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Ih se for problema eu nem quero saber não em, tô fora de reunião — falei assim que o Sampa entrou na minha sala.

— Bom dia mocinha, vim pessoalmente te buscar pra reunião já que disseram que você não queria participar — sorriu todo carinhoso e simpático.

—É realmente necessária a minha presença? Não queria me meter sabe, eu sou só do DM e as vezes sinto que tô fazendo muito — expliquei séria.

— Não mocinha, você tem potencial pra comandar esse time um dia, por isso eu quero você ao meu lado e da minha equipe em qualquer decisão, todos aqui assinam em baixo. Agora vamos que se atrasar pega mal - esticou sua mão pra que eu pudesse o acompanhar.

— Dívida de jogo só pode — revirei os olhos.

— Sem resmungar, depois te dou um presente —entrelaçou o braço com o meu e começamos a andar igual duas adolescentes do ensino médio.

— E a família? Conseguiu se instalar bem aqui? —questionei

— Conseguimos, assim que tudo estiver no lugar vamos combinar pra você ir conhecê-los.

— Vou adorar Sampa.

— E você está melhor? Daquelas coisas todas? Vi sobre o que postou pro Gabriel, muito bem. Mulheres como você são raras de se encontrar — sorriu.

— Tô bem sim, eu acho.

Entramos na sala e a reunião começou, estão procurando soluções pra que não vaze mais as informações do clube e eu com minha boca grande levantei a mão:

— Gente isso é um problema de resolução simples, começa cortando acesso de quem não é necessário aos treinos, pré e pós jogos ué — falei com naturalidade.

— Isso pode funcionar — o Anderson da equipe do Sampaolli concordou — começamos aos poucos e se continuar vai cortando até ficar só os preparadores e os jogadores — sorrimos.

— Tem que ser dessa forma, eu quero assim — Sampaolli deu aval — só desce pro treino quem estiver envolvido lá, DM só se tiver fazendo acompanhamento, diretoria não quero e nem pessoas de fora do clube, certo — todos foram de acordo.

— Tem outra coisa, também — Brás ficou com a palavra — nós queremos te abrir uma oportunidade Julia.

— A oportunidade de ir embora? — todos sorriram.

— Não mocinha, quero que você comece a se preparar pra ser minha auxiliar, eu já tenho um analista e preciso de outro nos bastidores como você — me olhou todo esperançoso — o que você acha?

— É, eu não sei — e realmente eu não sei, assumir um papel dessa proporção trás grandes responsabilidades e um risco enorme no meu relacionamento já que eu vou passar a cobrar o Gabriel e não sei como ele vai reagir — podemos fazer um teste?

— Posso começar a te ajudar Ju — Anderson se disponibilizou — vamos aos poucos, você vai conhecendo e começando a pegar o jeito, se achar que deve continuar vamos dar prosseguimento, se não, retorna ao DM.

— Bom, nunca pensei nessa possibilidade na minha carreira mas o Sampaolli tem grande visão nos talentos que ele revela então, vamos tentar e ver no que dá — e segurar nas mãos de Deus né Julia, nas mãos e nos pés pra dar tudo certo.

— Sabia que você ia topar — Brás comemorou — você é a pessoa certa pra isso.

— Tá, queria dizer outra coisa e isso cobrar de você Brás. Cadê o psicólogo? — cobrei o gordão sem rodeios.

— Ela tem razão quanto a isso, precisamos pra ontem e isso parte de mim também, não só do DM — Sampaolli me deu apoio.

— Estamos atrás de contratar mas é difícil — esse cara não tem nem vergonha de mentir, cheio de profissional bom no mercado e ele fazendo rodeio.

— Se quiser deixa comigo e o Anderson que a gente encontra alguém rapidão, só que não dá mais pra deixar os meninos sem preparo psicológico e você sabe disso. Esse começo de ano foi pesado pra todos eles e eles precisam de terapia, não é frescura — pontuei.

— A gente abre a vaga e eu e a Julia trabalhamos juntos pra isso, só a diretoria dar o aval — Anderson disse firme pressionando o gordão.

— Não abro mão disso, preciso deles preparados pra trabalhar. E quem se negar a fazer vou começar a por no banco — era desse técnico ai que a gente precisava.

— Certo, vou passar isso ao Anderson e a Julia. Acertem com o marketing pra poder divulgar a vaga em algum lugar e podem dar prosseguimento nisso aí — disse meio descontente o que acha que fazer terapia é frescura.

— Por enquanto então é isso, vou comunicar aos departamentos e analisar quem deve ser cortado de zanzar dentro do vestiário e dos treinos junto com o Sampaolli e a Julia — Anderson concluiu.

Brás saiu daqui não muito contente já que ele não gosta de ser contrariado por ninguém e pra felicidade da nação a equipe do Sampaolli toda não abaixa a cabeça pra ninguém.

Eu me retirei da sala e o Sampa está em reunião agora com sabe lá Deus qual departamento, sei que ele me pareceu nervoso, não sei se é o marketing, a comunicação... o bicho tá pegando é tá todo mundo sob intensa pressão do careca.

— Oi neném — esbarrei com o Gabriel chegando pra treinar — como foi lá?

— Oi Bi, tenho novidade — disse meio cabisbaixa ficando na ponta dos pés e juntando nossos lábios.

— O que houve? — ele segurou minha mão enquanto andávamos.

— Careca quer que eu comece a estudar, treinar eu acho pra ser auxiliar dele e eu topei.

— E você tá nesse desânimo porque amor? Que coisa boa — me olhou animado e eu não esperava essa reação, talvez ele não tenha pensado no que vem junto disso tudo.

— Ah sei lá, mas vai dar certo. A gente vai começar aos poucos.

— Claro que vai dar certo Ju, você é incrível e acho que não tem ninguém melhor que você pra isso amor, vai dar certo tá? — beijou minha testa.

— Obrigada por me apoiar Bi — sorri — te amo.

— Eu também te amo.

Ele saiu e eu vou pra minha sala dar uma olhada nos dados passados da avaliação física dos meninos já que essa semana tem outra e eu vou acompanhar. Mais tarde Matheus vem aqui junto com o Arrascaeta pra eu e o Márcio dar uma olhada e ver como vai o desempenho.

Minha Cura | Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora