Einar - Amar, Sangrar E Matar

Parte 8 - A Caçada

As atividades que estavam bem reduzidas por conta do inverno, o que estava dando tempo para que homens se preparassem com mais vigor para uma possível invasão após o inverno, os construtores de embarcações construíram mais dois dracares perfeitos, e Sigurd mais armas, até mesmo o ajudei — essas de ferro e madeira, aço quase-inoxidável era exclusividade de Einar. Os guerreiros de Valkahein haviam partido.

Estive com Sigurd durante bastante tempo nas horas vagas, que eram muitas por conta da falta do que fazer no inverno abundante, mas minha mente colaborava em trazer lembrança da forma como ele e Áma se relacionaram comigo e seus olhares me traziam um pequeno desconforto, era como se ainda sim fizessem um convite sem mesmo me convidarem, e sei que levará um tempo até que eu esqueça, mas para eles aquilo não passou de uma aventura que podia acontecer um reprise, bastava eu querer, eu não quero, foi um sexo estranhamente casual e sem muito afeto, ou contato, não faria de novo.

Quanto a Einar, pouco o via, o evitava a maior parte do tempo, nem mesmo no campo de treinamento ele aparecia mais e eu também quase não ia ao treinamento depois daquele show de horrores, as vezes escutava por aí alguns comentários, Einar era o juiz por aqui também, vizinhos que roubavam cabras alheias ou causavam alguma séria confusão, até mesmo casos de traições e tudo era levado ao grande salão, como um tribunal onde Einar com o poder de julgar aprisionava e hora o outra matava alguém, não com suas próprias mãos mas com suas ordens, embora não fosse frequente notei dois indivíduos que foram mortos publicamente, — uma mulher que traiu o marido e engravidou de seu melhor amigo, nesse caso ela fora morta depois do nascimento da criança (pelo menos isso), e o amigo teve de prestar serviços como servo ao homem traído. E também um homem que abusou de uma jovem garota.

Claro, não era comum e nem toda semana havia uma execução, raramente eu assistia apenas o julgamento no grande salão, onde só era permitido a entrada de homens, mulheres só caso elas fossem julgadas, e via Einar se esquivar de todos os modos para não aplicar execuções, e ele sabia que eu reprovava aquilo o que me fazia olhar compenetrados e decisivos quando estava por perto. No fundo, embora ele soubesse que minha expressão não gostava da selvageria ele era um homem muito direto e sem rodeios e não fazia nada por mim, ou pelo meu pensamento ele se mantinha imparcial, muito impulsivo e determinado, se comportava sentado em seu trono como a verdadeira autoridade e depois das mortes que causara com suas mãos em três dos homens de Valkahem, por minha causa – presumo sem saber a fundo o que houve, ele estava me evitando e eu pouco me importava, não me preocupava mais com ele, nem com minha liberdade que não fora concebida. Era como se eu e Einar estivéssemos brincando com uma corda e quem soltasse primeiro perdia, um cabo de guerra, no fundo ele sabia que eu estava muito fulo da vida com ele, por tudo que fizera nas últimas semanas, e eu sabia que ele parecia estar em dívida comigo.

Nina ofertou que fosse dormir em sua nova residência, a casinha de madeira, um pouco afastada em uma região pastoril, a mesma casa era do homem que Einar matou com os machados que eu o fiz, mas não era permitido e embora Nina não gostasse da ideia ganhou 3 servas, que ela as tratava tão bem como amigas, e aquilo me confortava, pois ela realente precisava de ajuda já que estava cada dia com sua barriga maior.
Não era permitido que eu dormisse em sua residência, nem que ela ficasse comigo atrapalhando meu serviço, isso porque ela não era mais uma serva e sim a dona de um lar.

Devo admitir eu estava desanimado deixando a vida me levar, não ficava mais chateado em ser um criado, tampouco na falta de palavra de Einar, que cumpriu apenas parte do acordo. O fato dele ter libertado Nina já me era grande conforto. Finalmente Nina pareceu se rendeu a charme insistente de Kalef e isso também me gerava um enorme conforto, ele podia parecer um homem rude, com sua cara de expressão sempre bravia com aqueles bigodes longos que escondiam seus lábios, mas era de longe um alguém que eu aprovava, ela precisava de um homem que a protegesse, não que eu a achasse incapaz de se cuidar, mas ela estava em sua fase vulnerável. E nesse mundo as mulheres não têm tantos direitos sem um homem a lado estando gravida.