Suposto Coração De Gelo

CAPÍTULO 15

— Eu consigo ver uma noite mal dormida em você.

— Está desenhado na minha cara?

— Quase isso.

Eu não devo estar explicando a coisas que acontecem comigo a ele, devo? Ele sequer fala sobre ele mesmo.

— Podemos falar sobre ontem?

— Agora você entende?

— O que aconteceu no tempo em que eu não estava aqui?

— Me impressiona que seus amigos não te tenham dito. — ele trinca o maxilar, provavelmente irritado por ter voltado com a minha acidez.

— Não eles não disseram.

— É o mínimo que fazem.

Apesar da maioria não estar mais aqui eu sei que eles sabem, Levi não seria capaz de guardar isso somente para ele. Algumas imagens minhas ainda devem estar aí a solta, por isso ainda recebo julgamentos com o olhar.

Como se fosse minha culpa.

— Windsor, você pode falar para mim.

— Não, não posso. — acelero meus passo, não quero falar sobre isso com ele. Com ninguém.

— Vai fugir de novo? — ele toca no meu pulso.

— Eu não estou fugindo e pare de tocar em mim! — peço irritada.

Saio quase correndo, acelero meus passos até a sala em que eu iria ter aula depois do recreio, pego no meu bloco de notas e começo a rabiscar desenhos aleatórios.

Várias imagens vinham a minha mente, várias pessoas também.

Dean

James

Aika

James

Dean

Aika.

Eu sabia que não deveria ter dado uma trégua, eu sabia... eu não vou deixar isso acontecer eu não vou, eu não posso deixar isso acontecer.

Baixo a cabeça deixando-a apoiada no caderno.

— Menina Windsor. — levanto a cabeça sentindo meus olhos pesarem, olho para o dono da voz e ao redor, já haviam alguns alunos na sala.

Me posiciono e guardo as coisas que precisarei em cima da carteira.

— Talvez a Senhorita queira ir ao banheiro. — ele supõe e eu nego. — quer sim. — ele aponta para minha testa, passo o dedo e ele sai cinzento.

Levanto da carteira recebendo alguns olhares e ando até o banheiro, vejo a namorada de Levi mascando chiclete no meio do corredor. Ela me olha com nojo e eu continuo meu caminho ao banheiro.

Olho meu rosto no espelho e não está nada tão grave, só tinha uma nuvem cinzenta no meio dela, pego um pedaço de papel e molho um pouco começando a limpar-me.

Meus batimentos cardíacos aumentam subitamente quando ouço a porta ser trancada, rio de nervosismo e mexo a cabeça.

De novo não.

— Windsor... Windsor. — sua voz sai rouca.

— O que está fazendo aqui? Porque trancou a porta? — cerro meus punhos, seu olhar vai até eles.

— Eu tenho de aproveitar os momentos em que o seu novo cão de guarda não está com você.

— Que raios você está falando? — ele se aproxima. — Não encoste em mim. — Ele ri ignorando minha objecção.