Havia se passado três semanas desde o funeral e nessa altura meus pais, meus irmãos, meus sogros e Lion já havia retornado para o Brasil.
Agora de fato era eu, a Aisha e duas funcionárias que vieram trabalhar na minha casa, foi a condição imposta pela mãe e minha sogra, se não aceitasse as duas não ia me deixar em paz, então depois de analisar todos os cenários, cedi.
Joana e Amélia cuidava das funções da casa, e sempre que eu precisava de alguma ajuda com a Aisha, elas sempre me auxiliava, menos aos finais de semana que era a folga das meninas, embora no começo elas relutaram um pouco, eu expliquei que seria importante para mim, ficar só eu e minha filha.
O fato de ser viúvo ajudava em evitar certos questionamentos dos outros, as pessoas tinham um misto de compaixão e pena no fim das contas.
Eu fiz questão de pedir uma licença dos campeonatos, pelo menos nesses primeiros seis meses eu queria estar em totalidade para minha filha.
Os treinos que antes eram longos, agora era o durante o tempo de uma soneca e outra.
Eu que gostava de dormir e nada me acordava, agora em qualquer suspiro diferente, a babá eletrônica estava na minha mão, para que eu conseguisse observar se algo de diferente acontecia no quarto da minha filha..De um modo geral Aisha era um bebê tranquilo, e eu sempre fazia questão de contar história da Geórgia para ela, eu prometi que eu jamais deixaria de falar sobre ela para nossa filha.
" - Senhor Antônio, não esquece de pedir os itens da lista que deixei em cima da escrivaninha do seu escritório, te vejo na segunda!"
Passei pelo escritório e peguei a lista.
Olhei para os itens e tomei a decisão ~que ainda não sei se foi a melhor decisão~,
ir pessoalmente na farmácia no dia seguinte.
Seria a primeira vez que iria sair sozinho com a Aisha, ela era um bebê tão tranquilo, não seria tão difícil sair de casa por uma hora com ela, seria ?~
A previsão de sair de casa às 8:30 da manhã deu errado.
Demorei cerca de duas horas para conseguir organizar todas as coisas que eu julguei importante de se ter dentro de uma bolsa de um bebê para poder ir na farmácia, além do fato de precisar de assistir dois vídeos no YouTube para entender o funcionamento da cadeirinha.Fiz uma oração antes de dar partida no carro, e nunca dirigi com tanta atenção na vida.
Confesso que ao chegar no estacionamento da farmácia, era possível sentir a minha testa suada.
Já a pequena Aisha dormiu quase durante todo o trajeto.Peguei a bolsa e coloquei em um dos ombros a alça e com cuidado tirei a minha filha da cadeirinha, coloquei ela no meu colo com cuidado e uma mantinha por cima dela.
Caminhei confiante até a farmácia, em uma sensação ~ o primeiro passo foi concluído com sucesso! ~ O que ao chegar dentro da farmácia caiu por terra toda a confiança...eu um grande gênio em vez de tirar a lista do bolso ou decorar o que precisava, agora tinha um bebê no colo de um lado do corpo, uma bolsa com mais itens que se precisava do outro, e a missão de tirar um papel do bolso.
"___É só ter calma Antônio, você consegue...quantas vezes você não nocauteou um adversário?___"
Balancei minha cabeça para dispersar os pensamentos, suspirei, e com muito custo tirei a anotação do bolso, mas nesse momento Aisha fez um barulho parecido como um soluço e eu assustei... bati minha mão na prateleira da frente e só tive duas reações, a primeira dar um passo para trás para uma dezena de pacote de fraldas cair no chão e o segundo foi xingar um palavrão:
" - Puta que me pariu !"
~
"- Puta que me pariu !"
Ouvir um xingamento em português de um certo modo era até reconfortante, diferente da cena que estava presenciando na minha frente.
Um homem de 1.90, com um bebê de poucos meses no colo, quase sendo soterrado por uma pilha de fraldas.
Dei um sorriso da situação e ao perceber que ninguém tinha ido ajudar, me direcionei até eles."- É bom ouvir outra pessoa falando em português por aqui!"
Falei enquanto me abaixava e começa a recolher os pacotes de fraudas que havia caído no chão.
O homem sorriu sem jeito, mas não recusou a ajuda e quando finalmente guardei o último pacote, o olhei e ele estendeu a mão para mim."- Obrigado pela ajuda, é a primeira vez que saio de casa com a Aisha e percebi que sou mais sem jeito do que imaginava para fazer isso sozinho!"
Retribui o aperto de mão e sorri para ele, não antes de reparar de forma discreta que ele usava uma aliança na mão esquerda.
"- Não tem o que agradecer, a propósito eu sou a Amanda..."
"- E eu sou Antônio e essa pequena aqui é a Aisha..."
Não tinha como não sorri para a menina que dormia de forma aconchegante no corpo do pai.
"- Ela é muito linda Antônio e vejo que tem um sono pesado, nem com o barulho da queda das fraldas, ela acordou."
"- Nisso ela puxou o pai !"
Ele me respondeu com um sorriso orgulhoso e deu um beijinho na testa da filha, que me fez segurar para não suspirar.
"- desde que a minha esposa faleceu, essa é a primeira vez que saio com ela de casa, não sei se foi uma boa ideia e se não fosse por você...eu teria corrido e deixado tudo jogado, então obrigado mais uma vez!"
Concordo com a cabeça em aceitação ao agradecimento, como médica sabia que a última coisa que os enlutados precisava era de pena, mas sim de ajuda.
Peguei a lista da mão dele e o olhei decidida."- Me agradeça depois que pegar todos os itens dessa lista, você e sua filha linda me esperem no caixa, a parte do pagamento eu vou deixar para você."
Não consegui não reparar na surpresa que ele esboçou, seguido por um sorriso aberto.
Ele realmente fez o que eu havia sugerido, enquanto saia com uma cesta na mãos e ia de fato atrás dos itens da lista.~
Enquanto a loira baixinha ia em direção aos corredores da farmácia, eu repassei os últimos minutos na minha cabeça, ela não me ofereceu pena, mas me ofereceu ajuda.
De fato ela era muito bonita, mas não foi isso que me chamou a atenção, mas sua forma de prontamente me ajudar.
E nessa altura do campeonato o que eu não iria negar é ajuda.Fiz o que ela me pediu e caminhei até o caixa, quando ela voltou com a cesta cheia, eu sorri agradecido.
Ela passou os itens pelo caixa de pagamento, eu fiz o pagamento dos meus itens, ela dos dela e saímos juntos da farmácia.- Amanda, não sei se vou te atrapalhar...mas para te agradecer de forma descente pelo o que você fez por mim hoje, toma um café comigo ?
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Fresh Start 💫
RomanceSeparados por construção de vida totalmente diferente, o destino os leva para o mesmo lugar. Chicago sempre conhecido pelo seu frio, dessa vez é palco do encontro de Amanda e Antônio. Amanda, uma jovem médica com um passado doloroso e Antônio, um...