Capítulo 35

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A porta com o topo circular levava a mais uma escadaria, só que dessa vez iluminada por tochas, e por grandes janelas, em cima eu conseguia ver o manto negro subindo os degraus, no momento em que me viu seus passos apressaram fazendo uma névoa tomar conta de toda a escada.

Eu subia todos aqueles lances a um ritmo frenético, não havia pausa, eu nem mesmo sabia como respirava, só tinha uma coisa em mente, um objetivo a ser alcançado e era isso que importava agora.

Ao final o que era grandioso levava em uma singela e precária porta de madeira, estreita, empurrando-a com o pé, o cenário que se abria a minha frente era a completa imagem da destruição, uma descida toda em ruinas, pedras e detritos espalhados aos montes e tudo isso contemplado pelo crepitar do fogo ao fundo, uma gigante fogueira tomava conta de todo o pé direito alto, aquecendo aquela sala isolada onde bem no centro dela se encontrava Onor sorrindo para mim atrás de uma mesa de pedra.

-Sabe pequena Mundana, se não fosse por todo o inconveniente que vem me causando eu até que poderia gostar de você – Seu sorriso era diabólico, a sensação era de que estava vendo o próprio diabo na minha frente - essa sua raiva, seu ódio de agora muito me agrada! – Ele riu, como se tivesse feito uma piada, eu descia lentamente o caminho das pedras e destroços – é Stela, não é?

Não respondi, ele já sabia a resposta, de alguma maneira ele sabia.

-Mas de forma alguma posso culpa-la, só tenho a lhe agradecer, há muitos anos que venho esperando a sua visita, o que é algo atípico para mim, pois, como deve saber vocês de outros Reinos – Ele disse fazendo um desdém com a mão – são pouco bem- vindos em minhas Terras...

-Não são suas Terras! – disse.

-Como queira pensar. – Seus olhos, negros como a noite me cegavam naquele cenário tamanho sua intensidade, até que ele se virou de costas, com a plena confiança de que eu não o atacaria – então pode imaginar minha surpresa quando pude sentir uma entrada indevida através de minhas barreiras. –Ele se virou novamente, agora próximo ao fogo – Não seja tola de achar que não sabia que alguém havia entrando em Nimalgia sem a minha permissão.

As pedras desciam rolando conforme pisava nelas, até já estar quase no seu fim, não me permitiria aproximar tanto, enquanto seu discurso parecia ocupar todo o tempo que precisava, até Ícaro chegar... se ele chegar.

-É lógico que no começo não havia me passado pela cabeça o real motivo de uma ingênua como você ter passado por minhas barreiras... ate que puff! – ele estalou os dedos, enquanto seu rosto mostrava a real loucura que ali se passava. – Tudo se encaixou, o que é de Nimalgia volta para Nimalgia! Uma verdadeira lástima para você ter voltado, deveria ter continuado onde estava sua vida poderia ter sido mais longa.

Eu não conseguia compreender seu longo monólogo, só que tudo parecia sem sentido algum...

-Eu nunca estive em Nimalgia antes, não posso ser a pessoa por quem você esperava há anos, o seu lindo discurso foi realmente interessante, mas não passa disso. Vazio! Assim como você, ou realmente acha que todo esse teatro para enganar, assim como faz com toda a população há anos? Não é preciso muito para saber que Dalta faliu miseravelmente assim como você, e em pouco tempo não restará mais nada – Em momento nenhum perdi a firmeza na voz, nem quanto seu rosto de contorcia de fúria para mim – Eu posso não sair daqui com vida, mas é uma questão de tempo, até que mais pessoas comecem a fazer o mesmo que nós dois, entenda Onor, sua queda já começou!

Reino AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora