Capítulo 31

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Chacoalhávamos mais do que dentro da caixa cheia de frutas, a astronômica carroça tinha começado a andar um pouco antes da outra carga de Nimalgia chegar, o que deixou os soldados dispersos, facilitando nossa saída. Minha curiosidade era grande de saber onde estávamos e que caminho seguia, mas não arrisquei um segundo sequer para pôr a cabeça para fora e Ícaro fazia o mesmo encostado ao meu lado, exausto.

Andamos pouco mais de um terço de hora, quando finalmente o barulho do animal disforme que nos puxava, parou. Ouvi o casal descendo, mas só vi o que me cercava quando eles puxaram o cobertor nos expondo para o cenário mais destruído que já tinha visto, não existia vida, tudo era árido e sombrio. Estávamos dentro de uma pequena doca, seu fundo estava destruido nos dando ampla visão lá de fora.

-Já podem sair - A pequena senhorinha agora nos observava mais atentamente - Poucas pessoas vêm até aqui há essa hora.

Era evidente a pergunta que gritava em sua cabeça, seus olhos embora cansados traziam uma boa margem de curiosidade, assim como o do camponês ao seu lado. Infelizmente não teríamos tempo para uma xícara de chá, nem para detalhar muito, Ícaro em sua impaciência já estava fora da carroça.

Sete dias, era o tempo que berrava em nossas cabeças!

-Agradecemos a ajuda! De coração, não teríamos conseguido sem vocês - Disse pulando da onde estava aterrissando no empoeirado chão - Se importam se nós levarmos a xale e o chapéu?

Ícaro já se encontrava na porta da doca, temi que seu silêncio fosse a melhor parte se não conseguirmos cumprir a missão.

-Esperem! - Disse a senhora estendendo a mão e me segurando pelos braços - Não podem ir assim, há anos esperamos algum contato com Nimalgia e finalmente vocês apareceram, não podem partir assim, vocês precisam nos ajudar!

Olhei rapidamente para Ícaro, a pressa duelando com o sôfrego pedido.

-Nos ajudem! - O velho camponês também nos implorava - E poderemos ajuda- los, seja lá o que vieram fazer aqui.

Assenti para eles e ao fundo escutei Ícaro bufando, ignorei-o, sem aquele casal não estaríamos intactos até agora.

-Sou Stella

-Me chamo Mirno e está e minha esposa Dora. - Ambos olharam para Ícaro, mas desistiram de uma resposta - Não podem sair por aí tão tarde em Dalta, temos toque de recolher, se um dos soldados reais os pegarem mandará direto para as celas.

-Exceto se estivermos a trabalho? -Eles assentiram.

-Somos em poucos atualmente, então é fácil distinguir quem está desrespeitando Onor e quem está puxando as carroças a seu serviço.

Desta vez Ícaro se interessou e se aproximou de nós ainda de cara fechada.

-O que aconteceu com a população de vocês? Era quase tão grande quanto a nossa.

-A fome meu caro, as doenças, as lojas de poções foram todas fechadas, e se nos virem fazendo qualquer coisa suspeitas somos condenados à morte, em outras palavras, se formos atingidos por algum mal não podemos fazer nada, apenas esperar pelo melhor.

Reino AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora