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— Amor vem cá — gritei pra ele que tava deitado na sala.

— Que foi? — chegou apavorado como todas as vezes que eu grito pra ele.

— Que apavoro Gabriel Barbosa, senta aqui. Vamos hidratar esse cabelo — respondi afastando a cadeira pra ele poder sentar.

— O que é isso? — olhou com cara de nojo pro potinho de creme que tinha de tudo um pouco dentro.

— Creme Bi, desfaz essa cara.

— Que nojo.

— Aí Gabriel — sorri — senta logo aqui.

— Sabia que eu não gosto quando você me chama de Gabriel? — me encarou de canto.

— Mas é o seu nome. Nome lindo aliás — sorri — Por que você não gosta?

— Parece que você tá brava comigo — eu queria puxar o cabelo dele nesse exato momento, mas tá tão frágil do descolorante que é capaz de eu sair com o resto na mão.

— Aí meu Deus do céu, é sério? — soltei uma gargalhada.

— É — ok agora percebi que isso realmente incomoda ele — meu nome pra você é Bi, Gabi, amor — puxou o R levemente no sotaque paulista gostoso que ele tem — pra você é só assim.

— Tá bom, vou trabalhar pra atender as suas exigências Bi. — ele sorriu contente — tá calvo em amor, daqui uns dois anos vai tá pior.

— Me recuso a fazer implante.

— Fica aí fazendo dread, loiro, alisamento, tinta preta pra tu ver se esse tempo não diminui pra 8 meses. Fora que seu cabelo tá caindo horrores né, eu amava seus caixinhos mas assim também tá lindo — me apoiei no seu ombro e beijei sua bochecha apertado — agora passa no meu cabelo.

— Como? — se virou igual a Samara de O Chamado apavorado com a ideia.

— Eu te ensino, tá vendo o pincel? — ele me encarava atentamente — pega um pouquinho do creme, separa a mecha do cabelo e faz esse movimento aqui — fiz em um pedaço da frente do meu cabelo.

— Não vai dar certo Ju, melhor fazer você.

— Tenta vai, você nem tentou. Depois deixo você lavar e secar — ele deu um salto da cadeira animado já que vive me pedindo pra fazer isso e por falta de tempo ou cansaço nunca é possível.

— Tá, separei. Agora eu pego uma mecha não muito grande né? — concordei com a cabeça — Um pouquinho do creme, espalho e faço assim com as mãos?

— Perfeito Bi, se não der certo no futebol já sabe.

— Você tem bastante cabelo né? — perguntou distraído.

— Muito, preciso tirar as pontinhas — ele ficou em silêncio enquanto fazia o que eu havia ensinado. Narrando todas as vezes que começava o processo do início. Concentrado. Consigo observar ele pelo espelho que tem aqui em baixo.

Sabe aquele momento do jogo que ele vai bater pênalti e a câmera foca nele? Lindo, suado, a barba bem desenhada, as olheiras um pouco fundas e marcadas, a boca rosada, o olhar fixo e concentrado? Ele se encontra assim.

E eu me sinto o goleiro do time adversário levando o gol, já que ele tá dando umas puxadas no meu cabelo. Não quero o interromper, tá tão focado e eu admirada por ter esse homem.

— Pronto Ju. Agora faço o que?

— Nada, vamos por uma sacolinha na cabeça e esperar uns 20 minutos pra poder lavar.

— Tudo isso ainda? — questionou enquanto colocava no lavabo as coisas que usou e passava água.

— Tudo isso — Catei duas sacolinhas do Carrefour e coloquei uma na cabeça dele e outra na minha — Isso é mais eficiente que touca de salão.

Minha Cura | Gabriel Barbosa Onde histórias criam vida. Descubra agora