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Acordei ainda meio confusa, tinha um acesso venoso no meu braço. Conferi o monitor, minha pressão e batimentos estavam normais; eu devia ter tomado alguma medicação forte já que minha cabeça girava como se eu tivesse bebido. Tentei me levantar e o Gabriel correu na minha direção:

- Ei, calma amor, eu tô aqui, fica aqui - ele me deitou de volta e se acomodou ao meu lado

- Desculpa tá fazendo você passar por isso - meu olhos marejaram

- Ju, não é culpa sua não tá? A gente vai resolver tudo, você vai ficar bem. Eu estou aqui com você, sempre tá bom? - ele beijou a minha testa

- Gabriel eu não sei se consigo mais, olha o que fizeram comigo - minha voz saiu baixa - eu tenho medo de sei lá

- Julia, olha pra mim - virou meu rosto pra si e nossos olhares se encontraram - eu vou fazer tudo entendeu? Tudo o que tiver ao meu alcance pra te manter segura ok? Você é minha mulher, o meu amor... não existe mais Gabriel sem Julia, o jogador sem a médica dele. A internet é um lixo e eu odeio que tudo isso esteja acontecendo com você, odeio. Mas quero que você saiba que eu não vou te deixar mesmo você querendo isso, o papo de respeitar sua vontade de ir agora não existe mais... não querendo ser possessivo, claro. Sou incapaz de te deixar e te ver assim dói na minha alma. A gente resolve o restante depois, só vamos ficar aqui até você melhorar tá bom? Eu tô aqui, vou estar aqui sempre - ele enxugou as lágrimas que desciam pelo meu rosto e me abraçou apertado

- Bi?

- Oi?

- Acho que eu te amo - disse com a voz fraca

- Eu é que te amo Julia, com todas as minhas forças - ele beijou a minha testa e ficou ali acariciando o meu cabelo até que eu voltasse a dormir.

Acordei com o sol trincando na janela e sozinha no quarto. O acesso já tinha sido retirado do meu braço e eu me sentia um pouco mais calma, mas ainda com uma vontade incontrolável de chorar quando lembrava de tudo. A psiquiatra entrou na sala acompanhada de uma enfermeira, esse filme aqui eu já vivi antes...

- Bom dia Julia, como você está se sentindo hoje? - ela se aproximou ouvindo meus batimentos cardíacos

- Bom dia, acho que melhor... ainda quero chorar muito, muito mesmo e minha cabeça dói um pouco - expliquei com a voz fraca

- Certo. Você teve uma crise de pânico associada a uma arritmia, devido ao estresse acumulado você levou um choque e seu corpo desligou como mecanismo de defesa. Tratamos com um ansiolítico apenas pra diminuir sua frequência cardíaca - explicou - eu já posso te dar alta se quiser ir ...

- Quero sim - respondi prontamente

- e o seguinte, por enquanto não vamos entrar com o uso de nenhuma medicação, por enquanto! Quero te avaliar a cada 10 dias e preciso que você procure uma psicóloga. Soube por alguém que você também não vem se alimentando muito bem - Dhiovanna boca de sacola com certeza soltou - alimentação dona Julia, 3 refeições ao dia no mínimo, atividade física e por enquanto longe de celular viu?

- Ela vai fazer tudo direitinho dra vou cuidar dela de perto - Dhiovanna entrou falando junto com a tia Lindalva - nem parece que é médica, da esse diploma pra mim fia - ela debochou e todo mundo sorriu

- E isso é muito importante Julia, ter uma rede de apoio! Eles estão aqui com você desde ontem e parece que você não é de se abrir muito, deixei com a Lindalva o contato de uma psicóloga e você precisa entrar em contato pra ontem ok? Estou mandando também um remédio do mesmo que você tomou ontem, caso ache necessário pode tomar e você vai ficar um pouco sonolenta nos próximos dias por conta desse de ontem tá? Qualquer dúvida pessoal eu estou a disposição - disse enquanto saia da sala

Minha Cura | Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora