Ellis riu, uma gargalhada alta que logo foi abafada pela sua mão. Draco arregalou os olhos, a encarando.
Aquela era, provavelmente, uma das risadas mais sinceras que ele já ouviu. Não se parecia nada com as risadas de Crabbe e Goyle, que eram mais como porcos engasgados. Ou com a risada de Pansy, que era fina e doía os ouvidos, além de que, na maioria do tempo, ela parecia estar forçando para rir mais do que deveria de uma piada simples de Draco.
Dessa vez, Draco não fez nenhuma piada. Ele nem se esforçou para fazê-la rir, mas lá estava Ellis Duval, com as mãos na boca, tampando uma risada alta que poderia entregá-los para qualquer um que estivesse naquela floresta agora, gargalhando sobre uma simples pergunta.Quando sorria, as covinhas tomavam conta de suas bochechas. Ela tinha três pequenas linhas de expressão nas laterais de cada olho que se esticavam junto do sorriso, tornando seus olhos ainda menores. Eles pareciam sorrir junto dela, na verdade. E, por algum motivo, aquilo encantou Malfoy.
No fundo, era bom saber que alguém riu de algo que ele disse sem precisar ou parecer se esforçar para isso. Ele se sentiu bem com isso.
De repente, o barulho de um galho se quebrando fez Ellis parar de rir de imediato. Draco olhou para trás, apontando a ponta da varinha com luz, mas não viu nada que chamasse sua atenção. Ellis deu alguns passos em direção ao barulho. Draco se esticou para segurá-la, mas sua mão passou raspando pela capa preta que a garota usava e se encontrou com o ar.
- O que está fazendo? - ele perguntou em meio a um sussurro desesperado.
- Temos que continuar.
- Continuar? O que? Nós deveríamos voltar. Eu fui o único que ouvi esse barulho? Nós não estamos sozinhos, Duval.
- É claro que não estamos. Sabe porquê chamam esse lugar de floresta proibida?
Ela parou de andar, olhando para ele.
- Porquê tudo que tem aqui mata, Malfoy. Tudo. Até essa árvore aí que você está encostando.
Ele deu um pulo para longe, assustado. Arregalou os olhos, apontando a varinha para árvore como se estivesse pronto para conjurar um feitiço caso se sentisse ameaçado. Ellis riu de novo, atraindo atenção dele.
- É brincadeira. A árvore não vai te matar. Não essa, pelo menos. Mas deve ter alguma por aqui que queira tentar.
- Qual o seu problema, Duval?
- É divertido brincar com a sua cara. Não precisa ter medo. Se algo acontecer, você corre e eu fico tentando distrair seja lá o que esteja tentando nos matar.
- Tudo bem. Eu prefiro mesmo evitar ser a isca.
- Você se tornou isca no momento em que pisou aqui, Malfoy.
Ela virou-se em direção a escuridão da floresta, então, sem motivos, assobiou, como se chamasse por algo.
- Por que fez isso? Vão nos achar.
- É para Duke saber que estou aqui.
- O Duke? Que droga é um Duke!?
- É o meu lobo. Duke. Ele é grande, três vezes maior que você, talvez. Ele deve estar camuflado, então não vamos vê-lo. Mas talvez tenhamos chances se...
Draco resmungou alto quando pisou em algo gosmento no chão. Ele balançou os braços, recuando.
- Eca. Que nojo. Droga.
- O que foi? - ele voltou-se para ele, caminhando em sua direção.
- Pisei em algo gosmento.
Ela olhou para seus pés, apontando a luz da varinha. O líquido que envolvias seus sapatos brilhou sob a luz. Ellis franziu as sobrancelhas, confusa. Agachou-se, aproximando da poça que cobria uma pequena parte da terra mexida. Levou o dedo indicador até ela, a tocando. Era uma substância espessa e prateada.
- Não toca nisso. Eca, Ellis! Você é nojenta.
Ela se levantou, olhando para Draco, a expressão preocupada no rosto fez com que ele ficasse sério, tentando entender o que estava acontecendo.
- O que foi?
- Temos que achar Duke. Temos que achá-lo e sair daqui. Rápido.
Ela segurou sua mão, o puxando pelo caminho. Estavam andando bem mais depressa agora, sem olhar muito nos locais onde pisavam. Ellis voltou a assobiar, dessa vez, mais alto. Draco acelerou o passo para acompanha-la e ao ficar ao seu lado, sentiu a garota soltar sua mão após alguns segundos.
- Ellis. - Draco a chamou em um sussurro. - Tem algo ali.
Ela virou-se na direção em que ele apontava, mas não havia nada. Era apenas mais uma das centenas de locais escuros que as sombras das árvores causavam.
- O que você viu?- Olhos.
- Olhos?
- Ali! Estão ali!
Ellis cerrou os olhos, esforçando-se para enxergar alguma coisa. Então, ouviu um galho se quebrar e no segundo seguinte, uma criatura gigante que se escondia em meio aos arbustos onde Draco apontou saiu, pulando em direção a eles.Draco e Ellis gritaram, horrorizados. O loiro virou-se para correr, dando um puxão no uniforme de Duval para que ela também viesse, mas ao olhar para trás de novo, a viu parada no mesmo lugar, a criatura agora a sua frente. Um lobo. Espera, um lobo?
- Duke! - ela gritou, parecia brava. - Qual o seu problema? Ficou louco? Quase me matou de susto!
- Esse é o seu lobo!? - retrucou Draco, voltando para perto dela. - Achei que ele fosse nos matar!
- Ele tem um humor estranho. Fez aquilo de propósito.
- Ele é louco! Vocês são loucos!.
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The Best Of Me - Harry Potter - Livro 1
FantasyOnze anos atrás, os Potters recebiam em sua casa a família Duval. Apesar de Brandon Duval e Thiago Potter serem inimigos declarados desde a época dos Marotos, a confraternização entre as duas famílias era comum, já que, mesmo com a rixa entre os doi...