Capítulo 4

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Quero viver muitos minutos num só minuto

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Quero viver muitos minutos num só minuto.
- Clarice Lispector

Naruto Uzumaki

Meus olhos estavam pesados e tudo que consigo lembrar era de estar com frio. Muito frio. Em um momento, meus olhos fecharam-se para o céu e abriram-se em uma sala clara, bem iluminada.

Não era mais a multidão curiosa de antes, agora eram pessoas de branco, e por um instante, cogitei até estar no céu, mas pensando bem em meus pecados, descartei a possibilidade.

Ainda com um leve incômodo pela claridade exagerada, percorri o olhar pelo ambiente. Tudo era branco e havia mais camas ao meu lado. Com certeza era o quarto de um hospital. Minha mãe cansou de mim e me internou em um manicômio?

— Ah, graças a Deus! — A voz de Kushina se fez presente. Ainda incerto observei ela entrar com tudo pela porta e me apertar em um abraço.

Grunhi com a dor do aperto, mas não lhe afastei. Sorri comigo mesmo. Ela não me internou, senão nem viria me visitar.

Aproveitei o aconchego para mergulhar meu rosto nos cabelos ruivos que cheirava a lavanda. Meu cheiro de lar.

— Você quase me matou do coração menino! — Em meio ao abraço, arrumou um jeito de dar-me um peteleco na orelha. — Obrigada por estar vivo.. obrigada.

Sua voz embargada fez meu coração comprimir-se. Aos poucos flash backs me invadiram a mente. Lembrei do acidente e também da briga antes dele. Eu jamais deveria ter saído com raiva da minha mãe. Quando ela ia me soltar, fiz um esforço para prendê-la comigo mais um pouco.

— Me.. me desculpa.

Minha mãe esquivou-se de mim lentamente e colocou meu rosto em suas mãos, fazendo um carinho em minha bochecha com o polegar.

— Obrigada por não me deixar.. — Murmurou e franzi os lábios de modo choroso. Ela não tinha ninguém além de mim, e eu ninguém além dela.

— Eu nunca faria isso. — Abri meu melhor sorriso. Não era uma completa mentira apesar de saber que tudo um dia morre, mas se dependesse de mim, realmente não a deixaria nunca.

Quando dona Kushina conseguiu enfim parar de chorar, uma enfermeira lhe entregou um copo de água. Me peguei pensativo no que tinha acontecido e aos poucos lembrava de tudo com mais clareza. Apesar de não lembrar-me do que aconteceu depois do apagão.

Eu simplesmente lembro de estar no chão, estirado e sangrando, e depois aqui.

Uma fisgada em meu braço direito fez meu olhar descer até ele. Me assustei ao vê-lo preso ao meu pescoço com uma faixa.

— Calma, você não o quebrou. — Uma mulher parecendo ler meus pensamentos, respondeu. Lhe encarei com curiosidade, e não queria, mas foi inevitável não reparar em seus seios avantajados quando ela aproximou-se para ajeitar meu travesseiro. — Você só deslocou, e por isso colocamos a faixa, sua perna também está enfaixada e talvez tenha dificuldade pra andar sozinho nas primeiras semanas de recuperação.

O acidente que mudou minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora