Capítulo 1

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[Emma]

Sozinha, novamente eu acordei sozinha e triste por estar sozinha, acho que depois de 4 anos morando aqui eu já deveria ter me acostumado, mas não, pois as vezes sinto que a solidão é tão grande que mesmo em meio a todo esse ar fresco, eu acordo sufocada.

Sim, eu sei que a escolha de vir morar aqui na Carolina do Norte foi minha e eu sabia que seria difícil, mas eu tinha o sonho de recomeçar e crescer por conta própria e foi isso que me motivou a vir pra cá e graças a Deus eu consegui crescer muito profissionalmente, mas por eu ser extremamente ligada a família tem dia que tudo o que eu penso é em voltar pra Boston só pra ficar com eles.

Infelizmente os meus pais morreram quando meu irmão e eu ainda éramos crianças, quer dizer Kristoff tinha uns 9 anos e eu apenas alguns meses de nascida, mas mesmo sentindo a dor diária de não ter os meus pais comigo, eu não me considero uma órfã, pois graças a Deus eu tenho uma tia que é uma mãezona pra mim e pro meu irmão.

Ao olhar pra minha vida hoje e pensar no que poderia ter acontecido comigo e com o meu irmão, acho que nem todas as palavras do mundo tem como descrever a gratidão que eu sinto por ter a tia Ruby na minha vida, até porque se analisarmos toda a situação logicamente, tia Ruby não teria porque ter aceitado ficar com a gente.

A minha mãe não tinha família alguma, então em caso de morte, a única família que teríamos era a do mau pai e ele sabendo disso, decidiu que em caso de morte, ele deveria proteger a mim e ao Kristoff dos abutres que eram a família deles.

Infelizmente eu não conheci os meus pais, mas todos que já tiveram contato com eles, sempre me disseram o quanto eles eram bondosos e justos, muitos dizem também que o meu pai era muito inteligente e foi com essa inteligência que ele construiu um tremendo império no ramo imobiliário do absoluto Zero.

Meu pai ficou rico e com isso toda a família também, pois ele fez questão de ajudar a cada um de seus parentes, mesmo sabendo que se a situação fosse ao contraria, eles não teriam a mesma consideração, entretanto, justamente por conhecer bem a família que ele tinha, ele resolveu fazer um testamento pouco depois de eu nascer.

No testamento dizia que em caso da morte dele e da minha mãe, todos os bens que ele conquistou ao longo dos anos seriam leiloados por uma empresa de altíssima confiança, empresa essa que ele especificou no testamento e todo o dinheiro nas contas particulares deles, mais o dinheiro arrecadado com a venda dos bens seriam divididos igualmente para as duas contas que seriam criadas pra mim e pro meu irmão, contas essas que seriam bloqueadas até que atingíssemos a maior idade.

Ou seja, o parente que cuidasse da gente, cuidaria por amor, pois não teria como colocar as mãos na nossa herança e foi essa condição que afastou quase todos os parentes de uma só vez, pois ninguém queria cuidar de duas crianças de "graça" mesmo tendo condições financeiras pra isso e o fato de eu ser... Diferente, não ajudou muito as coisas.

Eu sou intersex, esse é um jeito chique de falar que eu nasci com uma variação nos cromossomos, ou seja, apesar de eu ser uma mulher e ter me desenvolvido como tal, eu nasci com as partes íntimas masculinas o que foi um choque para família do meu pai, porém Kristoff me disse que os meus pais nunca ligaram para isso, pois eles me amavam do jeito que eu sou.

Porem os nossos parentes só queriam ficar com a gente por causa do dinheiro e ao ver que ninguém teria direito a nada, eles correram para se "livrar" de nós, Kristoff e eu já estávamos quase indo parar em um orfanato quando Tia Ruby apareceu.

Muitos especularam o seu parentesco, pois quase ninguém sabia da existência dela, tia Ruby é uma meia-irmã mais nova do meu pai, o meu avô teve um caso com a mãe dela e a abandonou gravida de tia Ruby, e ele só contou da existência dela pro meu pai em seu leito de morte.

A Prostituta (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora