Capítulo 26

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Os ruídos no corredor foram silenciados pelo zumbido que rugia nos tímpanos de Jung Kook. Seus batimentos oscilavam como uma televisão falha e seus pés escorregaram no piso ao virar a curva a direita. Ele puxou a porta do quarto 512 com estrondo — o vento agitou seus cabelos e seus olhos voltaram a firmar-se nas órbitas ao ver que as linhas verdes no monitor multiparâmetro de sinais vitais continuavam normais.

Mas Yoo-ri não estava mais como ele havia deixado.

— O que pensa que está fazendo?

Os olhos da jornalista pararam no meio do movimento de arrancar o soro preso em sua mão direita. As pálpebras se expandiram ao encontrar o olhar do piloto.

— Jung Kook! — Yoo-ri tentou se levantar, mas um gemido escapou de seus lábios.

Não teve tempo de cair sobre o travesseiro outra vez, os braços firmes de Jung Kook a envolveram. Ele fungou em seu pescoço, com o boné amassando a bochecha dela. Yoo-ri tinha os lábios ressecados, o cabelo empapado com o sangue do corte saturado acima de sua sobrancelha esquerda, algumas escoriações cobriam sua pele pálida, entorse costal, contudo, estava viva.

Ela sentia como se o próprio corpo tivesse passado debaixo de um rolo compressor. Todavia, com toda a força que lhe restava, ergueu as mãos e enlaçou a cintura de Jung Kook, dando tapinhas nas costas dele.

— Hoseok, como ele está? O que aconteceu com ele?

Jung Kook sentiu o redemoinho em seu peito se acalmar ao ouvir o som da voz dela. Ele se concentrou naquela emoção para afastar o azedume que contraiu seu estomago ao se lembrar do cretino que havia ameaçado Yoo-ri.

— Infelizmente, sobreviveu. — falou e se afastou para ajudá-la a se sentar sem se esforçar, erguendo a cama.

— Por que infelizmente? Ele ia me dar provas para inocentar Yuna...

— Yoo-ri... — Jung Kook suspirou, frustrado. — Você tem ideia de como fiquei preocupado? Você tem ideia do que senti quando pensei que... — ele fechou os olhos e apoiou a testa na de Yoo-ri, incapaz de nem sequer concluir o pensamento que o afligira há poucos minutos.

— Desculpe? — a voz de Yoo-ri saiu baixa, insegura e áspera. — Mas eu preciso saber...

Jung Kook afastou-a com delicadeza, suas mãos seguraram o rosto de Yoo-ri, e ele a fitou sem se importar em parecer um idiota pelas lágrimas brilhando em suas vistas.

— O que pretendia fazer tirando o soro do braço? Há alguns minutos eu tinha dúvidas de que os médicos tivessem dito a verdade sobre você estar fora de perigo, apenas sob o efeito dos remédios — resmungou, desviando do assunto. A última coisa que lhe importava naquele momento era Jung Hoseok, Kiire Joks, ou mesmo Yuna, embora soubesse que não devia mencionar isso a Yoo-ri.

Yoo-ri comprimiu os lábios.

— Você não vê como meu cabelo está seboso? — Ela tocou as madeixas grudadas nas têmporas e curvou os lábios para cima. — Não basta estar parecendo um caco, porque tenho certeza de que minha aparência está horrível, tenho que parecer um caco podre e melequento depois de você chorar no meu pescoço?

Jung Kook revirou os olhos.

— Graças a Deus posso ouvir suas besteiras. Eu devia ir chamar o médico para ver se está tudo bem e te repreender. — O sorriso desapareceu de seus lábios e seus olhos cravaram nos dela. — Não faça nada perigoso sem mim, Yoo-ri. Prometa que nunca mais fará planos sem me ter ao seu lado.

— Se eu o tivesse levado comigo, você também estaria aqui... você acha que quero te ver numa cama de hospital?

— Você prometeu que eu não teria mais dias tristes. Acha que meus dias seriam felizes sem você aqui?

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora