Capítulo 31

265 24 0
                                    

O diabo estava à solta. A tensão instalada no ambiente chegava a ser palpável. Kim Seokjin encontrava-se internamente transtornado, mas ele não poderia perder o controle na reunião dos acionistas, nem o remédio que havia tomado há meia hora deu um jeito no seu nervosismo. Os dedos longos estavam avermelhados de tanto que ele pressionava, a respiração desregulada, e os fios ligeiramente bagunçados. Monev estava um caos, as chuvas eram fortes, as notícias arrebatadoras.

O inferno estava em um de seus dias mais frios.

Luz alguma atravessava as grandes janelas da sala de reunião, apenas o tom azulado e frio era perceptível no local com nuvens grandes e cinzas como paisagem.

— As ações continuam caindo, jornalistas estão lotando a entrada do prédio. Esse escândalo pode acabar com a nossa reputação, pretende fazer algo? — Um dos acionistas, na casa dos 60, bateu a mão enrugada na mesa e encarou o loiro com os olhos ávidos e avaliadores.

— A notícia já foi tirada do ar, e a jornalista responsável foi despedida. — A resposta foi rápida, acompanhada de um gole único de whisky, porém insatisfatória.

Antes que mais alguém pudesse reclamar, as portas foram abertas e um trovão soou do lado de fora. De repente a atenção não estava mais no cúmplice de um assassinato e desvio de verbas da Associação Esportiva Kiire Joks, e sim em alguém que parecia sempre voltar dos mortos: Jung Hoseok. Até o inferno o recusava. Solar guiava a cadeira de rodas, enquanto o herdeiro exibia um sorriso encantador, e um curativo acima da sobrancelha.

— Jovem Sr. Jung. — Todos ali, menos Seokjin e o próprio pai do herdeiro, levantaram-se para recebê-lo.

— É ótimo ver todos vocês novamente. Meu médico recomendou repouso, e nenhum esforço, e bom, por enquanto isso vai ser temporário. — Ele apontou para a cadeira de rodas. — Enfim, voltei porque soube das notícias. — O moreno evitou olhar para Seokjin — e pelo que vi lá fora nada melhorou. Estou certo, pai?

— Sim. — O Jung mais velho olhou de soslaio para o filho e torceu os lábios. — Senhores, peço que se retirem, nossa reunião acaba aqui. — Ele ficou de pé, e abotoou um botão do paletó enquanto os acionistas se curvaram, batiam os sapatos caros no chão, e saíam resmungando da sala de reunião.

— Droga! — Seokjin socou a mesa com força.

— Calma! Cuidado pra não demonstrar demais seus traços assassinos! — Jung Hoseok provocou, dedicando um olhar preocupado para o loiro que já estava de pé com o braço erguido, o peito inflado e prestes a jogar o copo no chão. — Na verdade, cuidado para não demonstrar nada. Se tem uma coisa que entendo bem é de difamação, perseguição jornalística e caos. — Ele uniu ambas as mãos, como mestre que está preste a ensinar os seus alunos. — No seu caso as coisas são mais difíceis, porque apesar de ser uma meia verdade, não podemos correr o risco de eles acharem provas de coisas que você realmente tem culpa.

— E o que sugere, meu caro — Jin queria esculachá-lo ali mesmo, se pudesse o derrubaria da cadeira de rodas, mas seu chefe estava ali, e apesar de Jung Hoseok ser um filho trabalhoso e complicado, ainda era o filho do seu chefe. — Hoseok? — guardou o xingamento para si, apertando com força a própria calça.

— Ao contrário de mim, sua fama é muito mais relevante quando falamos de positividade. Se esse fosse um boato que envolvesse meu nome diretamente, a mídia não ficaria surpresa. Porém, você, Kim Seokjin, o empresário de sorriso genuíno, beleza admirável e postura intocável, causa uma surpresa e um belo rebuliço. Só o que precisamos fazer é achar um culpado, foi bem fácil no passado. Lembra da Srta. Nam Yu-na, papai? — Ele girou a cadeira na direção do pai que estava no centro da mesa.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora