Onze anos atrás, os Potters recebiam em sua casa a família Duval. Apesar de Brandon Duval e Thiago Potter serem inimigos declarados desde a época dos Marotos, a confraternização entre as duas famílias era comum, já que, mesmo com a rixa entre os doi...
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Certo dia, no café da manhã, Abbie, a coruja de Ellis, trouxe um bilhete. Era de Hagrid, e tinha apenas duas palavras: Está quebrando.
Rony queria faltar a aula de Herbologia e ir direto à cabana. Hermione nem quis ouvir falar nisso.
- Hermione, quantas vezes na vida vamos ver um dragão saindo do ovo?
- Temos aulas, vamos nos meter em confusão, e isso não vai ser nada comparado à situação de Rúbeo quando descobrirem o que ele anda fazendo.
- Cala a boca! - cochichou Harry.
Malfoy estava a apenas alguns passos e parou instantaneamente ao ouvir. Harry não gostou nem um pouco da expressão que viu na cara de Malfoy.
- Eu vou lá. - sussurrou Ellis. - Vou ajudar Hagrid. Posso ser útil. Se bem que bebês animais geralmente não falam.
- Sempre me esqueço que você consegue entender os animais. - murmurou Rony. - Um dia, vou fazer você perguntar para Perebas porquê ele vive sumindo.
- Neville me fez perguntar isso para o sapo dele. A resposta não foi muito legal. Bom, vou até lá agora e vocês vão para a aula. Se perguntarem por mim, digam que não estava me sentindo bem e fui para comunal.
- Também quero ir! - anunciou Rony.
- Se todos nós faltarmos, vão saber que tem algo errado. Eu vou agora, vocês passam lá entre o intervalo das aulas.
Os três amigos seguiram o caminho que os levaria até a aula de Herbologia, enquanto Ellis acelerou o passo para chegar à cabana de Hagrid sem ser vista. Quando aproximou-se, viu Duke deitado no quintal de Rúbeo, tirando uma de suas sonecas da manhã. Ellis não precisou dizer nada para ele perceber que ela estava chegando. O lobo fungou e abriu os olhos, levantando-se com um impulso e espegriçando-se junto de um longo bocejo antes de correr até ela. Ao lado de Duke, Ellis bateu na porta de Hagrid, que a cumprimentou parecendo vermelho e excitado.
- Está quase furando. - conduziu-a para dentro.
O ovo estava em cima da mesa. Tinha fundas rachaduras. Alguma coisa se mexia dentro dele e fazia um barulhinho engraçado. Duke aproximou-se, cheirando com curiosidade. Olhou para Ellis, não muito contente. Depois daquilo, ela sabia que aquele dragão traria problemas.
Mas então, de um segundo para o outro, tudo ficou em completo silêncio e o ovo já não se mexia mais. O dragão havia parado.
- O que aconteceu? - perguntou Ellis.
- Eu não sei. Talvez tenha se cansado. Li que podem demorar horas para chocar.
- Bom, então temos que esperar?
- É, acho que sim.
Os dois puxaram cadeiras para junto a mesa e observaram com a respiração presa pela próxima hora inteira, até que uma batida na porta do chalé fez Hagrid levantar-se e espiar pela janela. Ao abrir a porta, os três amigos entraram e os olhares caíram no ovo sobre a mesa. No segundo seguinte, Ellis anunciou:
- Voltou a se mexer! Hagrid, ele voltou!
Logo mais três cadeiras juntaram-se a mesa. De repente ouviram um som arranhado e o ovo se abriu. O dragão bebê caiu molemente em cima da mesa. Não era exatamente bonito, Harry achou que parecia um guarda-chuva preto amassado. As asas espinhosas eram enormes em contraste com o corpo preto e magro, tinha um focinho longo com narinas largas, tocos de chifres e olhos esbugalhados cor de laranja.
Espirrou. Voaram fagulhas do seu focinho. Ellis sorriu, encantada.
- Ele não é lindo? - murmurou Hagrid. Esticou a mão para afagar a cabeça do dragão. O bicho tentou morder seus dedos, deixando à mostra presas pontiagudas. - Olhem, ele conhece a mamãe!
- Rúbeo, - chamou Hermione. - exatamente com que rapidez um dragão norueguês cresce?
Hagrid ia responder quando a cor subitamente desapareceu do seu rosto. Ele deu um salto e correu até a janela.
- Que foi?
- Alguém estava espiando pela fresta nas cortinas, um garoto está correndo de volta para a escola.
Ellis e Harry precipitaram-se para a porta e espiaram para fora. Mesmo a distância não havia como se enganar.
O lobo passou correndo por ela e Harry. Potter foi empurrado para o lado quando Duke abriu passagem e Ellis segurou seu pulso, o puxando para perto dela e o impedindo de cair no chão. Assim que o amigo recuperou o equilíbrio, ela o soltou, então passou pela porta e correu atrás de Duke, que naquele instante já tinha alcançado Malfoy e o jogado no gramado do curto morro que precisavam descer para chegar à cabana de Hagrid.
-Ellis, espera! - pediu Harry.
- Fique ai, Harry! - ela bradou, parecia irritada, e o medo de ver Ellis Duval irritada mais uma vez fez com que Harry não a seguisse. Ele retornou para dentro da casa de Hagrid e juntou-se aos amigos, que espiavam o que acontecia do lado de fora pela mesma janela que Malfoy estava os observando.
- O que acham que ela vai fazer? - perguntou Hermione.
- Ela vai matar ele. - respondeu Rony, um sorriso feliz no rosto.
- Eu deveria intervir? - questionou Hagrid, pensativo.
- Melhor não. Ninguém deveria conhecer a Ellis brava.
- Eu estaria com pena se aquele não fosse Malfoy. - murmurou Hermione, fazendo uma careta.
Draco Malfoy estava no chão, tentando fugir do lobo de dois e oitenta de comprimento com o triplo de seu peso. Toda vez que ele levantava e corria, era derrubado novamente com um simples empurrão de Duke, que parecia estar achando a situação muito divertida. Duke poderia atacar aquele loiro pra valer, ou até matá-lo, se quisesse, mas só faria se Ellis mandasse, e no momento, tudo que a garota queria era assustá-lo.
Em mais uma tentativa de fuga, Malfoy puxou o pelo do lobo e lhe deu um empurrão com toda força que tinha. Correu um metro ou dois, gritando, então foi jogado no chão com brutalidade. Duke não estava nada feliz com o que ele acabara de fazer. As patas pousaram ao lado do corpo do garoto e ele aproximou o focinho do seu rosto, rosnando e mostrando as pressas. Draco provavelmente nunca esqueceria do dia em que ele quase foi devorado por um lobo cinzento mágico. Ele fechou os olhos com força, amedrontado.
- Já chega, Duke. - anunciou Ellis ao alcançá-los.
O lobo parou de rosnar, encarou o loiro por mais um ou dois segundos, depois deu um passo para o lado, afastando-se. Draco levou as mãos ao rosto e deu um longo suspiro, estava chorando. Quando pediu para Duke ir atrás dele, não tinha em mente assustar tanto o garoto ao ponto de fazê-lo chorar, mas Malfoy acabou deixando Duke bem irritado ao puxar seu pelo e Ellis, estando longe, não tinha como ajudar o loiro.
Ela aproximou-se dele e ajoelhou-se na grama ao seu lado, tocando seu ombro com cuidado. Malfoy recuou assustado e arregalou os olhos em sua direção.
- Está tudo bem, Draco. - ela avisou, a voz mais calma e calorosa do que nunca. - Ele não te machucaria. Duke é um bom lobo. Ele só... ficou bravo. Desculpe. Não queria te assustar tanto. Só queria que parasse de correr.
