Capítulo 15

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Era meio da tarde e eu me encontrava exausta em uma aula sobre a importância dos coelhos para a população de Nimalgia, descobri que eles eram considerados animais da sorte, com muita convicção.

 Cirino me dissera. Eu já estava pendendo na carteira, uma noite mal dormida e um treino exaustivo estava acabando comigo, Ícaro que agora se encontrava esparramado em uma cadeira no fundo, tinha pego pesado, me fez correr o dobro do que de costume, além de ter me ensinado alguns golpes e me deixado almejar a espada pela primeira vez, ela era pesada e exigia uma certa coordenação que ainda me faltava, mas ele afirmou que eu havia ido bem, o que para o silencio repentino dele era uma boa coisa. 

 -Stela? Stela! Quer por favor manter a atenção na aula? – Cirino me olhava feio, segurando o livro acima da cabeça numa posição cômica.

 -Desculpe, Cirino, eu estou prestando a atenção, o senhor está falando dos coelhos da antiga fazenda do Rei Groto.

 -Exatamente, se eu ainda estivesse falando de coelhos! 

Ao que parecia professores eram professores em qualquer lugar que você fosse.

 -Stela, sei que o dia hoje não está sendo dos mais fáceis, mas preciso que você coopere – Ele olhou para mim curiosamente e depois para o fundo onde eu supus ser para o lugar que Ícaro estava. – Acho que sei o que pode anima-los. – Disse saindo apressado da sala. 

 Não perdi um segundo sequer de sua rápida saída e debrucei na carteira, sei que aquilo era antiético, mas eu não aguentava mais, deixei meus olhos se fecharem e já podia ver o lindo lugar para qual meu inconsciente estava me mandando ao dormir, quando o baque na porta me vez pular novamente, Cirino estava de volta, agora com um globo terrestre, que eu conhecia muito bem e alguns mapas debaixo do braço.

 -Acho que isso deve resolver por hoje. 

 Imediatamente ouvi passos atrás de mim e Ícaro logo se postou na carteira ao meu lado. 

 -Não sabia que tínhamos um desses por aqui, Cirino – disse maravilhado girando o globo terrestre no seu suporte. 

Embora o globo fosse majestoso, muito mais do que o que tinha em casa, não trazia nenhuma novidade, o que me chamou mesmo atenção foi o mapa, em uma folha grande, do tamanho da mesa do professor.Parecia ser feito à mão, me aproximei dele vendo o caminho da cada Reino e seus nomes escritos em baixo. Era maravilhoso. 

 Em poucos segundos consegui achar Nimalgia no mapa, era um pedaço de terra extenso, não era o maior Reino pelo que notei, mas ainda assim muito superior ao de Dalta, que praticamente sumia perante a grandiosidade de Nimalgia.

 -Sabia que vocês iriam gostar!

 Não foi necessário dizer mais nada, aquela acabou sendo uma das aulas mais divertidas que tive na vida, Cirino era um ótimo professor e explicou cada detalhezinhono mapa, o que era melhor e o que não era em cada Reino, e depois foi a vez da Terra, existiam pontos que eles não entendiam, como a gravidade funcionava, o homem havia ido realmente a lua? Onde exatamente eu morava? Ícaro me fazia tantas perguntas, deslumbrado com as coisas que eu lhe dizia, seus olhos reluziam de tanto entusiasmos e eu quase enxerguei ali o pequeno Reno, com os olhos iluminados, e uma euforia infantil. 

A hora passou mais rápido do que poderíamos imaginar, ali naquela sala, eu via dois mundos, completamente diferentes, mas que meu coração passava a pertencer a ambos.Despedimo-nos de Cirino na porta da Fênix e seguimos nosso caminho, assim como prometido, Ícaro não desgrudou de mim um segundo sequer, mas eu sentia seus pensamentos distantes associando tudo o que havia dito sobre meu lar, eu notei já quase na metade da trilha, que diferente das últimas vezes, agora estávamos lado a lado, e ele parecia tranquilo com isso, embora eu suspeitasse que não tivesse notado ainda.

Reino AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora