4 - Forjado pelos Deuses

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Existia uma regra, embora eu precisasse da ajuda dele eu nunca o explicava de maneira clara como forjava o aço inoxidável, afinal temia que aquilo tivesse algum impacto no futuro, imagina só? Algo que seria descoberto somente a quase 800 anos depois sendo feito nos primórdios das descobertas marítimas, temia que de certo modo aquilo impactasse no futuro. Conclua-se que Einar tinha uma edição ilimitada e também limitada de meu trabalho, e espero gentilmente que o tempo se encarregue de esconder as marcas dessa minha audácia. Por outro lado, trabalhar em parceria com Sigurd me fez aprender coisas incríveis sobre a forja em sua pratica que eu nunca vira antes, me custou algumas queimaduras e alguns pequenos acidentes, mas nada que fosse tão grave.

Eu tentei fugir de todas as maneira inventando desculpas ao Sigurd, mas um novo sentido meu se aguçou, assim como o sentido de saber mais sobre a vida deles aquela cultura, eu já não tinha absolutamente mais nada a perder, então me entregar aos seus costumes, me render á ideia daqueles povos não era mais algo que eu temia, finalmente após a forja seguimos para dentro da floresta, e mais adentro onde água quente surgia do solo, uma fonte, uma piscina natural de águas termais, Áma se despiu por completo, me fazendo ficar constrangido e pulou na fonte que parecia uma banheira, o local era muito lindo por sinal.

— Forjado pelos deuses — disse Sigurd.

Ele tirou suas vestes entrando na pequena piscina natural. Fiquei parado o olhando-o a beijou, e ela o agarrou me olhando.

— Venha logo — disse Áma. — O que acontecer essa noite estará morto ao amanhecer.

Não sei o que senti, mesmo não muito à vontade tirei as minhas roupas, e entrei na água que estava quente, e borbulhava como se ferve água em um fogão, aquilo era bom, muito bom, pois aqui era muito frio, se eu tivesse descoberto essa fonte antes moraria nela.
Eu realmente não sabia o que estava fazendo então fiquei em canto parado e envergonhado os observando me observar, Áma se aproximou puxando Sigurd mais para perto, e em seguida encostou seus lábios aos meus como se estivesse selando um pacto, logo Sigurd também recebera um beijo dela, Áma saiu do meio nos empurrando para perto um do outro, e aquilo era tão desconfortante para mim mas Sigurd e eu nos beijamos, primeiro um toque sutil de nossas bocas, depois um toque mais forte fazendo com que acontecesse realmente um beijo com gosto de cerejas silvestres. Áma deu um riso como se gostasse da cena, e em seguida senti os lábios dela tocarem meu pescoço enquanto Sigurd explorava minha boca e eu a sua, e depois meu corpo.
Naquela noite fui devorado e explorado por dois estranhos, ou melhor Áma foi devorada e explorada por nós dois, embora eu já visse Sigurd como amigo não acredito que éramos tão íntimos a aquele ponto, e fomos rapidamente íntimos. E no final, transar com estranhos fora a melhor experiencia que eu tive, afinal mesmo que ocorresse mais vezes, não havia nada ali, nenhum sentimento além de sexo, de corpos e virilhas quentes. E nossa fazia tanto tempo que eu não transava com alguém, fazia tempo que eu não tinha aquele contato viciante carnal que nem me lembrava mais como era.

Minha experiência sexual com mulheres eram bem poucas quase nula, mas essa era a minha primeira experiência em um a três, eu não exibi minhas vontades, eu apenas fiz o que eu era capaz de fazer seguindo o que eles estavam fazendo, observando, mais os observei do que fiz algo. Embora eu e Sigurd tivéssemos nos beijados e até nos tocado, não houve muito contato entre nós, nós transamos com Áma, mas confesso que parte da minha excitação estava apenas no Sigurd.

Aquela bela noite durou-se ainda mais do que podia imaginar, no final Sigurd estava no meio de minhas pernas encostado em meu ombro enquanto eu acariciava seus cabelos, agora limpos e molhados, e Áma entre as pernas de Sigurd sendo afagada por ele, e o suor de nossos corpos se misturavam, não só com nossas peles, mas também com a água rasa que nos encontrávamos sentados e enfileirados.

Devo admitir, parecia que eu havia cometido um dos mais belos e prazerosos pecados, eu nunca em sã consciência faria aquilo em outra vida, jamais faria aquilo com Davidson, será que eu devia ter realmente me juntado ao Einar aquela noite em que ele explorava prazeres junto de Astrid, Ivar e a prostitutas do vilarejo? Será que seria tão bom quanto Sigurd e Áma? Sinto um arrependimento de ter e não ter feito aquilo com Einar, e ao mesmo tempo me arrependo de ter feito agora, penso que da mesma forma me arrependeria.

— Você realmente veio dos céus Zach — balbuciou Áma mexendo nas pontas dos seus cabelos que flutuavam na água.

— Entendo agora você ser o favorito de Einar — disse Sigurd.

— Não, eu e Einar nunca fizemos nada — respondi.

Eu não era tão bom assim, não fiz nada, fui quase um voyeur, não merecia aqueles elogios. Não fiz quase nada além de transar com Áma depois  de Sigurd, sortuda era ela.

— O Einar deve ser bom — disse Áma.

— Ei! — resmungou Sigurd. — Ele é um Jarl jamais faria sexo conosco.

— E por que acha que ele faria comigo que sou seu servo? — indaguei

— Justamente por ser dele, ele pode te ter quando quiser, além de vir dos mundos dos deuses. — Reponde Áma

— Acredito que Einar não é desse tipo — disse Sigurd

Ela riu.

— O papo está bom, mas devemos ir — ela disse se retirando da água. — Vocês vão vir? — perguntou ela após vestir seu vestido mesmo estando molhada

Devia estar tão frio que era possível ver seus lábios e seu corpo tremer. Neguei com a cabeça.

— Vou ficar mais um pouco.

— Boa noite — disse Sigurd após beijar meus lábios uma última veze se retirar da fonte de água quente.

Sigurd se vestiu e abraçado junto de  Áma foram embora. E eu fiquei apreciando o céu e suas auroras naquela noite fria, porém estrelada.

Haviam coisas da qual era compreensivo que fossem extremamente cultural, mas nada que o impedisse de ter a vida na qual deveria ter. Quero explorar mais, muito mais que o sexo e as batalhas, quero saber sobre a medicina tradicional deles, quero saber as habilidades incríveis dos barqueiros em esculpir a madeira, quero saber como é uma inserção e uma exposição, quero saber mais, quero saber o que levou a destruição completa dessa cultura mesmo sabendo que fora a chegada do cristianismo que a essa altura já deva estar em alta propagação em outras terras.

O que realmente me deixa um tanto atônito e reflexivo ao passado que também é o meu futuro, como seria se a religião não tivesse tido uma propagação que apagou culturas tão liberais quanto essa? Vejo que há no cristianismo sua valia, claro, muitas coisas do futuro só existem graças a propagação religiosa na idade média, mas também ainda estávamos lutando pela liberdade sexual, género e pessoal de cada indivíduo no futuro, lutando para nos encaixar pois durantes anos, até mesmo na época que eu vivia. Ser gay, ou ter um gênero fluido fora um grande problema relacionado a preconceitos, resultado de uma crença popular e limitante que dominou a terra no século que eu estou agora presente.
Me pergunto será que é possível mudar o curso da história, mudar o futuro? Presumo que não se ele já for predestinado, um dia todo o povo nórdico cairá na graça do batismo cristão e perderão sua liberdade, perderão suas crendices.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora