CAPÍTULO 22

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Maratona 5/6

Faltar três dias seguidos na escola é algo novo para mim, não só para mim mas para os professores também. A preocupação que eles têm por mim chega a ser exagerada.

Eu recebo um diferente tratamento deles em comparação ao outros alunos, eu acho isso meio que injusto, outros alunos também. Respiro fundo me lembrando do professor simpático que foi demitido por um mal entendido.

— Três dias... — tento encobrir o susto que levei ao ouvir a voz de James atrás de mim.

— Três dias. — repito seca.

— Estava fugindo de mim?

— Porque fugiria?

Eu não fugi, eu só fiquei Três dias enterrada em uma cama me perguntando como iria encara‐lo novamente depois de um momento tão íntimo.

Ninguém nunca viu meu corpo senão minha mãe, isso quando era mais nova. Agora sou quase adulta.

— Windsor. — James vira meu corpo me obrigando a encarar seu rosto.

Ele desce sua mão lentamente pelo meu braço até chegar na minha. Como se já soubesse ele faz pressão no aperto quando tento retirar.

— Eu fiz algo errado? — concentra seus olhos nos meus. — eu fiz alguma coisa que você não quis? Eu machuquei você?

Não
Não
Não
Eu não odiei.

— Por favor, diga alguma coisa.

— Eu... — O sino toca. — Eu tenho de ir.

— Não, você não tem. Nós estamos conversando... por favor me responda.

— Te digo depois. —  ajeito a mochila em minhas costas.

— Não, Windsor, por favor, não fuja novamente. — trinco minha mandíbula e vou até a sala.

Sento na cadeira e involuntariamente minha perna começa a balançar, leves lembranças aparecem em flashes na minha mente.

Sua mão pelo meu corpo, seus beijos quentes e molhados, seu toque.

Ah, seu toque.

Eu quero tanto que ele me toque agora.

Quero tanto James aqui, e eu o odeio exatamente por isso. Eu o odeio tanto quanto me odeio.

O professor bate o canetão na lousa e eu me assusto voltando rapidamente a me focar no mundo ao redor, passo a mão pelos meus cabelos e faço o que o professor manda.

No final do dia fiz os possíveis para não me esbarrar com James na escola, ele provavelmente reparou que eu o fugia e por isso nem tentou se aproximar novamente.

Eu vim para casa e tomei um banho sentindo uma confusão na minha cabeça, nunca quis tanto arranca-la.

××××

— Eu senti um incómodo na minha barriga.

Chamam-se borboletas na barriga.

— Mas na minha barriga não tem borboletas isso é cientificamente impossível, pode até estar no meu organismo, mas mortas — ouço Aika rir. — o que há de engraçado?

Não são borboletas no sentido literal, priminha.

Vou no Google e pesquiso sobre borboletas na barriga.

— Aqui diz que isso é ansiedade... mas eu não me senti ansiosa.

Então o que você sentiu?

— Muitas coisas. — Puxo meus cabelos para baixo...

Especificamente...

Eu não sei, Aika. Eu quis devora-lo, eu quis ser devorada por ele... eu não quis o soltar eu quis que ele ficasse grudado a mim... eu quis que ele não parasse. — revelo, me lembrando novamente de quatro dias atrás.

Aquele incómodo vem novamen entre as minhas pernas.

Any, are you in love with him?

— O quê? Não.

Você tem um coração também, toque no seu lado esquerdo do peito. — toco no local.  — isso daí bate nãoporque é a função dele...

— É sim.

Cala a boca deixa eu continuar. — muda seu tom de voz. — ele também pode bater por pessoas.

— A minha vida toda eu fui ensinada que não devo me abrir para homens, mas agora ele apareceu e eu sinto coisas estranhas, as borboletas na barriga a sensação de querer ser devorada naquele momento... eu não sei o que se passa, Aika. Eu... eu tenho medo.

não fique, isso chama-se paixão. Ainda não é amor.

Eu tenho medo que a mamãe descubra e faça alguma coisa.

Digo, é a verdade. Aika sabe das coisas que mamãe já fez, eu mesma a contei. Quando Dean não está por perto ela está.

Eu diria para relaxar nas digamos que estamos falando sobre Mila, só Deus sabe o que ela faria se descobrisse que um homem tocou em você.

Nãoum...

— É.

Eu queria muito estar aí com você, seria a melhor coisa ver minha priminha coração de gelo se apaixonando por um garoto pela primeira vez em quase dezoito anos...

Eu não estou apaixonada, Aika. Eu só sinto coisas diferentes com ele.

—  Se você diz...

Ouve isto?  — ela se Cala e consigo ouvir o choro de um bebé.  — o resultado de uma transa chorando.

Não está ajudando.

Eu vou ver ela e depois a gente conversa melhor.

Ela desliga sem me deixar falar qualquer coisa, olho para o teto branco e abro os braços me afundado nos lençóis volumosos.

O que raios está acontecendo comigo? Se Mila descobrir, eu não posso me apegar. Ela vai destruir tudo como jà fez das outras vezes.

Outros garotos tentaram se aproximar de mim mas Mila fez questão de afastar deles, apesar de não querer ligar eu sei que isso me afectou de alguma maneira.

O mal de saber de tudo é que você não pode fingir que não sabe de nada e deixar as coisas passarem a sua frente como se não estivesse vendo.

Você sabe de tudo, mas ao mesmo tempo de nada. Lembro das falas de Dean.

E é exatamente esse nada que está me matando.

Me viro pro lado esquerdo encarando a parede branca com a janela de cortinas fechadas. Fecho os olhos e sua imagem aparece nitidamente, como se estivesse de fato a frente de mim, como se eu estivesse de olhos abertos.

Fitei seu olhar escurecido e seu sorriso bonito e divertido, ele sorrio para mim e deixou beijos na minha perna acabando com a minha sanidade.

Alguém me enterra, por favor!

Porque ele fez isso? Porque eu deixei?

Agora apreço um doida da cabeça entrando em uma crise de surtos e talvez eu esteja.

Droga, droga, droga, droga!

Eu te odeio James Ross! Eu te odeio! 

Suposto Coração De GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora