Capítulo 06

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O congestionamento na única estrada que levava de Ledom a Monev não parecia estar do lado de Nam Yoo-ri (assim como Min Yoongi), enquanto ela dirigia de volta para a cidade.

Por que diabos nada tinha dado certo naquele maldito dia? Onde raios Jeon Jung Kook tinha se enfiado?

Se é que ele está vivo... uma vozinha chata ressoou na mente dela quando girou o volante, finalmente saindo da via principal de Monev. Ainda tinha essa questão, por mais que odiasse pensar a respeito desta possibilidade. Jeon Jung Kook poderia não estar vivo — ela não ficaria surpresa se o corpo do rapaz fosse encontrado nos próximos dias com evidências de "overdose" ou "suicídio".

Yoo-ri inspirou profundamente, contendo o urro de frustração que subiu pela garganta. Sua cabeça latejava o suficiente para que surtasse naquele momento, piorando-a. Quando finalmente entrou na rua estreita e parou o carro no meio fio, defronte a casa de tijolos vermelhos, e cerca branca, no fim da rua sem saída, a morena pegou a sacola de medicamentos, que havia jogado no banco do carona durante o percurso, e saltou do carro.

Todas as luzes da casa estavam acesas e o som alto do canal de notícias soava na sala enquanto ela subia os degraus da varanda, as chaves do lugar que um dia fora seu lar tilintando no bolso. Uma lufada de ar quente com cheiro de maçã e canela a saudou quando abriu a porta, misturando-se a brisa fria que entrou junto consigo antes de voltar a fechá-la.

Nam Mi-ra — uma mulher pequena, na casa dos cinquenta, com fios brancos em meio a ondas castanhas — estava sentada no sofá acinzentado com os braços cruzados sobre o peito.

— Onde está o papai? — Yoo-ri perguntou, parando na frente da televisão.

Os olhos miúdos, semelhantes aos da recém-chegada, desviaram-se da TV, a expressão austera com a qual encarou a filha acentuou as rugas em sua face.

— Dormindo. Onde mais ele estaria? — Respondeu ríspida. — Você tem ideia de que horas são, Nam Yoo-ri?!

Yoo-ri passou os dedos entre os fios de cabelo, jogando-os para o lado para disfarçar o rolar de olhos.

— Eu tive um imprevisto no meio do caminho e precisei passar no meu apartamento...

— Que tipo de imprevisto pode ser mais importante que seu pai? Ele poderia ter morrido se o filho do vizinho, Taehyung, não tivesse nos acudido!

Yoo-ri espremeu os lábios, sentindo um pouco de culpa lhe pressionar o peito com as palavras da mãe, mesmo sabendo que ela poderia estar exagerando justamente para isso: fazê-la se sentir culpada.

— O que o papai tinha?

— Hipoglicemia.

— Outra vez?

— Ele estava sem tomar os remédios há alguns dias.

— Por quê? Por que não me disseram que tinham acabado?

— Sabe como Jin-goo pode ser teimoso quando o assunto é gastar o dinheiro das filhas. — Mi-ra bufou descontente — O preço subiu e seu pai decidiu esperar cair o salário para comprar, disse que não queria te incomodar porque deveria estar ocupada demais com seu trabalho.

— Mas a doença não espera...

— Eu sei — Mi-ra interrompeu-a, fixando o olhar decepcionado no rosto da filha — Isso não aconteceria se você ainda morasse conosco. Mas além de não viver com seus pais, vive para o trabalho. Até seu pai tem receio de solicitar um pouco de sua atenção, Yoo-ri.

A morena mordeu a parte interna da bochecha e desviou os olhos. Mi-ra sabia exatamente como fazê-la se sentir mal por não seguir os sonhos que havia sonhado para a filha depois de Yu-na ser presa, ou por ter faltado aos jantares familiares — que para ela não fazia sentido sem Yu-na — nas últimas duas semanas.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora