Einar - Amar, Sangrar E Matar

2 - O Tratado

Na verdade, o que acontece é que estamos vendo as estrelas numa posição vertical, por estarmos perto do polo glacial a estrela polar fica alinhada com o centro do polo terrestre, assim da impressão que tudo está girando entorno dela, mas na verdade somos nós que estamos girando. Por um instante eu decidi esquecer isso, na verdade desde que cheguei decidi esquecer tudo, todos os meus estudos, abdiquei de tudo para conhecer as coisas novas, então agora a constelação de Ursa Maior seria Odin, e a estrela polar a deusa Figgi, como Einar me explicara.

— Por que Odin fica girando entorno dela? — pergunto

— Ele a ama — ele me olhou nos olhos foi o único momento que tiramos os olhos do céu — E ele protege dessa forma, entorno de seu amor, se mantém sempre por perto. — deu um leve sorrisinho fraco.

Por um instante saquei que ele não estava falando de Odin.

— É bonito — falei baixinho voltando o olhar para o céu

— Toda essa extensão esverdeada no céu, com conjunto de luzes é o tronco, e cada uma dessas estrelas um reino, são nove, nós pertencemos à Yggdrasil também. — deu uma pausa — Mas eu não consigo saber onde está seu reino chamado Futuro, já que não vem de Asgard... É estranho. Não há um reino a mais na Yggdrasil.

— É complicado, pertencemos a outra árvore. E nome do meu reino não é futuro Einar, no caso eu vim do futuro.

Ele me olhou bem confuso.

— Há outros reinos, como veio desse tal futuro?

— Sim, a minha chama-se Via-Láctea — falei e ele me olhou espantado

— Nunca ouvi esse nome antes, e como é esse reino de Láctea? Os Lactanos são como você?

Acabei rindo, da onde ele tirou essa palavra?

— Bem semelhante a essa vida, quase igual mesmo — falei melindrado. Não queria confundir ele.

— Como isso é possível Afkárr? Não faz sentido, Odin fez esse mundo e forjou após a derrota de Ymir, um enorme gigante, fez de seus dentes as montanhas e de seu sangue as águas... Como foi capaz de fazer outro mundo que não pertença a Yggdrasil?

— Eu não sei — falei baixinho — Mas eu também acreditava somente nas coisas do meu mundo. Nunca imaginei que fosse possível voltar no tempo ou ir para outro planeta.

— Então isso significa que o deus sem nome dos cristãos existe, digo, se há outro mundo há outros deuses?

— Também não há como saber, no meu mundo podemos acreditar no que a gente quiser acreditar, todos os deuses pertencem ao mesmo universo — tentei explicar

— Por que Odin faria isso?

Eu sorri de maneira gentil, ele olhava para cima.

— Não sei — Murmurei

— Você esperava que fosse viajar entre reinos?

— Bom, acredito que eu estava destinado a ser um viajante.

Ele tirou os olhos do céu e me olhou, então me sentei no tronco de arvore ao lado após tomar essa liberdade.

— As Nornas o disseram? Em seu reino?

— Não, mas bom, acredito que fui criado para isso desde pequeno, Wes era o irmão de meu pai, ou quase isso, os dois eram muito amigos, e logo quando nasci e fui... Levado a uma base de treinamento em viagens espaciais, é como chamam as viagens entre mundos, eu prefiro sempre fingir que não foi assim que eu fui identificado como um garoto muito inteligente, o que não é uma mentira, mas passei minha vida toda dentro de uma escola de propriedade militar.