QUATRO

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- São quatro casas

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- São quatro casas. - disse Hagrid. - Todo mundo diz que a Lufa-Lufa só tem panacas, mas...

- Aposto que vou ser da Lufa-Lufa. - interrompeu Harry, deprimido.

- Não tem nenhum problema ser da Lufa-Lufa, Harry. - retrucou Ellis. - É a casa do Cedrico. E era a da minha mãe também. Nenhum deles são panacas, molengos ou bobos.

- É melhor ser da Lufa-Lufa do que da Sonserina, Harry. Não tem um único bruxo nem uma única bruxa desencaminhado que não tenha passado pela Sonserina. Você-Sabe-Quem foi um deles.

- Você-Sabe-Quem esteve em Hogwarts?

- Há muitos e muitos anos.

Depois de comprarem todos os livros da lista que Hogwarts havia mandado, os três seguiram pela rua de pedras desniveladas do Beco Diagonal até chegarem à loja do Olivaras. Dessa vez, Ellis estava bastante ansiosa. Seria sua primeira vez indo comprar uma varinha e a garota esperou longos anos por isso, imaginando a chegada desse momento. Foram muitos dias utiluzando um galho de árvore como se fosse sua varinha e correndo atrás de Duke pela floresta, fingindo conjurar feitiços.

Eles pararam no final da rua, em um aloja estreita e velha. Letras de ouro destacadas sobre a porta diziam "Olivaras: Artesões de Varinhas de Qualidade desde 382 a.C". Na vitrine empoeirada havia uma única varinha sobre uma almofada branca suja. Harry e Ellis tiveram uma sensação esquisita. Aquele lugar parecia uma simples biblioteca que a muitos anos ninguém ia. Era como uma exclusividade. Encostada na parede estava uma estante gigante, cheia de caixas arrumadas com cuidado uma sobre a outra.

- Boa tarde. - disse uma voz suave. As duas crianças se assustaram. Agora, havia um velho parado diante delas.

- Olá! - respondeu Ellis com um sorriso.

- Boa tarde. - disse Harry, sem jeito.

- Ah, sim. Sim, sim. Achei que os veria em breve. Harry Potter e Ellis Duval.

As duas crianças se entreolharam, se perguntando como ele os identificara tão rapidamente. Não era difícil reconhecer Harry, já que sua cicatriz em forma de raio não ficava escondida. Mas como ele sabia que aquela era a Ellis Duval?

- Você tem os olhos da sua mãe, Harry. E você, Ellis, tem os cachos do seu pai. Parece que foi ontem que eles estiveram aqui, comprando a primeira varinha.

O sr. Olivaras chegou perto de Harry e Ellis deu um passo para trás do seu amigo, impedindo, dessa maneira, que Olivaras chegasse tão perto dela quanto chegou de Potter. Era perceptível o incomodo de Harry enquanto ele era observado pelos olhos prateados do sr. Olivaras. Ele tocou a cicatriz na testa dele e Harry levou um pequeno susto. Ellis riu, o que chamou a atenção de Olivaras para ela. Rapidamente, Harry saiu da frente da garota, abrindo caminho para que Olivaras fosse até ela. Atrás do velho, que estava concentrado na garota, Harry acenou e sorriu em deboche.

- Sua cicatriz, senhorita... você não tem?

Ela pensou por alguns segundos antes de empurrar a gola da sua blusa para o lado, revelando a cicatriz bo pescoço Dessa vez, sr. Olivaras não tocou como fez com a de Harry. O homem deu um passo para trás e olhou para as duas crianças.

- Lamento dizer que vendi a varinha que fez isso. Trinta e cinco centímetros. Nossa. Uma varinha poderosa, muito poderosa nas mãos erradas.... Bom, se eu tivesse sabido o que a varinha ia sair fazendo....

O velho se distraiu, no segundo seguinte, ao perceber a presença de Hagrid na loja. Foi até ele e conversou por alguns segundos sobre sua varinha e sua sabedoria intrigou os dois jovens. Finalmente, voltou sua atenção para Harry e Ellis.

- Qual é o braço da varinha? - ele tirou uma fita métrica com números prateados do bolso.

- Sou destro. - Harry respondeu.

- Eu também.

Ele foi até Harry.

- Estique o braço. Isso. Toda a varinha Olivaras tem o miolo feio por uma poderosa substância mágica, crianças. Usamos pelo de unicórnio, penas de cauda de fênix e cordas de coração de dragão. Não há duas varinhas Olivaras iguais, como não há unicórnios, dragões nem fênix iguais. E é claro, os senhores jamais conseguirão resultados tão bons com a varinha de outro bruxo.

Harry experimentou cerca de três varinhas até encontrar a que sr. Olivaras disse ser a perfeita para ele. A terceira varinha tinha o escolhido. Agora, a atenção do mais velho estava sobre a garota.

Ela precisou de um pouco mais de tempo. A primeira varinha que testara faiscou, mas nada aconteceu. A segunda, por outro lado, fez tanta bagunça quanto a que Harry testara. A terceira soprou um vento forte que espalhou ainda mais a poeira que cobria a loja.

- Sei qual é a varinha perfeita pra você, Ellis. - ele murmurou, dando as costas e procurando uma caixa entre todas as outras na grande prateleira. Foi até o fundo da loja, depois voltou com uma caixa na mão.

Ele abriu a caixa, mostrando a varinha. As mãos de Ellis tremeram. Ela apanhou a varinha, sentindo um repentino calor nos dedos. Ergueu a varinha acima da cabeça, baixou-a cortando o ar empoeirado com um zunido, e uma torrente de faíscas douradas e vermelhas saíram da ponta como um fogo de artifício, atirando fagulhas luminosas que dançavam nas paredes.

Hagrid gritou entusiasmado e bateu palmas. Sr. Olivaras exclamou:

- Bravo! Mesmo, ah, muito bom. Ora, ora, ora... que curioso.... curiosíssimo.

Ele repôs a varinha de Harry na caixa e a embrulhou-a em papel pardo, ainda resmungando:

- Curioso, curioso....

- O senhor me desculpe, mas o que é curioso? - perguntou Harry.

O senhor Olivaras encarou Harry com aqueles olhos claros.

- Lembro-me de cada varinha que vendi, sr. Potter. De cada uma. Acontece que a fênix cuja pena está na sua varinha produziu mais duas penas. Três, no total. A terceira, acaba de escolher a Ellis, a segunda, você. - o garoto olhou para a amiga, animado. - É muito curiosos que os senhores tenham sido destinados a essas varinhas, porque a irmã dela, a primeira pena... ora, a irmã dela produziu suas cicatrizes.

Harry e Ellis engoliram em seco.

- É, trinta e cinco centímetros. Puxa. É realmente curioso como essas coisas acontecem. A varinha escolhe o bruxo, lembre-se... Acho que podemos esperar grandes feitos dos senhores... Afinal, Aquele-Que-Não-Deve-Nomear realizou grandes feitos, terríveis, sim, mas grandes.

Os dois pagaram sete galeões por cada varinha e saíram da loja.

O sol de fim de tarde quase chegara ao horizonte quando os três refizeram o caminho para sair do Beco Diagonal, atravessar a parede e passar novamente pelo Caldeirão Furado, agora vazio. Harry não disse uma palavra enquanto caminhavam pela rua, nem ao menos reparou quantas pessoas se boquiabriram para eles no metrô, carregados que estavam com todos aqueles pacotes de formatos esquisitos, a coruja branca adormecida no colo de Harry, que Hagrid lhe deu de presente. Subiram a escada rolante para a estação Paddington, Harry só percebeu onde estavam quando Hagrid bateu em seu ombro.

- Temos tempo para comer alguma coisa antes do trem sair.

Compararam um hambúrguer para cada e sentaram-se em bancos de plástico para comê-los. Harry não parava de olhar a toda volta e Ellis estava começando a estranhar a atitude do amigo.

- Tudo bem, Harry? - ela perguntou.

- Está muito calado. - concluiu Hagrid.

- Todo mundo acha que sou especial. - disse finalmente. - Todas aquelas pessoas no Caldeirão Furado, o sr. Olivaras... mas eu não conheço nadinha de mágica. Como podem esperar grandes feitos de mim? Sou famoso e nem ao menos me lembro o porquê. Não sei o que aconteceu quando Vol.... desculpe... quero dizer, na noite que meus pais morreram.

Hagrid se debruçou sobre a mesa. Por trás da barba e das sobrancelhas desgrenhadas tinham um sorriso bondoso.

- Não se preocupe, Harry. Você vai aprender bem depressa. Todos começam pelo começo em Hogwarts, você vai se dar bem. Seja você mesmo. Você também, Ellis. - ele chamou a atenção da garota. - Sei que é difícil. Vocês vão ser discriminados e isso é muito duro. Mas vão se divertir pra valer em Hogwarts. Eu me diverti, e ainda me divirto, para dizer a verdade.

Hagrid ajudou Harry a embarcar no trem que o levaria de volta aos Dursley, então lhe entregou um envelope.

- A sua passagem para Hogwarts. Primeiro de setembro, na estação King's Cross, está tudo na passagem. Qualquer problema com os Dursley, me mande uma carta pela coruja, ela saberá onde me encontrar.... Vejo você em breve, Harry.

O trem parou na estação. Harry virou-se, pronto para entrar, mas foi puxado para trás e envolvido em um abraço repentino. Segundos depois, estava livre novamente e seus olhos encontraram o rosto de Ellis com um sorriso meigo.

- Vejo você dia um, está bem?

Ele assentiu, dando um sorriso em resposta. Entrou no trem, os observando pela janela.

Harry queria ficar espiando Hagrid e Ellis até eles sumirem de vista.

Levantou-se espremeu o nariz contra o vidro da janela, mas quando piscou os olhos, Hagrid e Ellis tinham desaparecido.

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The Best Of Me - Harry Potter - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora