Capítulo 22

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Jung Kook expeliu uma longa lufada de ar, através das narinas, e com uma das mãos jogou uma bolinha de ping pong para o alto, enquanto a outra mão apoiava sua cabeça, deitada no braço do sofá. Ele estava de volta à garagem de barco, sozinho, outra vez. Depois de viver um dia e uma noite surreal.

A chuva caía lá fora, batendo ruidosamente contra o teto da garagem, que o piloto fitava. Por uma pequena ranhura no cantinho do teto de metal, a água da chuva escorria pelas laterais das paredes. A mente de Jung Kook parecia escorrer como aquela água, por caminhos enlameados de mágoas, que faziam as palavras ditas por Jung Hoseok ressoarem em seus ouvidos.

"Você é inteligente o suficiente para saber que um drogado como ele não poderá te oferecer nada que possa realmente limpar o nome da sua irmã". As palavras de Hoseok foram certeiras. Haviam pressionado, com a ponta afiada, o ponto exato onde a ferida aberta no peito do piloto ainda doía.

Jung Kook não podia se importar menos com o que Hoseok pensava a respeito dele, afinal, tinha a ligeira impressão de que Hoseok havia olhado para ele, diretamente em seus olhos, antes de deixar a cafeteria para trás. Mas uma sensação inquieta e incomoda havia se alojado em seu coração, não apenas por Yoo-ri concordar em se unir àquele cara — mesmo sabendo que as respostas que tanto procurava podiam estar no notebook que Seung-hee havia descoberto, dentro da maleta roubada de Seokjin. O que realmente o incomodava era o fato de Yoo-ri nem ao menos se preocupou em discordar das palavras que Hoseok usou para se referir a ele, seu "parceiro inútil". Tudo isso depois de todo aquele belo discurso que ela fizera.

Jung Kook se sentia idiota por acreditar nas palavras de Yoo-ri, sobre permanecer ao seu lado. Se sentia ainda mais idiota por ter se apegado a ela.

Aquela era a visão da jornalista, sobre permanecer ao lado de alguém? Tendo encontros secretos com um de seus "inimigos"? Logo aquele que desprezava Jung Kook profundamente, por questões que o piloto nem mesmo sabia se entendia?

Desde o primeiro encontro que os dois tiveram, na mansão dos Jung, Jung Kook soube que a torcida de nariz, e olhar ácido, que fora dirigido a ele, ao se curvar solenemente diante do herdeiro da Jung Corporation, permaneceria no rosto de Hoseok, ao longo dos anos, sempre que ele aparecesse na frente dele.

Jung Kook não acreditava na resolução que Kim Seokjin havia lhe dado quando se conheceram na sede da Kiire Joks, numa das suas primeiras coletivas de imprensa, pois o empresário havia dito que se tratava de Inveja. Afinal, por que um cara multimilionário sentiria inveja de um jovem órfão? Jung Kook não tinha nada naquela época. Nada além de um contrato que lhe prometia uma carreira próspera e bem remunerada. Porém, não tardou para que entendesse porque Seokjin havia dito que Hoseok o invejava.

Jeon Jung Kook havia aparecido, brilhando na mídia, justamente quando seu antecessor havia sofrido um acidente que lhe impediria de voltar a competir, por fraturas sofridas na perna e na coluna que não o impedia de dirigir, mas de entrar em uma competição. Seu corpo nem havia esfriado quando as matérias sobre o "garoto de ouro" do interior preencheu os jornais, como sendo a promessa de "melhor piloto descoberto pela Jung Corporation".

Entretanto, de algum modo, e por ironia do destino, havia chegado a vez de Jung Kook sentir inveja de Jung Hoseok.

Pois naquele momento o ex-piloto tinha muito mais a oferecer, para a pessoa com quem Jung Kook gostaria de estar, do que ele jamais teria. 

 

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