Capítulo 12

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Jung Kook levou a xícara aos lábios e observou o horizonte. Tons de azul se mesclavam ao laranja rosáceo que marcava o crepúsculo. Através do vidro, nas janelas da cafeteria, era possível ver a movimentação lá fora. O ir e vir das pessoas saindo dos altos edifícios depois de um longo expediente de trabalho e seus olhos vagavam por entre os desconhecidos à espera de ver alguém familiar.

Porém, dos táxis que deixavam os clientes na entrada do estabelecimento, aos pedestres que atravessavam a faixa branca, depois de descer no ponto de ônibus do outro lado da avenida, nenhuma das moças de madeixas castanhas possuía os olhos oblíquos, desafiadores e destemidos, que ele ansiava por ver.

Desde que havia sentado ali, com Yoongi, perguntava-se se a moça havia esquecido do encontro que tinham marcado, enquanto a parte mais negativa dentro dele se perguntava se algo havia acontecido durante a ação que ela dissera que tomaria durante a tarde — logo após estabelecerem os horários em que Jung Hoseok costumava deixar a empresa para quaisquer circunstâncias.

Nem mesmo a outra jovem, que sabia que o piloto estava vivo e a ativa por aí, às escondidas, parecia colaborar com o que ele precisava fazer ainda naquele dia — uma vez que seu telefone continuava com a tela apagada, sem vestígio algum de mensagens vindas dela.

— Em, Jung Kook? — Yoongi estalou os dedos diante dos olhos do moreno, fazendo-o voltar a atenção para ele. — O que acha da minha ideia? — Indagou, retomando o tópico que discutiam desde que haviam se sentado ali, nos fundos duma cafeteria quase vazia.

— Muito arriscado e perigoso. Não podemos usá-la dessa maneira. Me preocupo com o que possa vir a acontecer se isso der errado.

— Você não se preocupa com o que pode acontecer a mim? — O mecânico soou ofendido, os olhos miúdos, espremidos, grudaram nos olhos do amigo.

— Claro que me preocupo.

— Então por que fica com essa ladainha? Por acaso vocês voltaram e você não me contou?

As feições de Jung Kook se contorceram num misto de revirar de olhos e enrugar de lábios — uma careta medonha para quem visse. Ele balançou a cabeça e bebeu um longo gole do café americano que havia em sua xícara — o gosto fraco e aguado o fez compreender por que o lugar estava praticamente vazio. Ao menos os cookies de chocolate eram saborosos, pensou, afastando a xícara da boca.

Seus olhos observaram Yoongi por breves segundos. O maxilar cerrado e o piscar entediado de suas pálpebras eram indício de que estava irritado, pois Min estava convencido de que o plano que havia bolado no último dia era a melhor das ideias que o trio tivera na última semana, depois de ele observar os passos de Kim Seokjin, na surdina, enquanto Jung Kook se manteve na cola de Jung Hoseok.

Infelizmente nada fora do comum pudera ser registrado pelos dois, a distância. Tudo parecia normal. Comum. Comum até demais, para o receio de Jeon.

Precisavam de um meio de conseguir entrar nos confins dos lugares em que aqueles dois homens poderiam guardar seus segredos sujos, como seus escritórios, clubes privados e apartamentos. Mas nem Yoongi, nem Jung Kook, podiam se aproximar da empresa sem atrair atenções — Jeon não poderia surgir diante daqueles empresários de modo algum. Tinha certeza de que dessa vez não seria um acidente automobilístico que usariam para se livrar dele.

E depois do que tinha feito, esvaziando as contas que haviam aberto em seu nome, sem seu conhecimento — algo que deveria ter continuado assim até o momento de seu descarte —, apostava que ambos queriam sua cabeça posta à mesa num corte limpo e rápido.

Mas fora justamente por observá-los, movido por um dos hábitos dos dois patifes, que Yoongi se prendeu àquele plano maluco — maluco, contudo, bom o suficiente para o moreno o ajuizar, pois poderia resultar em informações certeiras. Ou quase. E eles precisavam de informações certeiras ou quase certeiras.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora