CAPÍTULO 2

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Alguns dias depois

Eu deveria parar de fazer isso, isso ajuda na burrice alheia.

Termino de fazer mais um trabalho, essa semana foi a que mais teve e ter de pensar em diferentes temas para cada trabalho é um tanto quanto cansativo.

Fecho a capa do caderno e arrumo o meu material no estojo.

Enquanto eu passava pelos corredores as pessoas que pediram para eu fazer os seus trabalhos vinham até mim e em uma troca discreta eu entregava os cadernos e embaixo dos mesmos recebia dinheiro embaixo deles, um início para arranjar meu lugar no governo.

Ao todo recebi 110.34 dólares, com as primeiras pessoas a pedirem costumo dar uma trégua e pedir menos valor. Guardo tudo em minha carteira e quando viro tem um corpo impedindo minha passagem.

Recuo dois passos e olho no rosto da pessoa.

O garoto novo.

— Eu sou o James. — apresenta-se e eu o encaro confusa.

— Não perguntei. — respondo ríspida, o garoto solta um sorriso abafado.

— Eu ouvi... — sinto meu peito apertar. — ... que você faz os trabalhos perfeitamente, quanto cobra?

— Depende da disciplina e do grau de dificuldade dela. — afirmo tentando não demonstrar que estou intrigada com o fato de as pessoas estarem falando sobre o que eu faço.

O alívio vai percorrendo no meu corpo ao lembrar de que se der errado para mim dá para eles também, tenho a cara de todo mundo que me pediu para fazer isso fixada em minha mente.

— Álgebra.

— Trinta e quatro dólares e noventa cêntimos.

— Não está caro?

— É pegar ou largar. — me mantenho parada a sua frente, ele me olha sério provavelmente avaliando meu rosto para saber se estou mentindo ou não.

A firmeza em minha voz não diz nada?

— Está bem, é para amanhã. — entrega a folha para mim, analiso ela e vejo que já fiz esses exercícios três vezes, quatro com o meu.

— Ok, amanhã assim que eu te ver entrego. — me afasto para ir para sala.

Paro no meio do caminho ao ouvi-lo falar: — e como você se chama?

Ele não precisa saber, ninguém precisa só os professores basta. Quanto menos souberem sobre mim, melhor.

Ignoro sua pergunta e avanço até a sala.

— Desculpa o atraso, senhor professor.  — peço assim que entro na sala, a atenção de todos cai sobre mim.

— Sente-se menina Windsor. — sem abrir mais a boca sento-me.

A aula era revisão da aula passada e eu já sabia de cor, optei por pegar o trabalho de Álgebra.

O bom de ter boas notas e ser boa aluna é que os professores não exigem muito de você quando se trata de revisão. A porta é aberta e James entra na sala. Tem exatamente quatro lugares vazios na sala e ele decidiu sentar ao meu lado.

Respirei fundo. Seu olhar intercalava, ora olhava pro quadro, ora olhava para mim.

Me manti calada, franzi o cenho quando ele levantou a mão chamando o professor.

— Sim?

— Eu não entendi aí, poderia voltar a explicar?

— Já é a terceira vez que o faço, saberia se estivesse aqui desde o início da aula.— peça para Windsor ou o colega mais próximo de si para que faça isto.

Suposto Coração De GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora