Capítulo 14

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Ícaro me levou de volta para a casa de Seline depois da nossa conversa, ele ficou durante o caminho menos tenso do que estava cedo embora ainda percebesse certairritação constante nele começar a voltar.

 No trajeto ele me contou algumas histórias de famílias de Nimalgia, e até deixou que eu fizesse uma ou duas perguntas, mas em sua maioria essas histórias poderiam começar engraçadas e terminavam sempre com alguémpartindo, era incrível como a maldição era imperdoável, chegava de forma silenciosa e não importava quem fosse.

 Depois que cheguei na casa da família Monte, Cirino me esperava com uma cara assustada, e pela primeira vez levei uma bronca daquelas do simpático senhor e por mais surpreendente que fosse Ícaro me defendeu assumindo toda a culpa, mesmo quando contou do incidente com os soldados de Onor. 

 -Espero que isso não se repita –Cirino olhava intensamente na nossa direção – e isso serve para os dois. 

 -Sim, senhor – falamos juntos abaixando a cabeça.

 Ele se despediu de Seline e Kael e foi embora com Ícaro logo atrás, se despedindo de mim com o aceno de cabeça e a sua frieza de costume dando as caras.Quando olhei para frente o casal me encarava de braços cruzados e a cara fechada.

 -Desculpa? – Sorri meio sem jeito tentado quebrar a tensão ali, eu devia ter dado um baita susto em todo mundo. 

 -Não importa o que aconteça, não quero você saindo de perto de Ícaro quando estiver lá fora, Nimalgia apresenta muitos perigos, principalmente à noite, poderíamos tê-la perdido hoje, Stela. 

-Eu sei, me desculpe Seline, não sabia...

 Ela ergueu as mãos me silenciando e vindo à minha direção para um abraço.

 -Já passou, mas não quero que se repita. Você quase nos matou do coração hoje.

Aquele abraço, aquele timbre de voz, o carinho em tudo ali, fez eu derrubar minha primeira gota de lágrima, será que lá em casa eu também estaria matando todo mundo do coração com a minha ausência? Tentei me conter, mas quanto mais forçavapara parar mais as lágrimas vinham e não havia nada que eu pudesse fazer nesse momento, senti a força deixando meu corpo e sendo sustentada por Seline que me abraçava ainda mais forte, arrastando para o sofá. 

Eu tinha dois problemas, e me sentia inteiramente responsável por ambos, mesmo que não tivesse culpa de ter vindo parar ali, fazia parte da minha natureza, me sentia no dever de ajudar Nimalgia, assim como precisava sair dali.A resposta estava mais que obvia na minha mente, eu só precisava descobrir como faze-la. 

Senti a torrente de lágrimas diminuindo e a voz de Seline tentando me acalmar chegava suave e gentil nos meus ouvidos. 

-Tudo bem-querida, o susto já passou tudo vai ficar bem agora.

 E foram com essas palavras em mente que eu fui dormir, minha cabeça doía devido ao choro mais cedo e o sol quente que vinha enfrentando todos os dias. Demorei a pregar os olhos e quando o fiz cai em arrependimento, via nitidamente em meus pesadelos o brilho da espada apontada pra mim, via ela vindo na direção de Ícaro, inexorável como demostrava ser.

 Quando acordei estava suando e o sol não haviaraiado ainda, como não tinha relógios por ali achei que tivesse um tempo ainda para oamanhecer, troquei de roupa, colocando agora um vestido do mesmo modelo só que azul, que caiu muito melhor que o lilás e desci para a cozinha procurando por alguma fruta ou pão que pudesse servir de café da manhã.

 Refutando totalmente a ideia de voltar a dormir.Não havia nada a vista, foi puxando uma das muitas gavetas que bastou para surgiu cachos de uva. Não entendia porque eles guardavam comida dentro de gavetas mas achei melhor não contestar. 

Reino AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora