Capítulo 21

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Jung Hoseok nunca achou que precisaria pensar, tão cedo, no significado do símbolo do patrimônio de sua família: uma ouroboros. Para ele, sempre foi algo insignificante, desde menino. Uma vez, ele chegou a ter pesadelos que envolviam o símbolo, porém, era coisa de criança.

Mal sabia ele que seu verdadeiro pesadelo começaria logo depois de descobrir quem realmente era seu pai — e o verdadeiro significado por trás da ouroboros presente no símbolo da Jung Corporation.

Ah!, se ele pudesse voltar atrás... com toda certeza não teria subido naquela moto com o intuito de fugir do monstro que vivia dentro da sua própria casa. Seu antigo herói, o qual Hoseok descobriu ser o vilão de muitas vidas, não somente a dele.

Um louco, ganancioso. Uma cobra sem escrúpulos.

E foi com esse mesmo pensamento em mente que o rapaz apertou o volante e pisou no acelerador, sentindo a adrenalina correr por suas veias enquanto atravessava a cidade de Monev a toda velocidade, desenfreado, sem limite.

As íris verdes faiscavam só de olhar o caminho à sua frente. Hoseok não se importava com os xingamentos que receberia, nem com as prováveis multas. Pagaria todas, tinha dinheiro para isso. E se perdesse o carro, comprava outro. Caso perdesse a habilitação, bom, não seria de fato um de seus maiores problemas — e sempre há meios de burlar as leis quando se tem um nome de peso, e muito dinheiro, em meio a sociedade em que se vive.

Se os seguranças do condomínio não tivessem avistado o carro em alta velocidade, e não abrissem o portão rapidamente, com toda certeza o portão teria sido arrancado ou o carro estraçalhado. Ao passar pelo portão, Hoseok freou, e ficou observando de longe, esperando o momento que seu pai sairia de casa. Quando avistou o velho Dong-Wook, sorriu e acelerou outra vez.

Viu o pai de olhos arregalados e mais uma vez parou o carro, assim que o homem se jogou no chão para fugir do impacto que pensou que o atingiria. O herdeiro Jung vislumbrou por cima do óculos de sol, com um sorriso pretensioso, os seguranças se juntarem para tirar seu pai do chão.

No final, depois de tanto se assustar com a figura do pai, Hoseok acabou se tornando a imagem e semelhança do velho. Uma cobra prestes a devorar os inimigos.

E Seokjin seria o primeiro deles.

— Você ficou louco! — Gritou Dong-wook, assim que o filho saiu do carro. O mais velho batia de leve no terno, tirando os grãos de sujeira.

— Percebeu tarde demais, não acha, papai?

— Você podia ter me matado, seu moleque! — Vociferou, furioso.

— Nesse caso, o trono ficaria livre para mim. — Hoseok falou com tremenda simplicidade, o que gerou uma feição de susto no mais velho. — Mas não se preocupe. Pisei no freio sem querer. Assim como daquela vez, lembra? Acho que adquiri esse costume.

— Filho... — Dong-wook tentou pegar no ombro dele, mas Hoseok recuou e seguiu para dentro da mansão, enfiando as chaves do carro dentro do bolso.

Hoseok não costumava ir à casa do pai, porém, era necessário que o fizesse. Ele precisava pegar algumas coisas no antigo quarto, um agrado para Nam Yoo-ri, visto que a jornalista o aceitou como "parceiro".

— O que foi isso? — Uma senhora de meia idade apareceu, pálida, segurando ambos os lados do rosto.

— Está falando da minha vinda repentina, ou do fato do velho quase ter sido atropelado? — Hoseok brincou, fazendo um barulho de motor com os lábios, para logo em seguida sorrir na direção da mulher. — É brincadeira! — Mesmo que a mais velha o olhasse com repreensão, Jung Hoseok a abraçou, cobrindo o corpo pequeno com seu abraço surpreendentemente caloroso.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora