2 - O alvorecer

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(...)

Einar estava nitidamente irritado com minha presença entre os seus homens, mas dessa vez em especial eu estava caminhando para a minha possivel morte sem medo algum em me arriscar. Partimos do vilarejo, pela mesma mata na qual chegamos outrora, uma trupe de homens e mulheres. Um total de 33 a 40 guerreiros, em sua maioria homens.

Depois de muito andar, talvez uns dez ou quinze quilômetros rapidamente de modo incansável finalmente paramos. Meus pés estavam gritando por aquela parada.
Montaram uma fogueira no meio da floresta, por sorte o clima estava ameno embora um pouco mais carregado de um uma corrente de ar gelado que vinha das montanhas de neve, e conforme nós seguimos descendo a colina o clima foi ficando menos frio. Homens conversavam entorno da fogueira, estavam preparados: rostos pintados, riam suas gargalhas estridentes em meio a conversas paralelas, bebiam hidromel, mascavam cogumelos alucinógenos - tais como os que Einar me fornecera, outros era possível escutar gemidos de suas transas repentinas e eu havia me esquecido o quão aquilo era selvagem e constrangedor e um tanto normal transarem aquele modo sem vergonha nenhuma.

Estou deitado, olhando o topo das árvores, provável que seja entre nove ou dez da noite, e que saímos da aldeia um pouco depois do almoço, andamos incansavelmente entorno de sete, ou oito horas. Tudo aqui era estimativa, eu calculava de acordo com o que eu achava, mas não se era uma certeza nem tão preciso já que nem mesmo o relógio funcionava.

Einar se deitou ao meu lado, usando seu escudo redondo de travesseiro, nossos pés direcionado a fogueira grande, ele encostou sua bota de pele animal em mim.

— Estamos perto de Valkahem, falta alguns pés agora — ele murmurou

— Decidiu falar comigo agora?

— Não queria que viesse. — respondeu ele como justificativa perante a sua ignorância.

Girei meu corpo para encara-lo já que estava quase de costas a ele, queria que ele visse minha expressão insatisfeita.
Ele levou seus dedos até minha face acariciando sutilmente.

— Aparou os cabelos, tirou a barba...

— Não gosta? — retorquiu

— Acho lindo, ainda mais quando está usando o gorro desse modo deixando os fios do cabelo a mostra — ele passou as pontas dos dedos nos fios dos meus cabelos lisos, os jogando para o lado, tirando de cima da sobrancelha. — Fica mais jovem e... você já é bonito então, sabe como é chama a atenção. É jovial de mais

Aquilo me deixou estranhamente nervoso, eu era apaixonado por ele, e pelos seus olhos azuis cristais, era como se toda vez que ele me olhasse desse modo eu ficasse nu ou como se olhasse minha alma.
Ele se aproximou para me beijar e eu esquivei sutilmente.
Segurei sua mão grande que ainda estava sob minha face, e apertei sutilmente a segurando com meio sorriso, ele estranhou minha esquiva.

— Tá bom, eu entendi — ele disse meio agoniado tirando sua mão de perto.

— Einar... Eu sei me cuidar, quero que confie nisso — balbuciei.

— Não duvido — falou sem dúvidas. — Eu só... deixa para lá.

— Eu entendo que quer me proteger, eu já entendi isso.

— Não é só isso Isac, não é... é o que sinto por você e eu nem sei o que é isso que você faz comigo, parece até magia. — tossiu um riso de maneira enfadonha como se não quisesse aquilo. — Você me deixa fraco.

Minha vez de levar a mais até o seu rosto, fiquei um pouco impressionado com a confissão boba, me aproximei dando um beijo nele, ele se afastou dava para ver que ele queria um beijo de verdade, um para valer, deu um sorriso sutil e assoviou baixinho feito um pássaro Pisco-Selvagem. O chamado de acasalamento.

Einar - Amar, Sangrar E MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora