Capítulo 18

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Yoo-ri estancou no lugar com as pálpebras piscando e o queixo pendendo ligeiramente para baixo. Com o coração ressabiado, tudo que sua mente parecia capaz de gritar, em letras garrafais, era: MERDA.

Merda, Nam Yoo-ri! Por que tinha de esquecer aquele maldito boné na cama de Seokjin?

Nam Yoo-ri, você foi descuidada, o sorriso de escarninho, que içou os cantos da boca de Jung Hoseok, parecia dizer diante da visão que tinha da jornalista estupefata. Por isso, tão logo o notou surgir, Yoo-ri fechou a boca e empertigou-se, enfiando as mãos nos bolsos para disfarçar a sudorese que umedecia as palmas.

— Estou tremendamente surpresa por você saber a respeito do que houve com minha irmã, afinal, não sabia que um milionário, empresário, e ex-piloto, tinha tempo para cuidar de penitenciárias, tampouco de suas detentas. — Yoo-ri franziu a tez, dissimulada. — Não acha isso estranho?

O sorriso nas feições de Hoseok alargou-se, e ele arqueou uma das sobrancelhas.

— Você tem um senso de humor inigualável, Nam. E, embora não lhe deva satisfações, foi Solar quem me contou sobre a internação de sua irmã. Você se lembra dela?

— Sua secretária?

— A própria.

— Então é ela quem faz bico na cadeia? Uau, Sr. Jung, não pode pagar sua secretária um pouquinho melhor? Ela parece estar passando dificuldades, hein?

O diretor do hospital tinha os olhos esbugalhados por trás das lentes quadradas do óculos, os ombros exalavam tanta tensão que poderiam partirem-se ao meio pela audácia que a jovem diante dele possuía em tratar um dos maiores doadores do Hospital Geral de Monev daquela maneira. Em contrapartida, Hoseok jogou a cabeça para trás, numa gargalhada de conspícua diversão.

— Você é tão divertida! — Enxugou uma lágrima. — Bem, Solar estava procurando por você, a meu pedido. Quando não conseguiu contatá-la através do telefone, a procurou no jornal, e até mesmo em sua residência. Porém, Nam Yoo-ri parecia ter desaparecido. Então, dedicada como é, Solar recorreu a sua irmã.

A expressão de Nam escureceu e seus lábios enrolaram-se em insatisfação. Se pela confissão de que aquele homem vil a procurava através da família, ou se por estar olhando-a com um sorriso debochado, como se Nam tivesse cara de palhaça, não sabia dizer.

— E o que você quer comigo? — Inquiriu ríspida.

Os olhos de Hoseok desviaram-se de seu rosto e pousaram no boné que ele segurava. A jornalista moveu os lábios discretamente. Não havia suas digitais ali, lembrou a si mesma. Ele não tinha como saber que aquele boné tinha sido usado por ela.

— Sr. Choi? — Para surpresa de Yoo-ri, Hoseok girou na cadeira, dirigindo-se ao diretor do hospital — Aquele café que me ofereceu a pouco, ainda está de pé?

Uma breve troca de olhares ocorreu entre os dois homens, fazendo os sentidos de Yoo-ri entrarem em estado redobrado de alerta assim que o Diretor Choi se levantou de sua mesa, ajeitando o jaleco sobre os ombros estreitos.

— Mas é claro, Sr. Jung! Irei providenciá-lo neste instante — o homem forçou um sorriso de lábios fechados ao fazer uma breve mesura na direção de Jung e se retirar da sala, fechado a porta às costas de Yoo-ri.

Um silêncio desconfortável se instalou na sala. Hoseok se levantou e enfiou a mão esquerda no bolso da calça azul Royal que vestia, enquanto com o indicador da direita rodopiava o boné. Um suspiro profundo e dramático foi expelido de seus lábios quando girou o pescoço e cravou os olhos verdes feito esmeraldas nos castanhos de Yoo-ri:

— O que acha que vim fazer aqui, Nam?

— Coisa boa não deve ser — ela cruzou os braços sobre o peito. — Se for ficar enrolado, me avisa, pois ao contrário de você, sou muito ocupada.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora