra de um porto, uma espécie de cais velho, mas não sei ao certo o que era, havia uma serragem de orvalho que cobria sutilmente a praia.

Agora que o sangue do corpo parecia deixar de se agitar, uma friagem era ocasionada pelo vento gelado que parecia congelar parcialmente as gotículas de água de nossa pele. Em meio a bruma nebulosa das águas do mar era possível ver o que parecia-se ser uma embarcação, Wes apontou a mesma animadamente.

— Estão vindo!!

Nina gritou agitando as mãos no ar, pulando ensandecida e feliz. Eu só conseguia rir.

Uma vez, quando na faculdade, estudava a respeito de variações linguísticas e história, ambas matérias da qual eu era péssimo, mas eu adorava ouvir as histórias que meu pai, em especial, contava sobre grandes navegações que exploravam os mares nos tempos em que a terra ainda era desprovida de conhecimento científico, mas continham civilizações bem estruturadas, naquela mesma época conheci Escócia em uma viagem curta de caravana, e também Dinamarca, Suécia, Noruega e grande parte da Europa, isso por que parte dos dialetos ingleses pertenciam a mistura de povos desbravadores do mar. A embarcação que se aproximou era muito semelhante a uma que vi em um museu de preservação a cultura norueguesa chamado de langskip, embarcação cumprida que podia abrigar diversos tripulantes em fácil locomoção com remos e velas. As velas do barco estavam sendo encolhidas, enquanto um trombeta tocou no ar, mas antes mesmo da embarcação parar alguns tripulantes lançaram-se na água rasa correndo em direção à praia, a princípio pareciam ter saindo de uma cenografia dos cinemas, Wes animado e confuso deu um passo à frente abrindo os braços.

— Recepção calorosa — disse ele.

Notei antes dele que aquilo não era bem uma recepção, não eram nossos povos e sim outros povos. Uma machadinha fora lançada pelo primeiro homem brutamontes que gritava em sua direção e sem hesito a machadinha girou no ar em um lance perfeito e atingiu a cabeça de Wes, fazendo o sangue espirrar para todos os lados, até mesmo em minha face, Nina gritou em total desespero, eu a icei pelo braço correndo sentido contrário deixando com que meu relógio escapasse das mãos, do outro lado para onde corri puxando Nina vinha de encontro à nós outro grupo de homens contemplando os mesmos figurinos selvagens correndo com seus escudos redondos empunhados, e armas primitivas como: machados, machadinhas, facões, lanças e arcos com flechas. O encontro de ambos grupos fora uma lavada de sangue enquanto eu e Nina perdidamente tentávamos encontrar um rumo nos esquivando de tudo que conseguíamos em meio aquela batalha inesperada e sangrenta.

Algo atingiu a perna de Nina que fora ao chão aos gritos, tentei puxa-la, mas notei algo rodopiar no ar, - uma machadinha de batalha e a peguei no impulso antes que ela atingisse um dos homens que estava logo atrás de mim, e ao pegar no ar a lancei de volta com toda a força que meu braço e meu corpo conseguiu exercer no pânico impulsivo e mesmo assim não fora o suficiente, a machadinha rodopiou tortamente no ar caindo antes de atingir o atirador da mesma que a pegou e correu em minha direção aos berros, logo o brutamontes que quase fora atingido, o mesmo que salvei involuntariamente, tomou a frente com seu escudo de madeira redondo e se lançou em cima do selvagem. Uma briga de monstros acontecia, que loucura, fiquei atônito e confuso aquilo não podia ser real. Puxei Nina novamente, ela se escorou em mim e finalmente conseguimos sair daquele campo de batalha assustador se embrenhando dentro dos matos de grama alta daquela ilha, Nina choramingava e eu observava aquela cena assustado e abaixado entre as moitas, até levar uma forte pancada na cabeça e desacordar.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora