Capítulo 33

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O que realmente significa caos?

Carma, e tantas outras palavras que trazem essa sensação ruim?

Um aperto no peito, uma aflição?

Seja lá o que essas palavras realmente signifiquem, o que o herdeiro Jung sentia naquele momento era dor. Seu peito estava dilacerado, o coração parecia ter sido esmagado e arrancado para fora de seu corpo.

A dor de Hoseok estava expressa nos grunhidos e nas veias que saltavam no pescoço, no tom avermelhado que tomava conta de seu rosto, e no suor que escorria por suas têmporas. O grito quase ensurdecedor. Os dentes trincados e expostos.

Jung Hoseok parecia uma fera em seu mais puro estado de raiva. Porém, o coração estava cheio de tristeza, enquanto segurava a mulher sem vida em seus braços.

O chão estava escorregadio, completamente molhado e frio. Ele a segurou com mais força junto a ele, apertando-a contra seu peito na intenção de sentir o coração dela bater junto ao seu. Mas o único que batia ali naquele banheiro era o dele. Um batimento acelerado. Desesperado.

Ah, o maldito Dejá vu! A mente dele entrou num verdadeiro turbilhão. Por um segundo flashes de memórias vieram à sua mente. O corpo de sua mãe jogado no chão da cozinha há alguns anos, enquanto o pequeno Jung Hoseok olhava perplexo para o sangue espalhado pelo piso, manchando em sua roupa. Não, de novo não! Ele encarou o rosto sem vida do seu presente, enquanto um sorriso trêmulo surgia em seu rosto.

Não, ele não podia acreditar. Outra lágrima escapou de seu olhar. Sim, era uma alucinação. Com toda certeza. Ele era louco. Ele estava louco. Sim, era um delírio. Ele se convenceu disso. Era mais fácil convencer de que tudo era um pesadelo do que encarar a morte de alguém que amava novamente.

De repente ele largou o corpo no chão e se afastou num impulso, escorregando no chão molhado.

— É isso. Eu... Eu vou acordar. Sim, eu vou acordar.

Ele encostou as costas na parede e desviou o olhar do corpo enquanto buscava secar as próprias lágrimas, sentado no canto perto da porta.

— Sra. Hae-ri, eu sei que você está comigo, está. Você sempre esteve.

Hoseok tremia enquanto se convencia com aquelas palavras.

— Tenho que encontrá-la. Sim! — Ele juntou forças em busca de levantar do chão, mas ao pôr toda força em suas mãos e joelhos, fraquejou e escorregou, caindo sentado outra vez.

— Sr. Jung... — Uma das empregadas que observava a cena tentou chamá-lo, porém, ele estava distante. Lutando contra o que via.

— Não... — Ele forçou um sorriso que veio acompanhado de lágrimas. — Eu tenho que vê-la. — E finalmente se levantou. Cambaleando, saiu do banheiro, esbarrando nos funcionários que observavam a cena e tentavam ajudá-lo. — Sra. Hae-ri! — saiu chamando pelos corredores.

Sua voz estava embargada e o olhar carregava um misto de esperança e medo. Lacrimejados e com um brilho de pura tristeza.

— Sra. Hae-ri, eu preciso de você! Seu menino... — Hoseok levou uma das mãos até os cabelos. O desespero de não ter um retorno estava tomando conta de si. — Vamos lá! Apareça e brigue comigo. Sra. Hae-ri! — Ele esbarrou em outro funcionário e mesmo assim seguiu seu caminho em busca de uma resposta que ele não teria. — Eu preciso de você!

Ele seguiu o caminho até chegar no jardim. E lá ele caiu. Se permitiu desabar. Os joelhos foram ao encontro do chão e mais uma vez ele gritou:

— Eu preciso de você!

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora