parte 10 - Instinto

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Apaixonar-se não era algo que estava em meus planos, mas agora a essa altura do campeonato eu não estava somente apaixonado por Einar, parte de mim estava amando toda aquela vida nova, mesmo que fosse muito difícil, tudo era novo e sempre nos apaixonamos por coisas novas eu sentia que estava perdendo para mim mesmo em questão de resistência contra essa paixão, contra Einar.

Contei a Nina da proposta em fazer a comemoração no Grande Salão junto de Einar, supus que tivesse alguma coisa a ver com o Juul, mas os eventos da comemoração invernal começariam somente no dia seguinte, na verdade, sugeri e insisti e ela aceitou notou em mim que eu queria aquilo, de fato mesmo incerto eu queria.

Pela primeira vez vesti uma roupa de lã descente que Nina conseguira para mim como um presente, não que o linho fosse ruim, todos usavam linho confesso, por debaixo das pessoas o linho prevalecia, mas as roupas de linho eram simples, muito simples feitas para dormir ou até mesmo para os escravos vestirem, já as lãs eram reconfortantes, afinal suportavam o frio e eram agradáveis. Nina estava muito boa com a costura, se tornando quase uma costureira oficial (aqui não há ia pessoas que costuravam umas para as outras geralmente toda família havia alguém que era mestre em costurar e tecer) mas para Nina era uma hobby divertido e com isso passou a costurar para as pessoas e ganhar peças de roupas que as pessoas não queriam mais, ela reparava essas peças e depois me dava, eu já havia ganhado nessa semana diversas roupas, calças, botas e um reajuste especial em minha bota para que as mesmas seguissem a curva do pé sem me fazer sentir dores desconfortantes.

O Grande Salão estava cheio de residentes, pessoas, guardas, menos servos, notei a pequena bebê Singrid com uma senhora, acredito já tê-la visto em algum momento. Quando chegamos Einar que estava sentado de maneira relaxada na mesa até mesmo com os pés de botas sob ela e rapidamente se sentou direito, quase sendo tomado por um engasgo vergonhoso enquanto os homens riam sem parar.

Na enorme mesa longa havia uma baquete e claro, um javali morto e assado de maneira perfeita, dourado e levemente suculento, ou parecia estar, mas aquilo não me interessava, nunca comi aquele tipo de carne, embora fosse interesse de todos querer um bom javali para assar esse mês, inclusive Kalef que prometera á Nina – como se ela se importasse também -, que caçaria o melhor e maior javali de todos para fazerem uma ceia nos próximos dias.

— Pensei que o gato-manhoso de Einar não viria comemorar os seus 35 invernos — disse um lanceiro

Einar deu um tapa com as costas da mão no peito do homem parrudo que se engasgou com o próprio hidromel que beira, e rapidamente Einar se levantou vindo em nossa direção nós receber.

— Nina, Zach, vocês vieram — disse meio ansioso.

— 35 invernos, não me falou mais cedo. — Balbuciei

— Não achei que fosse importante — retorquiu ele. — Venham, sentem-se, podem comer o que quiser...

Confesso que os talheres eram diversos, mas os de madeiras e os garfos de ferro com apenas dois dentes era algo que me incomoda um pouco, mas é engraçado, engraçado as colheres rasas, algumas de certo roubadas dos ingleses, principalmente os emoldurados, feito de prata reluzente, um tanto polida e intrigante.
Imagino o quão aqueles talheres não tenham de história para contar, afinal eram frutos de incursões, ou roubos perversos, e não habitual que todos gostassem de usar talheres, não com alguns alimentos, sim com os mais pastosos.

Kalef chegou um pouco atrasado, mas era perceptível que tomara banho, presumo que somente para Nina, e estava estranhamente arrumado, digo: barba escovada, até notará o penteado diferente, todo preso mostrando bem seu rosto e sua barba estava bem menor, curta, impressionante mesmo.
Ao contrário do que eu pensava, os povos escandinavos não eram homens que deixaram suas barbas mal aparadas ou gigantescas, claro que havia alguns relaxados por aí, mas não todos, alguns tinham certo cuidado e capricho com suas aparências.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora