Capítulo 6

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Batendo na porta da simpática casinha, esperamos na calçada, enquanto eu deslumbrada observava tudo, tinha uma loja logo a frente com uma grande placa na fachada "Temos Vimol" outra mais ao lado dizia que as novas previsões já estavam disponíveis. 

-O que é Vi... 

Não consegui terminar minha pergunta - para a felicidade de Ícaro – porque a porta da frente se abriu, revelando uma mulher de meia idade, com uma enorme touca na cabeça e um vestido de bolinha, de todos que eu havia visto aquele era o mais extravagante.

 -Senhora Monte, como vai? – Ícaro fez uma reverencia e eu fiquei na duvida se deveria imita-lo.

 -Há quanto tempo não te vejo, jovenzinho. – Ela sorriu para ele mostrando todos os dentes em completa adoração, então sua vista caiu para mim e tudo na sua expressão mudou – Vejo... que trouxe uma...amiga? 

Ela parecia confusa, não propriamente irritada com minha presença, mas perdida, como se não entendesse o que estava se passando na sua frente. Eu a entendia. 

-Senhora Monte, será que podemos entrar? Cirino já deve estar chegando, ele lhe explicará melhor. 

 -Mas é claro, entrem! Que falta de educação a minha.

Ela se afastou um pouco da porta dando passagem, quando eu entrei senti seus olhos me avaliando atentamente como se eu fosse um monstro. A casa, não era grande e tudo dentro dela era feito de madeira, eu podia jurar que mudavam de cor entre o ocre até um marrom mais escuro. Havia um sofá a frente e uma mesa com quatro cadeiras, nenhuma TV ou aparelho de som, tudo muito simples e impecavelmente arrumado. 

 Ela nos conduziu até o sofá, não era tão grande assim e eu e Ícaro tivemos que nos apertar em um deles enquanto a senhora Monte ocupava sozinha todo o outro. Assim que sentei não tive aquela sensação que todo sofá causa, te levando alguns centímetros para baixo com o seu peso em cima da espuma confortável. Não, longe disso foi o que aconteceu, se eu estivesse sentado em uma pedra teria sido mais confortável.

 -Senhora Monte nos desculpe pelo incomodo, mas creio que numa situação dessas... 

Ela ergueu a mão o silenciando e abrindo novamente o sorriso.

 -Se Cirino pediu, então deve ser algo muito importante, confio totalmente naquele mago caduco. E por favor, Ícaro pare de me chamar de senhora, você sabe muito bem que não gosto disso. – Ela se virou para mim e seus olhos pareciam reluzir –A senhorita tem nome?

 -Ela se chama Stela, senho... Seline. Eu e Cirino a encontramos nas colinas. –Meu guia mal humorado respondeu antes que eu tivesse a chance de abrir a boca –Depois que a luz branca se dissipou. 

 -Luz branca? Então é mesmo... –Suas mãos foram à boca enquanto seus olhos se arregalavam ainda mais – Você é uma viajante!

 -hãa... Sou?

 -Por Defel, achei que não viveria para isso! Você está com sede querida? Ora, mas que pergunta, é obvio que está. Um copo de Jix? 

 -Jix? 

-Ela aceita, Seline. - Ícaro disse.

 Assim que a dona da casa se afastou por uma porta lateral, atrás do tal Jix, olhei torto para Ícaro por ter me cortado, mas ele apenas deu de ombros. 

 -O que exatamente ela foi buscar para mim? E porque todas as coisas desse lugar têm nomes estranhos?

 -Você pergunta demais.

 -Não perguntaria se soubesse do que vocês estão falando. Todo mundo olha para mim como espécie de um milagre. Viajante? A única viagem que fiz foi do meu quarto para esse mundo de Tim Burton. 

Reino AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora