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Quando meu olhar se encontra com o dele paraliso no mesmo lugar. Pensei que ninguém viesse aqui além de mim as vezes, mas parece que me enganei.

Fazia um tempo em que não brigavamos, era quase impossível nesses dias, havia os treinos da equipe de basquete para ele, e também tinha as provas que estavam chegando, passava bastante tempo estudando, e ainda tem esse trabalho que tenho que entregar, e por esse motivo resolvi tirar um tempo para ficar sozinha. Para vir aqui tive inventar uma mentira para Hoseok, acabei conseguindo e o primeiro lugar que me veio a mente foi esse, são poucas as vezes que venho, mas é um dos únicos que posso relaxar de verdade, assim como tentar organizar os pensamentos.

Mas parece que hoje não vou poder, tem um intruso ocupando o meu lugar.

— O que você tá fazendo aqui?

Era até estranho ouvir esse tom de voz calmo vindo dele. Já havia me acostumando com a voz cínica dele sendo direcionada a mim.

— Eu gosto de vir aqui para relaxar, mas hoje já vi que será difícil — ele se levanta e o vejo revirar os olhos.

— Digo o mesmo.

Nos encaramos em silêncio por alguns segundos. Odeio qualquer tipo de contato que tenho com ele, é como se o passado voltasse para me atormentar, odeio o fato de que não importa o que aconteça sempre estamos nos encontrando, assim como minha mente as vezes gosta de brincar comigo e me faz reviver momentos de nos dois. Por que vida? Por que fazer isso comigo?

Dou alguns passos para me retirar do local, mas ouço ele me chamar, paro e espero que ele continue. Era tão estranho ouvir meu nome sair de sua boca sem um pingo de deboche ou zoação, era estranho não vê-lo me xingando ou me criticando.

— Pode ficar se quiser, não é como se eu fosse te devorar viva. Somos grandinhos o suficiente pra suportar a presença um do outro. — olho para meus pés e reviro os olhos sem que ele perceba.

Nisso ele tem razão.

Caminho até outro banco longe do seu e me sento engolindo o seco e olhando para frente, podia sentir seu olhar em mim, o que me incomodava muito, não gosto de ter atenção de alguém em mim, eu não sei como agir e fico sem graça.

Pare de me encarar seu idiota.

— Da pra parar? — bufo e me viro em sua direção, ele ainda estava na mesma posição de antes, sentado com os olhos focados em mim e os braços apoiados do banco. Seu uniforme estava um pouco molhado, ele devia ter vindo para cá depois do treino de basquete, esse foi o motivo de eu não ter visto ele pelos corredores mais cedo, já que ele vivia pregado com seus amigos.

— O que? Não estou fazendo nada, você se incomoda com tudo pelo amor — ele diz dando de ombros e passando a língua sobre seus lábios ressecados.

Abaixo a cabeça e suspiro fundo.

— Você sabe que não gosto que me encarem.

Mesmo meu tom de voz tendo saído baixo, tenho certeza que ele ouviu, já que ele se remexeu um tanto desconfortável em seu banco, que antes era meu, que antes era nosso, sempre sento somente naquele, falando a verdade, é por ele me trazer sensações boas, lembranças boas. Mordo os lábios de leve e encaro as árvores junto do silêncio.

Depois da minha fala ficamos calados, mas pelo contrário, agora não estava desconfortável, estava um clima bom, e não pesado, cada um de nós estava em seu próprio mundo, distantes de qualquer situação.

Eu sabia que para ele este momento para nós também era estranho, como já ousei repetir isso várias vezes. Seus pensamentos deviam está embaraçados, assim como os meus, mas será por que me sinto tão bem aqui? Por que sinto que estou segura e protegida novamente?

friends of love × min yoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora