Capítulo 36

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Yoo-ri puxou a capa de chuva sobre o rosto, tentando se proteger da tempestade que caía incessantemente, sentindo cada gota fria como um chicote contra sua pele. A peruca ruiva e os óculos grandes eram suas melhores defesas contra qualquer reconhecimento, mas também a faziam sentir-se como uma atriz em um papel desconfortável.

— Droga! — praguejou ao afundar o pé em uma poça inesperadamente funda, encharcando a perna da calça e aumentando seu desconforto. — Esse maldito escolheu o pior dos dias e um dos piores lugares para esse encontro! — A cidade e o destino pareciam conspirar contra ela.

Ela se apertou pelas ruas lotadas e abafadas, sentindo o peso das gotas de chuva nas costas como pequenas marteladas ininterruptas. As pessoas corriam para se proteger, lutando contra a tempestade enquanto tentavam salvar seus itens de venda. O cheiro de terra molhada e desespero pairava no ar. A cafeteria que procurava estava quase escondida entre duas esquinas inclinadas, num bairro subvalorizado e frequentemente alagado durante temporais. Ao avistá-la, um misto de alívio e repulsa tomou conta dela. A visão do refúgio temporário era reconfortante, mas a decadência do lugar combinava com a sensação de desespero que carregava consigo.

O ambiente da cafeteria era sombrio, com um charme decadente que evocava memórias de tempos melhores. O cheiro forte de café se misturava ao mofo, criando uma atmosfera de nostalgia amarga. As paredes, cobertas por fotografias antigas e desbotadas, contavam histórias de um passado esquecido, enquanto o piso de madeira rangia a cada passo, como se protestasse contra o presente. Yoo-ri avistou Jung Hoseok nos fundos, perto da janela, onde a luz fraca da rua destacava sua silhueta elegante. Vestido impecavelmente, os fios úmidos caíam sobre sua testa, dando-lhe uma aparência ao mesmo tempo desleixada e sofisticada. Ele jogava xadrez sozinho, cada movimento meticulosamente calculado, refletindo a complexidade de seus pensamentos.

Seus olhos verdes encontraram os dela.

— Agora que você está aqui, Nam Yoo-ri, sinto que não preciso de você — disse Hoseok, um sorriso frio se formando em seus lábios.

— O quê...

— Mas você precisa de mim — ele a interrompeu, sua voz cortante. — Então, sente-se.

Yoo-ri se aproximou da mesa com hesitação, sentindo o olhar de Hoseok como um peso em seus ombros. A frustração e o desconforto cresciam em seu peito. Ele indicou o assento diante de si com um gesto casual, quase indiferente, enquanto um garçom se aproximava silenciosamente.

— Um café preto, sem açúcar — pediu Hoseok, sua voz firme e autoritária.

Caramel Macchiato, por favor — disse Yoo-ri, tentando manter a compostura.

O garçom se afastou. Ela fitou Hoseok com uma expressão enraivecida, sentindo a raiva subir como uma chama dentro dela.

— Oh, não me olhe assim, Yoo-ri. — disse, inclinando-se ligeiramente para a frente, sua voz carregada de falsa simpatia. — Vai me dizer que não é verdade? Você está desesperada agora. Por isso veio correndo como eu pedi, no momento que eu pedi — ele destacou cada palavra com um prazer quase sádico. — Provavelmente notou que seu cachorrinho é do tipo que ladra, mas você quer um que morda, não é? — Sorriu de lado, um sorriso que mais parecia uma navalha. — Ah, mas saiba que eu não mordo. Arranco pedaços.

— Não ofenda os cachorros se comparando a eles, Jung Hoseok — Yoo-ri respondeu entre dentes, tentando controlar a mistura de raiva e culpa que queimava dentro dela. A imagem de Jungkook surgiu em sua mente, aumentando sua consternação. Estava ali sem ele saber, porque, no fundo, não acreditava que ele poderia ajudá-la como precisava. E essa traição silenciosa corroía seu coração, embora negasse a si mesma. E era ainda pior ter aquele cretino imoral jogando isso na cara dela.

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⏰ Última atualização: May 22 ⏰

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Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora