Quero viver muitos minutos num só minuto.
- Clarice LispectorNaruto Uzumaki
Meus olhos estavam pesados e tudo que consigo lembrar era de estar com frio. Muito frio. Em um momento, meus olhos fecharam-se para o céu e abriram-se em uma sala clara, bem iluminada.
Não era mais a multidão curiosa de antes, agora eram pessoas de branco, e por um instante, cogitei até estar no céu, mas pensando bem em meus pecados, descartei a possibilidade.
Ainda com um leve incômodo pela claridade exagerada, percorri o olhar pelo ambiente. Tudo era branco e havia mais camas ao meu lado. Com certeza era o quarto de um hospital. Minha mãe cansou de mim e me internou em um manicômio?
— Ah, graças a Deus! — A voz de Kushina se fez presente. Ainda incerto observei ela entrar com tudo pela porta e me apertar em um abraço.
Grunhi com a dor do aperto, mas não lhe afastei. Sorri comigo mesmo. Ela não me internou, senão nem viria me visitar.
Aproveitei o aconchego para mergulhar meu rosto nos cabelos ruivos que cheirava a lavanda. Meu cheiro de lar.
— Você quase me matou do coração menino! — Em meio ao abraço, arrumou um jeito de dar-me um peteleco na orelha. — Obrigada por estar vivo.. obrigada.
Sua voz embargada fez meu coração comprimir-se. Aos poucos flash backs me invadiram a mente. Lembrei do acidente e também da briga antes dele. Eu jamais deveria ter saído com raiva da minha mãe. Quando ela ia me soltar, fiz um esforço para prendê-la comigo mais um pouco.
— Me.. me desculpa.
Minha mãe esquivou-se de mim lentamente e colocou meu rosto em suas mãos, fazendo um carinho em minha bochecha com o polegar.
— Obrigada por não me deixar.. — Murmurou e franzi os lábios de modo choroso. Ela não tinha ninguém além de mim, e eu ninguém além dela.
— Eu nunca faria isso. — Abri meu melhor sorriso. Não era uma completa mentira apesar de saber que tudo um dia morre, mas se dependesse de mim, realmente não a deixaria nunca.
Quando dona Kushina conseguiu enfim parar de chorar, uma enfermeira lhe entregou um copo de água. Me peguei pensativo no que tinha acontecido e aos poucos lembrava de tudo com mais clareza. Apesar de não lembrar-me do que aconteceu depois do apagão.
Eu simplesmente lembro de estar no chão, estirado e sangrando, e depois aqui.
Uma fisgada em meu braço direito fez meu olhar descer até ele. Me assustei ao vê-lo preso ao meu pescoço com uma faixa.
— Calma, você não o quebrou. — Uma mulher parecendo ler meus pensamentos, respondeu. Lhe encarei com curiosidade, e não queria, mas foi inevitável não reparar em seus seios avantajados quando ela aproximou-se para ajeitar meu travesseiro. — Você só deslocou, e por isso colocamos a faixa, sua perna também está enfaixada e talvez tenha dificuldade pra andar sozinho nas primeiras semanas de recuperação.
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O acidente que mudou minha vida
Fanfic[CONCLUÍDA] Elevando a mão involuntariamente quando sua professora perguntou se alguém queria observar o procedimento de uma sutura em um jovem que acabará de sofrer um acidente, Hinata foi mandada para a sala de emergência. O paciente do seu prime...