Capítulo 19

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Se Nam Yoo-ri fosse mais supersticiosa, e menos cética, teria a certeza de que aquela brisa, acompanhada de um sussurro que a fez estremecer dos pés a cabeça, eriçando os pelos de seus braços, havia sido provocada por alguma alma penada.

Porém, o motivo do pequeno susto que a jornalista levou era real. Ele estava ali em carne e osso, como as feições mais aborrecidas do que o normal, e um olhar que denunciava a escuridão onde o moreno encontrava-se naquele instante.

Com o intuito de perguntar se ele estava bem, Yoo-ri esticou o braço para tocá-lo, no entanto, para a surpresa dela, Jung Kook recuou, virando o rosto para o lado abruptamente.

— Você está bem? Por que sumiu? Como somos parceiros, fiquei preocupada. — Justificou ao notar que os olhos escuros, de Jung Kook, estreitaram-se.

— Como me achou? — O piloto inquiriu.

— Tenho meus métodos.

— Se não te procurei, ou se não disse onde estaria, é porque eu queria ficar sozinho, então se já me viu, pode ir para casa. Não quero sua companhia. — Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça e deu as costas para a jornalista, que piscou várias vezes seguidas, sem compreender aquela atitude grosseira.

— Mas quando eu quero algo, eu consigo. Foi assim da última vez, quando nos conhecemos. — Yoo-ri elevou o tom de voz para que Jung Kook pudesse escutar ao afastar alguns passos para longe dela.

— Errado, Nam Yoo-ri. — Ele voltou a encará-la. — Você me achou porque eu deixei, senão, até hoje ninguém saberia o meu paradeiro. Então, por favor, só vá, saia daqui! — Sem pensar, Jung Kook gritou de maneira tempestuosa, mas arrependeu-se imediatamente, assim que viu a reação de Yoo-ri, a qual recuou dois passos para trás, mantendo as mãos seguras nas alças da bolsa, enquanto tentava pronunciar alguma palavra sem emitir som.

Jung Kook engoliu em seco e enrugou os lábios, dando as costas à figura de Yoo-ri outra vez. Não ia se importar com o que ela pensava dele, não devia fazer isso. Ele voltou a caminhar para fora dali, mas teve seus passos interrompidos por um par de mãos pequenas que agarraram seu braço por cima da jaqueta.

— Escute, sei que está passando por algo. Eu sei porque posso ver em seus olhos, eu posso. — Assim que ele virou para encarar a jornalista, seus olhares se chocaram e, mesmo sem querer, Jeon Jung Kook havia permitido que Nam Yoo-ri enxergasse a parte mais profunda de si. — Mas isso não te dá o direito de agir como um babaca ou de gritar comigo, não pense que é assim. Estou aqui porque quero ajudá-lo, entender o que se passa, e o porquê de você estar assim.

— Não, você não quer.

— Caramba, Jung Kook! Você não me ouviu? Eu quero saber, sim, independente do que seja, e de quais sejam os monstros que você guarda dentro de si! — Furiosa, Yoo-ri cutucou o peito do moreno com certa força, mas ele não se moveu nem um centímetro sequer. — Eu quero estar com você, porque somos parceiros. Eu já estava começando a achar que poderíamos ser bons amigos. Então, por favor, pare com isso, deixe de ser assim, compartilhe comigo sua dor, tá legal? — A garota parecia suplicar em cada palavra proferida de seus lábios, o que fez Jung Kook passar os dedos entre os fios densos, exalando um longo suspiro derrotado.

— Você é insuportavelmente insistente, Nam Yoo-ri. — Ciciou, desistindo de tentar impedir que a jornalista se aproximasse, o que lhe rendeu um largo sorriso, vindo dela, ao parar de relutar.

— Essa é minha função, piloto! — Yoo-ri deu um leve soco no braço do rapaz, que encarou a atitude da jornalista com certa estranheza.

E ela, ao perceber que estava sendo amigável demais, pigarreou, passando um fio solto para trás da orelha enquanto olhava para qualquer lugar aleatório do cemitério — evitando os olhos curiosos de Jung Kook.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora