~ O café ~

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aaaaah, aceito !

No primeiro momento eu fiquei um pouquinho sem reação...ele não tinha que me agradecer e também tínhamos acabado de nos conhecer, mas a sensação de ter alguém falando a mesma língua que eu depois de uma semana longe de tudo e todos que eu conheço foi tão boa que eu de fato não resisti e aceitei.

Ajudei ele levar as compras até o carro e segurei Aisha enquanto ele prendia a cadeirinha no carro.
Meu coração disparou no momento em que eu olhei pra ela e a peguei dos braços dele...eu só havia segurado um bebê uma vez só até hoje e por milésimos de segundo, somente para entregá-lo ao pediatra depois de auxiliar em um parto, e fiquei me perguntando - como ele conseguia cuidar dela sozinho?-  eu não conseguiria por uma hora se quer e ele já estava a três semanas cuidando da filha sem ajuda da mãe... quem olhasse pra esse homem de quase dois metros todo músculos e mãos gigantes jamais imaginaria que ele tem a delicadeza de cuidar de um bebê recém nascido.

➖  Você tem filhos?

Ele me arrancou dos meus pensamentos, o que me fez tirar os olhos do rostinho de Aisha e olhar pra ele.

Ainda não, tenho vontade, mas não chegou o momento.

Respondi lembrando de quantas vezes me imaginei sendo mãe de um filho do Luiz durante nosso relacionamento, e agora só de pensar nisso, sentia um calafrio.
Luiz conseguiu o feito de tornar cinza cada sonho meu.

Você leva muito jeito, vai ser uma ótima mãe! Olha com a Aisha gostou do seu colo.

Sorri sem jeito e o calafrio, agora foi substituído por um aperto no coração pensando que depois da minha última experiência não confiaria em mais ninguém a ponto de planejar ter filhos.

Obrigado Antônio, saiba que é a primeira vez que seguro um bebê por mais de dez segundos !

Ele arregalou os olhos e deu uma gargalhada que aqueceu meu coração, era bom fazer alguém tão gente boa sorrir.

Terminamos de prender Aisha na cadeirinha e entramos no carro dele pra irmos a cafeteria que ficava umas 5 quadras da farmácia.
No caminho ele me perguntou de que parte do Brasil eu era e o que estava fazendo tão longe de casa... ao longo da conversa ficarmos impressionados com as coincidências em nossas vidas.

Chegamos a cafeteria e ele conseguiu tirar o bebê conforto do carro sem muita dificuldade, entramos e procuramos uma mesa mais afasta para que Aisha conseguisse dormir enquanto tomávamos nossos cafés.

Chegamos a cafeteria e ele conseguiu tirar o bebê conforto do carro sem muita dificuldade, entramos e procuramos uma mesa mais afasta para que Aisha conseguisse dormir enquanto tomávamos nossos cafés

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Então senhor Antônio o que vc faz para viver em Chicago?

Perguntei e preciso confessar,essa era a minha maior curiosidade, desde o momento que eu coloquei os olhos nele.

Eu sou lutador de MMA.

Aah, agora entendi o motivo de tantos músculos e a cara de mal.

Falei em meio a risinhos que ele soltava a cada palavra que saiu da minha boca na minha última frase.
Em seguida perguntei sobre a história dele e da sua esposa e se ele se sentia confortável de falar sobre isso.

Oh Amanda, se tem uma coisa confortável na minha vida, é falar sobre a minha história com a Geórgia.

Ele começou a contar a história de forma resumida de como viveu os últimos 6 anos com Geórgia e de como se tornou um viúvo e pai solo de uma hora pra outra e como as últimas 3 semanas tinha sido uma mistura de saudade e adaptação.

Quando ele terminou nossos olhos estavam marejados e meu coração apertado por ele, por ela e pela pequena Aisha que ia crescer sem a pessoa que deu a vida para que ela vivesse.

Limpei as lágrimas que insistiram em cair e disse:

Eu sinto muito por vocês Antônio, ela me parece ter sido uma pessoa maravilhosa e te deixou o maior presente que alguém poderia te dar.

Ele concordou com a cabeça quando olhou pra Aisha e sorriu nostálgico juntamente com uma expressão triste mas agradecida.

E você Amanda o que você faz pra viver e o que te trouxe a Chicago?

Eu sou médica, e fui aceita no programa de residência de Ortopedia do Rush University Medical Center e resolvi seguir meu sonho.

➖ Estou impressionado, uma médica brasileira e futura Ortopedista me ajudou a fazer compras na farmácia hoje...estou me sentindo honrado !

Ele fez uma pequena reverência e dei uma gargalhada que fez Aisha se remecher e abrir os olhinhos antes de começar a chorar fazendo um atencioso Antônio se debruçar sobre ela e pegá-la no colo.

Me desculpei por ser tão desastrada e ele disse que não foi nada e que estava tudo bem.
Aisha, conta para tia Amanda que bebês choram...

Sorri para eles com um alívio e chamei a garçonete enquanto ele tentava acalmá-la e pedi a conta que ele fez questão de pagar por pura teimosia e eu deixei depois de ser vencida pelo cansaço.
Nos levantamos e quando chegamos no carro Aisha já tinha se acalmado e ao ser colocada no carro voltou a dormir com toda serenidade de um bebê recém nascido.

Então Amanda você não está mais sozinha em um lugar desconhecido, ganhou um amigo depois de recolher minha bagunça na farmácia e nao me julgar por ser tão desajeitado...

Demos uma risada e concordei com a cabeça.

Me emprestar seu celular desbloqueado, por favor?

Ele pediu com a mão estendida e eu entreguei, após adicionar seu número nos meus contatos vi que ele entrou no whats e mandou um "oi" pro celular dele, peguei telefone que ele me estendia e notei que ele salvou seu número como "Antônio Cara de Sapato".

Levantei uma combrancelha como quem pede explicações e ele disse que outro dia me explicaria pois era uma longa história...

Ele me ofereceu uma carona, mas eu morava perto dali e disse que preferia ir andando e que cada vez fazia um caminho diferente e isso fez ele sorrir e não consegui deixar de sorrir junto com ele.

Dei de ombros e nos despedimos com a promessa de ligar pra ele caso precisasse de alguma coisa e ele disse que faria o mesmo.

É, acho que ganhei um amigo...

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