Capítulo 20

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Jung Kook prendeu a respiração e manteve os olhos fixos em Yoo-ri. Os pés que ela balançava haviam parado de se mover. Mentalmente, ele garantia a si mesmo de que estava pronto para qualquer reação negativa que aqueles olhos cor de avelã pudessem dirigi-lo após confessar a profunda escuridão que havia dentro de seu coração.

Ele garantiu para si mesmo que não doeria quando os dedos finos de Yoo-ri soltassem os dedos dele, embora ela tivesse prometido permanecer ao seu lado independente do que viesse a acontecer, pois se lembrava bem de como a jornalista o abordou no dia em que se viram pela primeira vez. Lembrava-se do julgamento que seus olhos, outrora gentis e amáveis, haviam direcionado a ele, com as acusações implícitas que rondavam toda a mídia.

Mas, até então não haviam confirmações. Não haviam certezas. Yoongi e Jimin eram os únicos que conheciam a veracidade por trás das fofocas expostas por pessoas que o piloto pensou serem seus amigos. E agora Yoo-ri também sabia.

Não importava o quanto Jung Kook tivesse lutado contra cada matéria que havia surgido, nem o fato de muitos jornais terem exagerado no que diziam sobre os relatos dos "amigos" do piloto, acerca do que ele fazia durante as festas que dava após suas vitórias. Pois ele sabia, havia sido um tremendo idiota. Não somente por confiar demais em pessoas que nunca deveria ter deixado que entrassem em sua vida.

Jung Kook havia quebrado a promessa feita por seu eu do passado.

Como previsto, Yoo-ri tirou a mão debaixo da dele, fazendo com que sua palma tocasse a superfície gélida do balcão. Ele estava certo, embora fosse o que mais temia. Nam Yoo-ri o havia julgado — também o considerava um drogado.

Yoo-ri de fato o julgara durante o período em que o procurou, após o acidente de Park Jimin, e mesmo durante o tempo em que passaram a se conhecer, pois Jeon Jung Kook parecia ser a personificação da palavra "irritante". No entanto, Jung Kook a cativou com esse jeito que a irritava, fazendo com que a visão que possuía sobre o piloto mudasse. Logo, para surpresa dele, Yoo-ri o abraçou.

Aqueles olhos, semelhantes a duas jabuticabas, exprimiam tanto sofrimento quanto arrependimento e vergonha, e tudo que Yoo-ri desejava fazer, naquele momento, era abraçá-lo. Yoo-ri queria abraçar o Jeon que estava na sua frente e o pequeno Jeon que havia crescido, sendo chamado de assassino e agora de drogado, por pessoas que não sabiam o peso que aquelas palavras carregavam ou como recaiam dolorosamente sobre os ombros dele.

Ela não podia admitir saber parte da história que ele havia lhe contado, pois podia ver nos olhos de Jung Kook o quão difícil havia sido compartilhar com alguém as memórias de seu passado tão frio e solitário quanto as madrugadas invernais no Alasca. Tudo graças ao pai dele. Mas queria dizer a Jeon como se sentia acerca da confissão que havia acabado de ouvir, pois para ela as palavras usadas pelas mídias e pelo sr. Jeon, não eram reais quando se tratava de Jeon Jung Kook.

— Quando penso na minha família, piloto, nos meus pais e na Yu-na, penso que conseguiria dar a minha vida por cada um deles. Então, se pensarmos na sua mãe, quando ela descobriu que para viver você teria que morrer, consigo entender porque a sra. Jeon escolheu dar à luz ao seu precioso bebê. — Yoo-ri disse, soprando o pescoço de Jung Kook com o hálito quente, e se afastou o suficiente para olhar no fundo dos olhos do rapaz ao continuar: — É mais fácil entender isso quando temos alguém que amamos profundamente e desejamos proteger. O seu pai não conhecia esse sentimento, por isso culpava você ao invés de te amar, como deveria ter amado. Mas a sua mãe conhecia bem esse sentimento, porque ela te amava demais, Jung Kook.

— Yoo-ri... eu... — Quando os olhos de Jung Kook se encheram de lágrimas e ele ruborizou, piscando para afastá-las, ela sorriu minimamente e segurou as mãos grandes do piloto entre as dela. — Você vai permanecer ao meu lado, mesmo sabendo que eu...

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora