Capítulo 32

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A atmosfera tempestuosa pairando no grupo ao redor de Seung-hee não combinava com o calor abafado que baixou sobre Monev após o cessar da chuva.

Namjoon afastou o colarinho enquanto observava Yoo-ri cerrar os punhos e Jung Kook esfregar a testa com um suspiro preso na garganta. Jimin proferiu diversos palavrões, competindo com Seung-hee, que finalizou sua verificação em cada pasta que havia dentro do pendrive encontrado na maleta de Kim Seokjin com a face vermelha de frustração.

Conseguir aquela maleta foi fácil demais para ser verdade, era o que todos naquele cômodo pareciam pensar, incapazes de proferir em voz alta, porque o semblante de Yoo-ri dizia que a jornalista pensava o oposto: havia sido difícil demais, longo demais, para travarem ali.

Seung-hee passou dias tentando destravar a maldita maleta apenas para se depararem com um pendrive. Um pendrive recheado de documentos que provavelmente continuam os desfalques e empresas fantasmas, possivelmente continha cada podre de cada executivo e político envolvido nos desvios da Instituição da Kiire Joks — segundo sugeria o título de cada pasta —, mas cada um daqueles malditos arquivos exigiam uma senha para desbloquear. Uma digital. A digital de Kim Seokjin. Ou uma senha numérica que não tinha nada de similar à que Seung-hee decodificou para abrir o pertence daquele empresário oxigenado, concluiu Yoo-ri, em pensamento, passando os dedos entre as madeixas.

— Parece que não tem saída além de conseguir a digital daquele loiro oxigenado. — Verbalizou, pondo as mãos na cintura.

— Posso decodificar esses arquivos em menos tempo com a ajuda de alguns amigos que...

— Não — Yoo-ri elevou o tom e salientou os olhos ao interromper Seung-hee. — Não quero envolver mais gente nisso. Chega!

— Fazer isso sozinha levará mais tempo, ao menos para vermos tudo, mas podemos escolher um desses documentos e...

— Não, Seung-hee. Eu agradeço sua ajuda e todo seu esforço, mas acho que chegamos num ponto em que ficou claro que preciso encontrar outra saída.

Seung-hee encolheu os ombros e abriu a boca, mas a voz ouvida não pertencia a si.

— Que saída? — Jung Kook perguntou, fitando a jornalista com os braços cruzados sobre o peito, o maxilar travado. — Jung Hoseok? O herdeiro da Jung Corporation que jogará todos nós na fogueira para manter o próprio pescoço intacto? Seung-hee sabe que não podemos confiar em qualquer um, tenho certeza de que não levaria esse pendrive a qualquer um.

— Jung Kook e Seung-hee estão certos, Yoo-ri. Sei que é uma emergência porque temos aqui um cara acusado de assassinato sendo apedrejado nas redes sociais desde o escândalo com as subcelebridades e as drogas. Outro supostamente morto e enterrado que não pode desmentir seu suposto assassinato pousando numa foto com seu suposto assassino, e uma médica antiética foragida depois de ter seus crimes de estelionato expostos na mídia. E, sim, Jin foi mencionado junto a esses três indivíduos, mas tenho certeza de que ele, e cada nome presente nessas pastas, fará de tudo para se livrar desse vínculo culpando outra pessoa. — Namjoon levou a mão ao peito e respirou fundo, sentando-se sem ar após tanto falar.

Um sorriso sem graça surgiu em sua boca quando seu olhar cruzou com os de Jung Kook, Jimin e Jin-a, cuja postura havia se tornado defensiva.

— Lamento falar de vocês assim, mas...

— É a verdade. Você não mentiu. Somos três fodidos e ninguém está interessado, na verdade, por trás de cada acusação ou mentira erguida contra nós — concordou Jimin, com um longo suspiro, erguendo-se do sofá. — E você poderia ser a quarta integrante do grupinho de jovens destruídos pela Kiire Joks, Yoo-ri. — Acrescentou, encarando a jornalista.

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