Capítulo 02

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O cenho da mulher se franziu ligeiramente ao ver o hall lustroso do Hospital Geral de Monev vazio, o oposto do que pensou que veria quando Namjoon ligou avisando sobre Park Jimin. Porém logo a confusão deu lugar a um sorriso, por conseguir se esgueirar até o elevador da área VIP. Ainda sorrindo com os lábios unidos, Yoo-ri se olhou no espelho da caixa de metal dourada, que subia para o décimo andar, e prendeu as madeixas onduladas num rabo de cavalo.

Fitando o próprio reflexo a jornalista repassou mentalmente todas as questões que rondavam sua mente referente ao acidente sofrido por Park Jimin e pelo súbito sumiço de seu colega de equipe — Jeon Jung Kook.

Naquele momento não pensaria na elegância refinada do elevador em que estava, diferente dos demais elevadores daquele mesmo hospital, apenas por pertencer a área dos podres de ricos da cidade. Menos ainda na conversa desanimadora que tivera com Yu-na, durante sua breve visita ao presídio.

Não era culpa de Yu-na ser tão pessimista quanto a possibilidade de expor aqueles que tanto desejava quando começou a trabalhar em campo como jornalista investigativa no Diário de Monev, e era justamente para recuperar a velha Yu-na — para que ela pudesse se ver livre outra vez, desfrutando de seus sonhos —, que Yoo-ri havia seguido os passos da irmã mais velha ao se formar em jornalismo e começar a trabalhar no mesmo jornal...

Em busca de desmascarar as mesmas pessoas que a irmã.

Nam Yoo-ri derrubaria quem quer que fosse com a verdade, tão logo a obtivesse, por isso precisava conseguir uma exclusiva com um dos pilotos da Jung Corporation.

Ela inflou os pulmões de ar e esperança quando as portas se abriram no décimo andar, mas assim que viu o corredor a frente de seus olhos, a esperança se esvaiu e o sorriso desapareceu.

Todos os jornalistas da cidade pareciam estar ali, amontoados no corredor estreito com os flashes das câmeras brilhando tanto quanto as luzes fluorescentes presas ao teto engessado. Yoo-ri xingou e saiu do elevador, sentindo os dedos dos pés serem pisoteados pelos colegas de jornais rivais, cujas vozes causavam uma algazarra no ambiente que tentavam gravar.

Naquele momento a jovem jornalista mais uma vez lamentou ter apenas 1,68cm de altura, pois para ver o que se passava ali, e descobrir o porquê todos estavam amotinados na entrada do corredor, precisaria ficar na ponta dos pés — algo impossível quando todos pareciam usar os pés dela, recém chegados, de apoio.

Com um suspiro pesado ela saiu acotovelando cada uma das pessoas que obstruíam seu caminho. Nam Yoo-ri iria conseguir chegar até Park. Tinha que conseguir.

Ao ver uma brecha entre alguns jornalistas, os olhos castanhos de Yoo-ri saltaram da face visando infiltrar-se no pequeno espaço, porém alguém a puxou para o lado subitamente.

Com as feições contorcidas num esgar capaz de assassinar apenas com o olhar fulminante, Yoo-ri fitou o homem que segurava o braço direito dela com firmeza. Os olhos castanhos do rapaz se encolheram com o sorriso crescente em seus lábios, a pele bronzeada se destacava sob a luz fluorescente acesa sobre a cabeça dele.

— Será que devo te por nos meus ombros? — Kim Namjoon tinha uma das sobrancelhas arqueadas, como se zombasse das tentativas da colega de enxergar algo ali, sendo que estava usando um par de all star gastos.

— Eu até aceitaria a oferta, se estivesse com meu salto agulha.

Namjoon riu anasalado como sempre fazia quando a moça o encarava como um pinscher raivoso, prestes a morder suas canelas compridas.

— Você é muito agressiva para alguém do seu tamanho, srta. Nam, razão pela qual guardei um espaço especial para ti. — O moreno retrucou, indicando com o queixo uma fenda estreita que havia entre os jornalistas, contidos pelos seguranças do hospital, e o corredor que queriam invadir.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora