2 - Voltando

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Houve um som, que nunca ouviram em toda minha vida, rapidamente me levantei um tanto assustado pela manhã e me deparei com as águas cristalinas do rio, mas não só isso, uma família de lontras se banhavam em busca de um refresco, o sol já brilhava no céu, causando um reflexo esplendor na água e Einar me olhou assustado, abrindo apenas um dos olhos, deu um resmungo de sono respirando fundo.

— Olha! — falei empolgado e aos sussurros o agitando.

Ele ergueu a cabeça, mas claramente não viu nada então ergueu o tronco de seu corpo se sentando coçando os olhos.
Eu nunca havia visto lontras tão de perto, eram 5, duas grandes três filhotes, Einar pegou o machado. Uma vez há muito tempo, no passado, ou no futuro, fui a um zoológico onde vi lontras tão moribundas e desanimadas, diferentes dessas.

— Legal, a pele desses bichos vai dar boas botas e ainda comeremos bem no desjejum. — Ergueu o machado com um olhar sanguinário.

— Einar, não faz isso — falei tocando seu braço abaixando sua mão que empunhava o machado.

Ele me olhou meio confuso.

— Eu nunca vi animais assim na natureza, são fofas — falei ainda mais empolgado.

Me levantei e cautelosamente fui beira rio, elas estavam do outro lado nadando de fazendo gracejos com os nados de costas, pareciam brincar com as águas. Einar passou por mim.

— Preciso fazer mijar — disse ele deixando o machado para trás.

Ele desceu mais abaixo no rio, mas foi possível escutar o som irritante de sua urina batendo na água do rio, e pelo visto ele está a bem cheio, ou bem apertado. Durou alguns instantes, o olhei vendo que estava demorando e ele está a balançando seu "amigão", me olhou com meio sorriso, dei um sinal para que ele parasse com o barulho, queria ver as lontras não estava tão interessado em seu penis, aprecia-las do outro lado das margens parecia-me interessante, mas Einar se guardou e curvou, tirando os sapatos, sim nós dormimos de calçados para proteger os pés durante a noite, dobrou cuidadosamente as barras da calça de linho, até os joelhos, o rio não era profundo, tinha mais ou menos aquela profundidade, até seu joelhos no máximo. Sinalizei pra que ele voltasse imediatamente.
Mas ele com um ar risonho colocou um pé sobre a água afundando o mesmo, depois o outro fazendo uma careta pela frieza da água, e pé ante pé caminhou enquanto eu gritava de modo emudecido para ele voltar, ficando irritado, ele iria matar as lontras, mas me olhou com seus olhos de caça perversa e seguiu, vagarosamente, passou a mão na água e levou ao rosto lavando os mesmos, chegando bem perto de uma delas que comia a cabeça de um enorme peixe e a assustou, não só ela mas as outras também, as lontras desesperadas e assustadas ameaçaram no com um ranger de dentes afiados, mas ele jogou água nelas e tentou tomar seu peixe caindo na água e fazendo todas as outras correrem se embriagando-se na mata que se formava do outro lado.

— Acha que elas vão se importar em dividir os peixes — disse ao se levantar molhado segurando dois peixes roubados —, ou vai querer deixar tudo para elas também, por que são fofas?

O olhei languidamente, ele se espreguiçou, esticando os braços, segurando os peixes meio carcomidos, eram dois enormes peixes, que quase nem foram comidos, inteiriços.

— Não me olhe dessa forma era isso ou elas pela manhã. — falou

Acabei por rir, mesmo não querendo, e neguei a cabeça.
Limpamos os peixes, ou melhor eu limpei enquanto ele desmontava nosso assentamento, a fogueira não apagou totalmente e usamos a brasa para mais fogo, assei, salmão era algo muito refinado para o café da manhã, mas aqui provavelmente até mesmo os ursos faziam banquete, o que por um instante me fez sentir um leve medo súbito em ter passado a noite ao lado de um rio que podia aparecer ursos selvagens e famintos.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora