3 - Esquecer

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Seguimos até uma das casas, essa parecia reservada entre as 3 somente para Einar, todos as pessoas estavam dormindo amontoadas no celeiro, uma das casas era o hospital improvisado, a outra era utilizada para guardar as tralhas e armas, um arsenal, mas há quem durma lá, e essa? Bom, essa não havia nada do lado de dentro se não uma única cama de palha e um único cômodo quadrado.

Ele sentou-se na cama baixa, com colchão de palha e forrada por muitas peles, possivelmente talvez antes dele alguém estava dormindo aqui, presumo Kalef e Nina, Basim talvez?

Não havia velas para ascender mas havia marcas das que foram acessas,de qualquer  modo dava para ver sua silhueta, parcialmente uma claridade de alguma tocha do lado de fora invadia o quarto, me sentei em sentido oposto, tiramos nossos sapatos, eu a blusa de frio, a capa as peles nos ombros e após me despir ficando somente com a camisa de linho mais leve me deitei ao lado do corpo de Einar, ele cheirava a lavanda do banho que tomara mais cedo, foi o que fizemos antes do anoitecer numa água gélida, um banho no rio mais próximo, mas não juntos, ele banhou-se com seus amigos em uma conversa sobre guerra e eu horas mais tarde sozinho, mas o notei me espiar entre as árvores.

Ele olhava o teto baixo e a vigas de madeira, estava muito em silêncio, como eu disse estava mudado, estranhamente quieto, talvez de luto.

— Se não aceitasse casar comigo eu o mataria — afirmou seriamente

Eu ri e acariciei sua barba.
Ele sorriu.

— Por que faria isso?

— Por que tivemos uma noite de amor como se já fossemos casados, não é certo isso, então... Não deixaria você estar com outro.

Dei um riso sutil mas eu estava assustado com aquela confissão.

— Estava me manipulando então senhor Einar?

— É, eu estava. — ele disse e me olhou com aquele par de olhos azuis risonhos.

Me roubou um beijo rápido.

— Você me parece estranho... É seu pai?

— Não quero falar disso Afkárr.

— Eu só quero que saiba que estou aqui.

Segurei sua mão entre nossos corpos.

— É bom saber que está. — resmungou ele. — Como eram os Tratados de Amor em seu reino?

— Primeiro o casal vai até um juiz de paz, um homem cerimonialista político que faz os termos, uma lista de obrigações e deveres com a lei.

— Termos?

— Sim, lá podemos casar com união de bens, ou separação, tipo se separarmos os seus bens podem ou não ser repartidos entre eu e você e tem os acordos que visam isso no futuro, tipo com casos de trações.

Ele me olhou confuso.

— Não faz sentido, o certo é partilhar tudo, se tornar um só, e bom se for um término justo sem traição então você ainda sim terá direito a tudo, muitos casais acabam e continuam sobre o mesmo teto. Em caso de traição basta matar o traidor, não é? Seria uma desonra não matar o traidor.

— Não no meu mundo. Matar é crime. É diferente. Não há rituais, mas uma uma grande festa, uma cerimônia, e depois...

— Não matam as pessoas que são traidoras? Como as punem?— disse ele impressionado

— Elas vão presas Einar

— Viram escravas para o rei, é isso?

— Tipo isso, só que não é bem isso é confuso. Não há rei lembra?

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora