Capítulo 10

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— Você é bom brincando de esconde-esconde, Jeon Jung Kook. — Yoo-ri falou se aprumando no assento. Seus olhos ávidos varreram-no de cima a baixo como se tentasse confirmar que aquele realmente era Jeon Jung Kook, o piloto desaparecido, vestido casualmente numa regata branca (exibindo os bíceps malhados) e em uma calça de moletom cinza que, apesar de folgada, marcava certas partes de seu corpo.

Ele arqueou uma sobrancelha assim que viu o olhar da jornalista perquirindo-o em áreas baixas.

— Sou bom em muitas coisas, Nam Yoo-ri. — Jung Kook sorriu de canto, recostando-se na popa do barco atrás dele. Quando ele inclinou a cabeça e cruzou os braços, grudando os olhos escuros como o céu noturno nos castanhos da moça, as bochechas dela ruborizaram e ela pigarreou, só então desviando os olhos.

— Te procurei em tudo que é canto — falou coçando o nariz enquanto analisava o esconderijo do piloto com curiosidade.

Nunca, em um milhão de anos, imaginaria que Jeon Jung Kook, um piloto famoso que ostentava em festas, se abrigaria numa garagem de barcos em uma doca desativada com cheiro de mofo e móveis gastos. E se o sofá puído, do lado da cadeira em que ela estava sentada, era o lugar onde o rapaz dormia, tinha dó das costas dele, pois era óbvio o quão pequeno e desconfortável era para um homem de sua estatura corporal alta e atlética.

Yoo-ri também ficou surpresa ao ver que ele lavava as próprias roupas ali, pendurando-as numa corda presa entre os dois barcos que ocupavam a entrada da garagem. No entanto, pela postura relaxada, latas de refrigerantes e pacotes de salgadinhos sobre a mesa — além do frigobar que havia à esquerda — viver naquele lugar não parecia ser novidade para Jung Kook. E se aquela não era sua propriedade, comprada sob o nome de outra pessoa, então de quem seria? Yoongi não tinha propriedades em seu nome além da casa da família Jeon... ela tinha investigado muito bem depois de encontrá-lo na casa da família do piloto.

— Você não é a única a me procurar, mas é a primeira que deixo me encontrar. — A voz de Jung Kook a fez voltar a encará-lo.

— Me sinto privilegiada. Mas confesso que estou curiosa para saber o motivo de ter me escolhido — Yoo-ri olhou para Yoongi, que continuava parado atrás de Jung Kook como um guarda-costas. A roupa preta de motoqueiro a fez concluir que fora o loiro que a buscou para encontrar Jeon. — Afinal, Lee Min-jae foi uma das pessoas que te procurou. E pelo que li, vocês viveram um romance.

— Eu vivi um romance com muitas mulheres. Já pensou no que aconteceria se eu decidisse deixar cada uma delas me ver, só por que dizem sentir saudades ou que estão preocupadas comigo?

Yoo-ri torceu o nariz e enfiou a mão no bolso do jeans — se aquela pergunta era retórica ou não, não responderia de qualquer maneira. Ao vê-la tirando um pequeno gravador, Jung Kook deu cinco passos até ela, quebrando a distância que existia entre os dois.

O moreno apoiou as mãos nos braços da cadeira em que a jornalista estava sentada e inclinou a cabeça de lado, com as pálpebras cerradas. O sorriso presunçoso continuou em seus lábios quando grudou o olhar no dela. O cheiro de lavanda emanado da pele de Nam era suave, com notas adocicadas — aroma que o agradou instantaneamente.

— Por que você acha que eu te escolhi, srta. Nam?

— Não sei. Talvez para me usar a seu favor, Jeon, meu caro? Talvez queira contar a sua versão da história.

— "Usar". Que termo horrível, eu não o escolheria para esta situação. Mas, dada a sua escolha, talvez seja o que pretende fazer comigo? Me usar?

— É uma sugestão tentadora. Não acha? — As íris castanhas de Yoo-ri corresponderam ao olhar de Jung Kook com o queixo empinado. Os dois incapazes de desviar o rosto.

Kiire JoksOnde histórias criam vida. Descubra agora